14 April 2021


(sequência daqui) O hip hop, como os blues, pode já não ser exclusivamente negro e Django Reinhardt, guitarrista cigano franco-belga, pode ter tocado com Coleman Hawkins e Duke Ellington, mas o ponto de vista não se deixa abalar: “É verdade. Mas eu desejaria que os Rolling Stones, os Led Zeppelin e o Paul Simon (o David Byrne é um caso um pouco diferente), em vez de se colocarem tão à defesa quando se lhes aponta o facto de se terem obviamente alimentado das músicas negras, aproveitassem a oportunidade de terem tantos relacionamentos multi-raciais – e, sem dúvida, existe esse desejo espontâneo de se misturarem e tocarem uns com os outros – para abordar o problema. Imagine se o Keith Richards tivesse dito ‘Tudo o que faço baseia-se na experiência de pessoas negras que eu nunca serei capaz de compreender’... Porque era bastante natural que os blues e o rhythm’n’blues tivessem uma ressonância na vida de miúdos ingleses pobres da altura. Mas teria sido muito diferente se ele acrescentasse ‘Vou dedicar a minha voz, o meu dinheiro, a minha energia e a minha projecção pública à justiça racial’. Vivemos num mundo que favorece as pessoas brancas. Tem sido assim há centenas de anos. Isto não significa que o racismo seja culpa minha. Mas disponho de uma excelente oportunidade para falar sobre o meu papel relativamente a ele. Recordo-me de que, quando o Bruce Lee veio até à Califórnia para dar aulas de kung fu a toda a gente, negros incluídos, houve uma grande resistência da comunidade local acerca de quem poderia ser autorizado a participar. Importante é termos consciência de que as pessoas de côr neste país não estão dispostas a continuar a viver desta forma”. (segue para aqui)

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