"(...) Gostava de saber por que motivo um manual escolar custa 42 euros. Pensava eu, na minha estupidez de estúpido, que os livros escolares deveriam, em regra, custar menos do que a média dos restantes livros. Quando muito, deveriam, custar o mesmo do que os outros livros. Um manual de estudo deveria, por exemplo, custar o mesmo que o romance de um autor mundialmente famoso, que para ser editado em Portugal exige o pagamento de direitos, negociações internacionais, traduções, etc. Ou deveria custar o mesmo que um daqueles calhamaços de História, de grandes especialistas estrangeiros, com centenas e centenas de páginas. Por exemplo, Dia D – A Batalha da Normandia, do famoso historiador britânico Anthony Beevor. É um livro de 690 páginas. Custa 24,40€. E é editado pela Bertrand que… faz parte do grupo Porto Editora. Se a Porto Editora/Bertrand consegue comercializar um livro de Anthony Beevor, com 700 páginas, por 24 euros, por que razão vende praticamente pelo dobro do preço um manual de Biologia para o 11º ano de escolaridade? (...)"
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3 comments:
Há mais de uma década que me insurjo contra o uso de manuais escolares, que não servem para nada. São absolutamente substituíveis por outros recursos, mas é claro que isso não interessa e não ponho a culpa dos interesses, toda a culpa, no lombo das editoras (os próprios autores, enfim, adiante).
Quando, há 8 anos, comecei a emprestar os manuais das minhas filhas e e pedir de empréstimo a outros pais, enfrentei a ironia de toda uma classe média disposta a comprar e calar. Neste momento, todos os que me criticavam adoptaram já o meu velho sistema de trocas. Na sua maioria, trata-se de professores. Wonder why...
"São absolutamente substituíveis por outros recursos"
Evidentemente. E é perfeitamente possível.
Mas isso iria dar imenso trabalho aos senhores profs que preferem ter a papinha pronta-a-consumir em manuais de merda. E como as editoras não querem outra coisa...
Li hoje no jornal (não me perguntes qual, estava ali na esplanada e limitei-me a ler a notícia num deles) que já existem famílias a pedir crédito para aquisição dos cabrões dos manuais. Lembra-me o tempo em que ainda habitava Coimbra (isto foi escrito assim de propósito :) de algumas pessoas que pediam crédito ao banco para renovar o guarda-roupa ou para férias num resort da República Dominicana.
Mostrar aos outros é preciso, sempre será, que é mais fácil do que simplesmente ser (professor é só um exemplo, como tu bem deste, que se arranjam muitos outros)
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