30 November 2015
Laurie Anderson (sobre Heart Of a Dog)
29 November 2015
Parece que o Outono também tem estado ameno para a Outdoor Co-ed Topless Pulp Fiction Appreciation Society
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Nova Iorque
28 November 2015
Lenita Zhdanov dirige violento e sibilino ataque ao marçano no desemprego, Durão Barroso (aliás, o "camarada Abel"), por o seu partido ter ousado molestar Marcelino da Mata, glorioso militar defensor da pátria - do Minho a Timor -, também bravo guerrilheiro do MDLP (ao lado desse outro valentíssimo luso já igualmente projectado para o panteão dos heróis pela pena épica de Lenita Z)
O marxismo-leninismo-maoismo segundo o guarda (vermelho) Abel (clicar na imagem para ampliar)
Marcelino da Mata e Alpoim Calvão - heróis da pátria, do Minho a Timor e ao MDLP, seviciado (um) e ultrajado (outro) pelo gang do guarda (vermelho) Abel
Edit, de 29.11, a novo opus: é "burguês blasé" (masculino) e não "burguês blasée" (feminino); é "calas-te" e não "calaste".
Joint venture dos labels "go down" e "la pipe", em torno da obra literária de Hans Nurlufts
(clicar na imagem para ampliar)
Poderia, talvez - sob supervisão da universidade Fernando Pessoa -, experimentar-se um feliz matrimónio entre as "licenciaturas em banha da cobra" e as Novas Oportunidades (mas sem demasiados exames!... que é coisa que traumatiza irremediavelmente miúdos e graúdos)
Há que resolver rapidamente o processo da TAP mas, por favor, mantendo o Neeleman envolvido: em breve, Lisboa disporá do seu próprio "hub" de voos para Kolob! (além de que, para a recuperação da economia, é fundamental manter boas relações com grandes empresas multinacionais)
27 November 2015
CÃO VADIO
Quando, em Setembro de 2001, uma semana e um dia após o atentado ao World Trade Center, Laurie Anderson actuou no Town Hall de Nova Iorque, um calafrio circulou entre público e palco durante a enunciação dos textos de peças como "Strange Angels" (“Big changes are coming, here they come, here they come”), "Let X=X" ("I feel like I am in a burning building... I gotta go"), e, sobretudo, "Oh Superman" ("Well, you don't know me, but I know you, and I've got a message to give to you: here come the planes, they're American planes, made in America. And the voice said: neither snow nor rain nor gloom of night shall stay these couriers from the swift completion of their appointed rounds”). Incluir ainda na set list "From The Air" (“This is your Captain. We are about to attempt a crash landing. Please extinguish all cigarettes. (…) Your Captain says: Put your head on your hands. This is your Captain and we are going down. We are all going down, together”) teria sido carregar demasiado dramaticamente o momento.
Especialmente, tratando-se de Anderson que, seis anos antes em "The Cultural Ambassador", citando Don De Lillo, afirmara que "os terroristas são os derradeiros artistas que restam pois são os únicos capazes de verdadeiramente nos surpreender" (mais tarde, confrontada com isso, justificar-se-ia: “A questão, quando se escreve sobre estética e política, é que a política e a arte estão sempre a mudar. Há um tempo e um lugar certos para abordarmos determinadas ideias que não são sempre necessariamente verdadeiras”).
No novo Heart Of A Dog – banda sonora do seu filme homónimo –, porém, uma outra "From The Air" surge: nela, Laurie Anderson conta como, tendo-se refugiado na Califórnia a seguir ao 11 de Setembro, durante um passeio pela montanha com a cadela Lolabelle, de súbito, esta se viu ameaçada por um falcão que as sobrevoava. Nesse instante, nos olhos da "rat terrier", leu exactamente o mesmo espanto que vira no rosto dos novaiorquinos: ela descobria-se na situação de presa e o predador atacava pelo ar. Um pouco antes, em "Birth Of Lola", começara a maravilhosamente errática exploração de mais outro colar de pérolas sterneano (“Chamo-lhes histórias de cão vadio: vão por aqui, por acolá, viram uma esquina, dão quinze voltas ao quarteirão antes de voltarem ao presumível tema. E Laurence Sterne foi o mestre desse tipo de escrita”) desencadeada pela senha “This is my dream body, the one I use to walk around in my dreams”.
E, no sonho, Laurie encontra-se na sala de partos de um hospital, dando à luz Lolabelle. Logo a seguir, o cenário é o do leito de morte da mãe e dos animais que ela vê no tecto e com os quais conversa; depois, a ínvia relação entre as directivas da Homeland Security (“If you see something, say something”) e, segundo Wittgenstein, o poder da linguagem na criação do mundo; as outras perdas – Lou Reed, Gordon Matta-Clark, também Lolabelle – e o suave apaziguamento que a filosofia oriental lhe emprestou; ou ainda uma história acerca de como contar histórias é também um processo de apagamento de memórias... numa estrutura líquida, articulada por "inserts" instrumentais do Kronos Quartet, aguadas electrónicas, som ambiente. Algo próximo de um hipnótico filme sem imagens de que apenas nos aperceberemos que poderão fazer falta se nos informarem que se trata, de facto, de uma banda sonora.
26 November 2015
William Burroughs - "Thanksgiving Prayer"
(real. Gus Van Sant, 1988)
To John Dillinger and hope he is still alive.
Thanksgiving Day November 28 1986
Thanks for the wild turkey and the passenger pigeons, destined to be shit out through wholesome American guts.
Thanks for a continent to despoil and poison.
Thanks for Indians to provide a modicum of challenge and danger.
Thanks for vast herds of bison to kill and skin leaving the carcasses to rot.
Thanks for bounties on wolves and coyotes.
Thanks for the American dream,
To vulgarize and to falsify until the bare lies shine through.
Thanks for the KKK.
For nigger-killin’ lawmen, feelin’ their notches.
For decent church-goin’ women, with their mean, pinched, bitter, evil faces.
Thanks for “Kill a Queer for Christ” stickers.
Thanks for laboratory AIDS.
Thanks for Prohibition and the war against drugs.
Thanks for a country where nobody’s allowed to mind the own business.
Thanks for a nation of finks.
Yes, thanks for all the memories—all right let’s see your arms!
You always were a headache and you always were a bore.
Thanks for the last and greatest betrayal of the last and greatest of human dreams.
25 November 2015
Ao contrário do que refere a entrada do Bataclan na Wikipedia (versão francesa) e, em reflexo condicionado, imediatamente repetido por vários media, a vetusta sala de espectáculos de Paris, após o encerramento, em 1969, não reabriu apenas em 1983. Na quarta-feira, 15 de Abril de 1981, estava em plena actividade e, para o comprovar, existe a reprodução de um bilhete do concerto de John Cale, às 19 horas desse dia. Podem vê-lo no blog Atalho de Sons, do crítico de música, Luís Peixoto, num post de 21.02.2011. Como ele aí recorda, “Naquele fim de tarde invulgarmente ameno para a época do ano no local, o João Lisboa e eu atravessámos a cidade em direcção ao 11ème arrondissement. O destino era o número 50 do Boulevard Voltaire. O objectivo, assistir ao concerto parisiense da tournée de suporte ao recém-editado Honi soit”.
E o que vem a seguir, lido depois de 13 de Novembro de 2015, arrepia: “Ao transpor o átrio do Bataclan nenhum de nós podia imaginar o que se iria passar a seguir no palco do velho teatro. Quando 'Dead Or Alive’ e, logo a seguir, ‘Strange Times In Casablanca’ explodiram, estilhaçando acorde atrás de acorde, numa atmosfera absolutamente insana (...), foi como se todo aquele público estupefacto, ao contrário do que minutos antes imaginara, se desse conta que afinal não estava preparado para encaixar um tão violento soco no estômago. (...) Durante cerca de 1 hora, entre o piano eléctrico e a guitarra, Cale não se preocupou em fazer prisioneiros. (...) Não me recordo de nenhum [concerto de Cale] que se tenha sequer aproximado do cataclismo que o Bataclan esteve perto de sofrer naquele fim de tarde primaveril”. Em 1988, eu próprio asseguraria “ter sido esse o mais devastador concerto a que já assisti (...) pura explosão de energia que, no palco deflagrava, com origem num grupo de terroristas sonoros tendo John Cale como epicentro (...), e o que se supunha ser um clímax inultrapassável era feito esquecer pelo momento seguinte: uma viagem à velocidade da luz por um túnel negro sem abertura do outro lado”. Não, não vimos o futuro. Pela terrível razão de que, então, nenhum de nós seria realmente capaz de conceber o que, ali, poderia vir a ser um autêntico cataclismo provocado por verdadeiros e religiosamente alucinados terroristas. E continuaríamos a viver bem mais felizes assim, livres da materialíssima ameaça de um túnel negro sem abertura do outro lado, pairando sobre nós.
24 November 2015
Mas alguém imaginaria, que numa monarquia absoluta e teocrática na qual, como apenas na Arábia Saudita, as mulheres não têm direito de voto, "actividades protegidas e garantidas pela Constituição de Itália, pelas convenções europeias e pela própria Declaração Universal dos Direitos Humanos" fossem respeitadas?
Honra e glória eternas ao marido da poetisa Silva, discípulo de Edith Piaf, aldeão da Coelha, fiador do BES e o presidente mais radical e esquerdista da democracia portuguesa!
22 November 2015
Relatório sobre o almoço de convívio e reinserção social de ex-reclusos (e, naturalmente, também a prova nº6)
21 November 2015
20 November 2015
(Texto publicado, em 1999, no "Expresso"/"Vidas" a propósito de um dos ramos de negócio das escravas do estalozito e empreendimentos europeus e mundiais afins)
O fim do mundo
A "febre do milénio" foi oficialmente inaugurada em Portugal, no mês passado, com as primeiras notícias acerca da proliferação, de norte a sul do país, das chamadas «cruzes do amor», impulsionadas por um sacerdote-profeta-apocalíptico e uma seita cristã fundamentalista - a Fraternidade Missionária do Cristo Jovem -, com sede em Famalicão. Portugal terá o apocalipse que merece mas, mesmo assim, na qualidade de último ano antes de 2000, 1999 promete bastante animação neste capítulo.
Para participar convenientemente no desvario milenarista, no entanto, é também útil saber que tudo o que nos próximos meses se irá inevitavelmente passar tem raízes e antecedentes que já vêm de trás e que, agora, naturalmente, conhecerão o seu grande momento.
Para uma visão mais completa do assunto, é essencial aceder ao site da associação Les Amis De La Croix Glorieuse (171, Rue de l´Université - 75007 Paris): fornece toda a informação acerca dos seus objectivos e da "mística" Madeleine Aumont, que, em 1970, em Dozulé, na Normandia, iniciou esta nova grande cruzada.
Nascida em 1924, na aldeia de Putôt-en-Auge, no domingo seguinte à Páscoa de 1970 a costureira Madeleine teve a primeira de cinquenta experiências transcendentes, durante as quais "um poder sobrenatural se apossou de mim e o mundo deixou de existir, o meu corpo se anulou e havia apenas deus em mim e eu em deus". Esse foi o ponto de partida para uma missão de "salvação universal da humanidade" das consequências do apocalipse iminente, a qual deveria passar pela edificação das famigeradas "cruzes gloriosas" contra Satanás e a Babilónia ateia e cosmopolita.
A santinha Madeleine Aumont
Segundo explica Daniel Blanchard, as dimensões dessas cruzes deveriam obedecer a um rigoroso simbolismo esotérico: os 738 metros de altura da cruz (ou os 7,38 metros em versão doméstica reduzida), oca no interior, tal como o Santo dos Santos do Templo de Jerusalém, correspondem a idêntica dimensão do monte Gólgota, onde Cristo foi crucificado; 6, o número que simboliza o Homem, encarnação do Messias que nos libertará da Besta, cujo número é 666, deverá estar inscrito na estrutura da cruz; 8, o número do Messias e da Ressurreição, aparecerá obrigatoriamente nas rosetas de 8 cruzes nas três extremidades do crucifixo em volta de uma estrela de 8 pontas; as 12 colunas da cruz simbolizarão os 12 patriarcas de Israel, os 12 apóstolos e as portas da Jerusalém Celestial do Apocalipse de S. João; e o santuário a erigir, junto à cruz, deverá ser construído em paredes de jaspe de 144 x 144 x 144 cúbitos (ou 72 metros), o número revelado por Deus a S. João para a edificação da Nova Jerusalém, em Apocalipse 21:22.
A filha Joana d´Arc
Se, à primeira vista (mesmo que as cruzes, orçadas em cerca de 600 contos por unidade, não correspondam fielmente a um tão preciso critério místico-geométrico), as consequências da nova seita religiosa que daí emergiu não seriam piores nem melhores do que as de muitas outras idênticas, será, contudo, útil conhecer um episódio, entre vários, relacionados com ela.
No início da década de 80, um mestre de ioga do departamento de l'Aisne, em França, "abençoado", ele próprio, por "aparições divinas", tomou conhecimento através da revista "Atlantis" das "visões" de Madeleine Aumont. Entre 1980 e 1982, conduziu a sua comunidade de discípulos (professores, médicos, psicólogos, comerciantes), todos os fins-de-semana, a Dozulé, para estudar e transcrever os cadernos e cassetes em que estavam registados os relatos das "aparições" de Madeleine Aumont.
No final de 1981, anuncia aos discípulos que, segundo as profecias de outra vidente - Marie Julie Jahenny -, a 16 de Novembro, ele iria ter um filho que "libertaria a França". A 12 de Novembro nasce-lhe... uma filha, mas ele não se perturba com tão pouco. Tratar-se-ia, afinal, da reencarnação de Joana d´Arc, enviada pelos céus para restabelecer a monarquia em França! No fim de 1982, o "mestre" anuncia o cataclismo próximo: a guerra civil e a fome generalizadas, na sequência de uma catástrofe nuclear que arrasará Paris, Lyon e Marselha mas poupará a Bretanha, posto o que, em 1985, um exército comandado pelo rei de França abandonará o seu lugar de exílio para se dirigir ao santuário de Dozulé onde, aos pés da Cruz Gloriosa, estará presente para assistir à Segunda Vinda de Cristo à Terra. Para escapar à tragédia final, os discípulos abandonam as suas obrigações profissionais e as famílias, armazenam provisões alimentares e acompanham o "mestre" para viver em comunidade, na Normandia. Ao fim de um ano, porém, a maioria deles apercebe-se da farsa e, não sem grandes dificuldades, deixa a companhia do "mestre" e procura retomar as suas vidas individuais.
O guru cristão, judaico...
Outro guru que se faz também anunciar através da aparição milagrosa de "cruzes de luz" é o "Maitreya, Instrutor Mundial" e encarnação simultânea do Messias judaico, do Krishna hindu, de Jesus Cristo, de Buda e do "iman" Mahdi muçulmano.
O seu porta-voz terreno é Benjamin Creme (pintor "modernista" escocês, esoterista e teósofo, nascido em 1922), que dirige a revista mensal "Share International. Segundo diz, teria sido contactado, em 1959, pelos "mestres da sabedoria" que lhe anunciaram que, em Julho de 1977, o Maitreya desceria do seu refúgio milenar nos Himalaias para tomar residência numa comunidade indo-paquistanesa de Londres, onde vive como um homem comum de quem se desconhece a verdadeira dimensão espiritual.
Porém, através de diversos contactos discretos estabelecidos com os centros de poder mundiais, terá sido ele o responsável pela libertação de Nelson Mandela, pelo fim da guerra entre o Irão e o Iraque, pela retirada das tropas cubanas de Angola e pela aproximação entre os EUA e a ex-União Soviética, tendo igualmente previsto os sismos da Arménia, da Califórnia e da China e profetizado agora a inevitável paz entre Israel e a Palestina.
Maitreya em tournée, em 1988
Aparição em Portugal
Aparecendo miraculosa e inesperadamente em inúmeros lugares do planeta para anunciar a "boa nova" (em Portugal, segundo a informação oficial, ter-se-á "manifestado", no Porto, a 26 de Novembro de 1995 e a 30 de Novembro de 1997 e, em Lisboa, a 22 de Novembro de 1995 - levantem-se as testemunhas!), "assim que for possível", revelará o seu verdadeiro estatuto espiritual. Isso terá lugar no "Dia da Declaração", quando as redes internacionais de rádio e televisão o convidarem a falar ao mundo inteiro.
Nesse momento, afiança a "Share International", "veremos o seu rosto na televisão e cada um escutará interiormente as suas palavras, por telepatia, na sua língua materna, enquanto o Maitreya se dirigirá, simultaneamente, em pensamento, a toda a Humanidade. Todos os homens viverão esta experiência mesmo que, nesse momento, não estejam a ver televisão ou a ouvir rádio. É dessa forma que saberemos que este homem e só ele é o verdadeiro Instrutor Mundial para toda a Humanidade!". Entretanto, e embora ele possua uma pitoresca tendência para se "manifestar" em parques de estacionamento, paragens de metro e de autocarro (procurar em Apparitions Privées de Maitreya), as "cruzes gloriosas de luz" que o anunciam têm sido avistadas da Califórnia ao Tennessee, à Eslovénia, ao Canadá, à Nova Zelândia, às Filipinas ou à Florida.
Não restam dúvidas que, em matéria apocalíptica, 1999 promete muito. (João Lisboa, Março de 1999)
Estímulo à leitura, memorização e aprendizagem de novas línguas: "Alguns reféns foram libertados depois de terem confirmado aos jihadistas que eram capazes de citar versículos do Corão"
19 November 2015
18 November 2015
... e uma outra oração, também ao Senhor dirigida (atribuída, por alguns, a Teresa de Ávila):
(texto da oração aqui)
A história da muito pouco recomendável promiscuidade entre música “clássica”/erudita e rock é um arrepiante desfile de horrores. Se, numa modalidade de acrobática performance circence, o esventramento de "America", de Leonard Bernstein, às mãos de Keith Emerson, com os Nice possuía, ainda, alguma candura kitsch – podemos vê-lo, a preto e branco, num programa de televisão britânico, de 1968, com punhais cravados no teclado do Hammond e tudo –, o que veio a seguir (e coloco a questão com a máxima gentileza) é um pomposo equivalente sonoro do cast de Freaks, de Tod Browning: integrando a mesma associação de delinquentes e, posteriormente, a bordo dos Emerson, Lake & Palmer, o rasto de vítimas inocentes degoladas não apenas se ampliou dramaticamente, de Bach a Copland, Sibelius, Janácek, Ravel, Prokofiev, Tchaikovsky, Ginastera, Bartók e Mussorgsky, como escancarou as portas a uma invasão bárbara obcecada em coleccionar os escalpes de Katchaturian (Love Sculpture e “Sabre Dance”), Albinoni (Doors e “Adagio”), Debussy (Renaissance e “La Cathédrale Engloutie”), Vivaldi (Curved Air e “As Quatro Estações”), Brahms (Yes em "Cans and Brahms"), Beethoven (Jethro Tull no massacre da “9ª”) e uma infinidade de outros estropiados – por vezes, até voluntariamente, caso de Pierre Henry que, em Ceremony, se entregou aos desmandos dos Spooky Tooth – pela horda do rock-sinfónico-progressivo, agremiação de modestos calceteiros sonhando com a arquitectura de catedrais.
Nicolas Godin, metade (com Jean-Benoît Dunkel) do duo francês Air, foi também acometido pela síndrome da angústia do artista pop perante a eternidade e, em Contrepoint, imaginou ter descoberto uma bóia de salvação na música de Bach tal como Glenn Gould a interpretou. Embora a via de acesso tenha sido mais próxima daquela por que Gainsbourg optou em "Jane B." e "Lemon Incest" – socorrer-se de prelúdios e "études" de Chopin e limitar-se a utilizar as melodias – a verdade é que o que daí resultou foi pouco mais do que inócuo papel de parede amavelmente decorativo destinado a salões de chá "trendy". Para algo um bocadinho mais a sério, escutar as Variações Goldberg relidas por Uri Caine (2000) e, já agora, as suas abordagens de Mahler, Wagner, Schumann e Mozart.
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17 November 2015
Europa "não pode continuar de braços caídos" (diz o marido da poetisa Silva e comandante supremo das forças armadas)
16 November 2015
Irmã Lúcia, mãe Lúcia... bem desconfiava o Moisés Espírito Santo que a Fatinha era uma jihadista infiltrada...
"Ceux qui peuvent vous faire croire
en des absurdités pourront
vous faire commettre des atrocités"
(Voltaire)
Bataclan (III), 50 Boulevard Voltaire, Paris
15 November 2015
Qualquer coisinha de português (XL)
Não pode esquecer-se, professor Marcelo!...
(mesmo sem programinha na TV, tem de falar disto!)
"Nesta altura, não seria impossível com o que aprendemos com as leis da psicologia colectiva, especificar uma técnica moderna de revolução... Um revolucionário metódico tem como seu objectivo preciso a transmutação da estrutura social do seu país, a modificação até certo ponto, das mentes e dos corações dos seus cidadãos e a sua conversão à sua própria opinião. Conhecemos o extraordinário desenvolvimento das técnicas de persuasão — educação, propaganda, imprensa, livros, revistas, cinema, o gramofone, a rádio e a televisão — que acompanham o indivíduo a toda a hora e na maior parte do seu domicílio, afectando o desenvolvimento da sua personalidade. A maior parte dos nossos contemporâneos recebe todos os seus factos, os seus sentimentos, as suas ideias, desta maneira; é possível esvaziar os homens a partir do seu interior, como se escava o interior de um melão, substituindo as pevides insípidas por um aromático vinho do Porto e introduzir neles, sem perigo nem desperdício, os conteúdos psicológicos escolhidos" (Jean Coutrot, fascista e sinarquista francês, em 1935 - daqui)
O maravilhoso matrimónio entre o jornalismo totó e os "académicos" televisivos
(vídeo via Aventar)
Maravilha 1 - "Prof. Tomé, acredita ou não em coincidências?" (prof que é prof tinha-se imediatamente levantado e ido embora);
Maravilha 2 - "Quem estuda esta temática do terrorismo internacional sabe que, alegadamente, os EUA interrogavam os terroristas islâmicos que estavam detidos, muitas vezes, com música heavy metal em alto som, mesmo de forma a ferir os ouvidos desses alegados terroristas" (moço, quem, alegadamente, estuda - chamemos-lhe assim, por comodidade - estas alegadas merdas, parece achar que a metaleirice, alegadamente, funciona como uma espécie de diazepam);
Maravilha 3 - "A banda que, hoje, estava no Bataclan, uma banda norte-americana, tocava heavy metal" (moço, estás bué confuso... e, se fosse a St. Vincent, era "uma banda" cristã? E os Vampire Weekend seriam, alegadamente, o quê, góticos?...);
Maravilha 4 - (responde o douto prof que, alegadamente, não pesca népia sobre o que seja heavy metal/death metal) "Eu penso (ele pensa) que é pura coincidência" (e, depois, numa demonstração de superior sapiência, oferece-nos um aterrador cheirinho do que, alegadamente, será o suplício de uma aula sua).
Segundo informa o Portocoiso, 4º visconde & tal, o "best-seller" grande rival do Corão em matéria de tripas de fora contêm prontinha a solução para a escolha do novo governo
14 November 2015
JE SUIS PARISIEN
"Um tornado passou pelo Bataclan de Paris no dia 15 de Abril de 1981. Sete anos depois, creio poder assegurar ter sido esse o mais devastador concerto a que já assisti (...). Tinha acabado de sair Honi Soit e o teatro de emoções gelidamente incendiárias que nesse disco se abrigavam nada era comparado com a pura explosão de energia que, no palco deflagrava, com origem num grupo de terroristas sonoros tendo John Cale como epicentro (...), e o que se supunha ser um clímax inultrapassável era feito esquecer pelo momento seguinte: uma viagem à velocidade da luz por um túnel negro sem abertura do outro lado" (in "Provas de Contacto", João Lisboa, 1998, ed. Assírio & Alvim)
John Cale - "Strange Times In Casablanca"
JE SUIS PARISIEN
"At dawn on Friday, 13 October 1307 (a date sometimes linked with the origin of the Friday the 13th superstition) King Philip IV ordered de Molay and scores of other French Templars to be simultaneously arrested. (...) Templar knights, in their distinctive white mantles with a red cross, were among the most skilled fighting units of the Crusades" (aqui)
13 November 2015
JE SUIS PARISIEN
("Ao transpor o átrio do Bataclan nenhum de nós podia imaginar o que se iria passar a seguir no palco do velho teatro. Quando 'Dead Or Alive' e, logo a seguir, 'Strange Times In Casablanca' explodiram, estilhaçando acorde atrás de acorde, numa atmosfera absolutamente insana, suportada por uma secção rítmica em chamas e por um John Cale verdadeiramente possesso, foi como se todo aquele público estupefacto, ao contrário do que minutos antes imaginara, se desse conta que afinal não estava preparado para encaixar um tão violento soco no estômago")
(memórias aqui)
Ausência de posts neste blog poderá ter como causa a detenção do autor por actos irracionais de violência
12 November 2015
Vede e ouvi, ó irmãos em Cristo, como o santo Chiquinho exige a reestruturação das dívidas
e enfrenta bravamente
os mercados e os credores! *
"Without exaggerating we can say that a large part of our costs are out of control. That is a fact. Spending on staff has grown 30% in five years. This is not right. An official told me, 'But they come with a bill and we have to pay.' No, we don't pay. If something is done without a tender, without authorisation, it doesn't get paid!" (aqui)
* ... ou só ele, por direito divino, é que pode?...
Começar (se começar)
com dupla asneira
1 - Um gebo, é um gebo, é um gebo; a liberdade de expressão é a liberdade de expressão, é a liberdade de expressão;
2 - Eliminar uma das três ou quatro raras coisas decentes que o ME realizou não augura nada de bom.
11 November 2015
O SUBLIME (POR INVERSÃO)
Florence Foster Jenkins, a figura real que inspirou a ficcional “Marguerite” do filme homónimo de Xavier Giannoli (e que será objecto de "biopic", de Stephen Frears, com Meryl Streep e Hugh Grant), é a mais célebre de um restrito mas precioso grupo de divas do bel canto que tinham em comum um entendimento pessoalíssimo dos conceitos de afinação, ritmo e andamento, na interpretação do reportório operático, em particular, e da arte vocal, em geral. Espíritos mais perversos acusa-las-iam de esquartejar a sangue frio árias de ópera, "Lieder" e temas populares, em exuberantes espasmos de estridência, vertiginosas espirais de uivos e gorgolejos, e chilreios frenéticos em descomandada derrapagem. Houve, no entanto, sempre quem, sob pretextos vários, lhes tenha prestado a merecida atenção. Foi o caso de Gregor Benko que, em 2004, no CD The Muse Surmounted: Florence Foster Jenkins and Eleven of Her Rivals, compilou as oferendas líricas de todas aquelas para quem “a dedicação e inabalável sinceridade transcendiam os meros detalhes auditivos”.
É um verdadeiro universo sonoro paralelo que aí se revela nas contribuições de Foster Jenkins mas também no festim de coruscantes Castafiores como Alice Gerstl Duschak, Betty-Jo Schramm, Tryphosa Bates-Batcheller, Olive Middleton, Norma-Jean Erdmann-Chadbourne, Sylvia Sawyer, Vassilka Petrova, Mari Lyn, Sari Bunchuk Wontner, a sobrenatural Natália de Andrade e a também lusa e injustamente ignorada, Rosalina Mello. Na verdade, há poucas atitudes mais desgraçadamente incompreendidas do que a do autêntico, sincero amante das diversas variedades de kitsch: não uma pose superiormente condescendente mas de genuíno pasmo perante o que se suporia humanamente impossível, coisa exactamente simétrica do assombro provocado por manifestações de genialidade – gente em tudo igual a nós, perpetrando aquilo de que nunca seríamos capazes. Uma experiência (por inversão) do sublime, igualmente pronta a ser desfrutada no CD Sem Fronteiras, do ex-eurodeputado Mendes Bota (1992), nos saudosos anos de ouro do Festival da Eurovisão, em Café Poesia 2012 - Uma Noite de Poesia no Palácio de Belém, nas obras literárias de William McGonagall e Amanda McKittrick Ros (fãs na primeira fila: Aldous Huxley, C.S. Lewis e Mark Twain), nas modas e bordados de Joana Vasconcelos ou nesse cume temível do contorcionismo vocal, de 1997, que é Mary Schneider Yodelling the Classics.
Desistam, meninas.
O professor Arroja não vos quer
(daqui)
O LMJ sugere a partir dos 7'30"; mas também, desde os 6'27", não apenas a dissertação sobre "a simbologia" é esplendorosa como convida a sugerir ao sábio outros elementos susceptíveis de densificar a sua análise:
2015: Prémio "Figura Política Nacional do Ano"
Ontem, encabeçando a manif pró-PAF (foto daqui)
O ano que marcou a definitiva afirmação na cena política nacional, apontando para uma iminente projecção internacional
10 November 2015
Dir-se-ia, então, que o Láparo ex-Líder irá aproveitar os próximos tempos para perder o pouco cabelo que lhe resta, procurando, assim, adquirir uma recomendável patine de "elder statesman", com renovadíssima pinta de respeitabilidade e sem precisar de andar a aturar as birras do Paulinho
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