31 August 2015

 
"(...) Gostava de saber por que motivo um manual escolar custa 42 euros. Pensava eu, na minha estupidez de estúpido, que os livros escolares deveriam, em regra, custar menos do que a média dos restantes livros. Quando muito, deveriam, custar o mesmo do que os outros livros. Um manual de estudo deveria, por exemplo, custar o mesmo que o romance de um autor mundialmente famoso, que para ser editado em Portugal exige o pagamento de direitos, negociações internacionais, traduções, etc. Ou deveria custar o mesmo que um daqueles calhamaços de História, de grandes especialistas estrangeiros, com centenas e centenas de páginas. Por exemplo, Dia D – A Batalha da Normandia, do famoso historiador britânico Anthony Beevor. É um livro de 690 páginas. Custa 24,40€. E é editado pela Bertrand que… faz parte do grupo Porto Editora. Se a Porto Editora/Bertrand consegue comercializar um livro de Anthony Beevor, com 700 páginas, por 24 euros, por que razão vende praticamente pelo dobro do preço um manual de Biologia para o 11º ano de escolaridade? (...)"

3 comments:

alexandra g. said...

Há mais de uma década que me insurjo contra o uso de manuais escolares, que não servem para nada. São absolutamente substituíveis por outros recursos, mas é claro que isso não interessa e não ponho a culpa dos interesses, toda a culpa, no lombo das editoras (os próprios autores, enfim, adiante).

Quando, há 8 anos, comecei a emprestar os manuais das minhas filhas e e pedir de empréstimo a outros pais, enfrentei a ironia de toda uma classe média disposta a comprar e calar. Neste momento, todos os que me criticavam adoptaram já o meu velho sistema de trocas. Na sua maioria, trata-se de professores. Wonder why...

João Lisboa said...

"São absolutamente substituíveis por outros recursos"

Evidentemente. E é perfeitamente possível.

Mas isso iria dar imenso trabalho aos senhores profs que preferem ter a papinha pronta-a-consumir em manuais de merda. E como as editoras não querem outra coisa...

alexandra g. said...

Li hoje no jornal (não me perguntes qual, estava ali na esplanada e limitei-me a ler a notícia num deles) que já existem famílias a pedir crédito para aquisição dos cabrões dos manuais. Lembra-me o tempo em que ainda habitava Coimbra (isto foi escrito assim de propósito :) de algumas pessoas que pediam crédito ao banco para renovar o guarda-roupa ou para férias num resort da República Dominicana.

Mostrar aos outros é preciso, sempre será, que é mais fácil do que simplesmente ser (professor é só um exemplo, como tu bem deste, que se arranjam muitos outros)