25 July 2014
... continuando a unir pontinhos...
"Nessa lista surgiram várias offshores ligadas a gestores do BES, entre os quais Ricardo Salgado. A empresa de Construção Civil Bento Pedroso Construções — que integra o grupo internacional Odebrecht — seria um dos principais clientes com mais dinheiro movimentado por Canas. Só esta empresa terá transferido 6,1 milhões"
... vamos lá, então, voltar a olhar para a Odebrecht
... vamos lá, então, voltar a olhar para a Odebrecht
24 July 2014
... não tarda muito que o Machete lá tenha de ir pedir desculpa, outra vez, ao Zédu
(destaque especial do labirinto de links para que este post remete + outro)
23 July 2014
Guiné Equatorial anuncia adesão à CPLP em várias línguas, menos em português (desde que o tenha feito em albanês e mandarim, tudo bem - aquele segundo "p" é só decorativo... ou, então, é como dizia o outro mas ao contrário)
22 July 2014
AJOELHAR
Olha-se para ele e não se imagina: aquele arzinho inocente de alt.intelectual tímido que, fora do âmbito artístico, não parte um prato, o discreto ecomilitante da bicicleta como meio de transporte urbano ideal... Mas a verdade é que foi ele, David Byrne, quem, em 1992, para Uh-Oh, escreveu “Seems like everywhere I go, seems like everything I do, seems like everything I dream about, seems like everywhere I look, I got girls, girls on my mind, I think about them mostly all the time”. E, para que não restassem dúvidas, reforçava: “I got girls, girls, girls, girls, girls, girls in my mind, every little girl stays in my mind, I remember 'em all, they're all in my mind, long, short an' tall”. Não ousando, nem com pinças, vasculhar a lixeira da imprensa "del corazón", nem recuando demasiado, pode, no entanto, anotar-se como, em Here Lies Love – o musical sobre Imelda Marcos, de 2010 –, se fez rodear de uma numerosa brigada feminina de cantoras, o modo expedito que achou para, mal ela surgiu, não deixar, sequer, Annie Clark/St. Vincent pousar as malas para entrar com ela em estúdio e gravar Love This Giant (2012) e, agora, o subtil exercício de charme através do qual, ultrapassando outros devotos do peso de Nick Cave ou Brian Eno, logrou, em duas faixas, juntar a sua voz à de Anna Calvi, no EP de versões, Strange Weather, que esta acaba de publicar: ele apenas sugeriu o tema-título, de Keren Ann, e, de imediato, Calvi convidou-o a partilhar esse e "I’m The Man That Will Find You", de Connan Mockasin.
Fica bem no CV de ambos mas é preciso afirmar que, sendo estas cinco interpretações indiscutivelmente extraordinárias, a quase totalidade do mérito deve ser atribuída a Anna Calvi. Se "Papi Pacify", de FKA twigs, era uma húmida miragem narco-erótica de trip hop reinventado, Calvi chega-lhe o fogo das seis cordas em brasa; "Lady Grinning Soul" despe-se-se dos excessos ibero-românticos do Bowie de Alladin Sane e renasce em jogos de água impressionistas; ofegante e esquartejada a sangue frio, "Ghost Rider", relega, (injustamente) o original dos Suicide para o lugar de mera maqueta; e Keren Ann e Mockasin (sobretudo este) ficam obrigados a ajoelhar perante Calvi e demonstrar-lhe infinita gratidão por os ter, improvavelmente, eternizado. Byrne poderá sempre dizer que estava lá.
Pense-se o que se pensar sobre professores, provas de avaliação e sindicatos, é absolutamente objectivo reconhecer que a FENPROF é apenas útil aos seus dirigentes
"The mental physique is muscular. That gives you a certain stride as you walk along the dismal landscape of your inner thoughts. You have a certain kind of tone to your activity. But most of the time it doesn’t help. It’s just hard work.
But I think unemployment is the great affliction of man. Even people with jobs are unemployed. In fact, most people with jobs are unemployed. I can say, happily and gratefully, that I am fully employed. Maybe all hard work means is fully employed" (Leonard Cohen aqui)
21 July 2014
20 July 2014
O socialismo boliviano é uma espécie de pedofilia laboral
"O Governo, mais do que testar os conhecimentos dos professores, o que já abandonou pelo caminho, quer discipliná-los, obrigando-os a obedecer, para poder mostrar autoridade. E, como podiam ter a vontade de fazer greve, tira-lhes essa possibilidade legal com um truque. Não é para melhorar as escolas, é para mostrar quem manda. O resultado é que, se houver sarilhos, é porque andaram a pedi-los. Ao tratar-se as pessoas como cães, não admira que elas possam vir a morder" (JPP)
E o "estatuto de cidadania lusófona" também se aplica neste caso ou é só para o destacamento multi-kulti da Almirante Reis?
O Obiang é, sem dúvida, um biltre selvagem, legítimo herdeiro político do tio, o não menos repelente, Francisco Macías Nguema; mas, pelo menos, em benefício deste, deverá ser contabilizada a correctíssima medida de designação obrigatória da figura de ficção conhecida por "Jesus Cristo" como (na variante do português falado na Guiné Equatorial) “El Hijo Bastardo De Una Puta Blanca Barata Con Un Coño Pestilente”
19 July 2014
Ainda não li mas, pelo que se adivinha da recensão, fiquei, instantaneamente, fã da autora, estrela fulgurante daquele universo literário luso afim dos pavores ginecológico-marsupiais * de um v. h. mãe ou da angústia-Viagens Abreu de um Peixoto
"(...) Existe uma linha de continuidade temática e estilística, substantiva e formal, numa obra vulcânica, sulfurosa, que surge caracterizada por uma cadência torrencial de palavras, aluvião semântico de frases despojadas de sentido que obrigam o leitor a reencontrar-se, mesmo que a muito esforço e sem sucesso algum, com uma textura linguística impermeável à compreensão. (...)
Menos apreensíveis, porque remetendo para um âmbito mais íntimo ainda que exposto sem pudores nem tabus, se afiguram alusões de tipo confessional, tais como: «estou peganhenta» (pág. 12), «fumei três ganzas e bebi uma garrafa de vinho tinto» (pág. 38), «fui a um bar e comi coisas verdes» (pág. 39), o assaz enigmático «e tal e tal e o caralho» (pág. 15) ou o nauseabundo «dói-me o útero / e de repente tudo cheira mal,» (pág. 19), e ainda «o meu útero, desde então, gentilmente destruído» (pág. 67), a que se poderiam acrescentar, em momentos mais dinâmicos e alvoroçados, «aquele entra e sai ritmado, gramatical,» (pág. 19), o «tirando três dedos femininos de dentro dela» (pág. 41) ou, numa aproximação mais esclarecida e penetrante, «metendo o que pode no que vai dar a umas trompas laqueadas» (pág. 41) (...).
Enquanto houver um teclado e um portátil com bateria, teremos golfadas de angústia. (...) Jurista-constitucionalista, Isabel Moreira aprofunda em Apátrida temas presentes na sua já apreciável obra, produzindo um livro que se lê num fôlego sobretudo quando está fechado (...)". (aqui)
Menos apreensíveis, porque remetendo para um âmbito mais íntimo ainda que exposto sem pudores nem tabus, se afiguram alusões de tipo confessional, tais como: «estou peganhenta» (pág. 12), «fumei três ganzas e bebi uma garrafa de vinho tinto» (pág. 38), «fui a um bar e comi coisas verdes» (pág. 39), o assaz enigmático «e tal e tal e o caralho» (pág. 15) ou o nauseabundo «dói-me o útero / e de repente tudo cheira mal,» (pág. 19), e ainda «o meu útero, desde então, gentilmente destruído» (pág. 67), a que se poderiam acrescentar, em momentos mais dinâmicos e alvoroçados, «aquele entra e sai ritmado, gramatical,» (pág. 19), o «tirando três dedos femininos de dentro dela» (pág. 41) ou, numa aproximação mais esclarecida e penetrante, «metendo o que pode no que vai dar a umas trompas laqueadas» (pág. 41) (...).
Enquanto houver um teclado e um portátil com bateria, teremos golfadas de angústia. (...) Jurista-constitucionalista, Isabel Moreira aprofunda em Apátrida temas presentes na sua já apreciável obra, produzindo um livro que se lê num fôlego sobretudo quando está fechado (...)". (aqui)
* "Marsupiais: Outras diferenças morfológicas, principalmente reprodutivas, entre elas a presença de duas vaginas na fêmea, e um pênis bifurcado nos machos, estão presentes".
18 July 2014
17 July 2014
"Pour punir la trahison,
la haute rapine,
voilà pour qui l'on a fait
ce dont on connaît l'effet,
c'est la guillotine!" (XXXVI)
"Há cerca de seis meses, o ainda presidente do BES Ricardo Salgado [sete meses antes doutorado Honoris Causa pela Universidade Técnica de Lisboa por serviços prestados à Economia, Cultura, Ciência e à Universidade], tinha comunicado aos restantes membros da família com assento no Conselho Superior que a divida do GES já era de 7 mil milhões de euros. (...) O responsável remeteu as culpas das falhas para o contabilista Machado da Cruz, mas este veio depois afirmar, por escrito, aos advogados do GES, que Salgado sabia que as contas eram manipuladas desde 2008. Depois disso, o contabilista recebeu uma indemnização que a imprensa tem classificado de 'choruda' e instalou-se no Brasil, sem acordo de extradição com Portugal, e onde se tem mantido silencioso" (aqui)
16 July 2014
"Portugal foi um dos países que esta terça-feira se manifestou contra a flexibilização das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento defendida pela Itália. (...) Uma interpretação mais flexível das regras do euro tem sido um dos cavalos de batalha do governo de Matteo Renzi, cujo ministro das Finanças tentou esta terça-feira convencer os seus homólogos europeus a adoptar uma declaração nesse sentido. A presidência italiana defende que as regras devem ser aligeiradas para facilitar a recuperação económica. (...) Maria Luís Albuquerque não fez declarações, mas a Renascença apurou que a ministra das Finanças foi uma das principais defensoras da necessidade de manter o respeito das regras do Pacto" (aqui via VB)
CELEBRAÇÃO
Tivesse Lisbon (2010), penúltimo álbum dos Walkmen, sido um sucesso estrondoso e, muito provavelmente, por esta altura, estariam ao rubro as negociações entre, por um lado, Câmara Municipal de Lisboa e Secretaria de Estado do Turismo e, por outro, Woody Allen e a banda de Hamilton Leithauser, com o objectivo de alcançar o "jackpot" de um filme rodado à beira Tejo com banda sonora da mais pura extracção indie norte-americana. Porém, nem, aparentemente, Allen se deixa seduzir pelo património imaterial da UNESCO e pelos Grammies Latinos nem os Walkmen, com Lisbon ou com o derradeiro Heaven (2012), lograram ir além do habitual aplauso crítico que, contudo, não chega para provocar abalos sísmicos nas tabelas de vendas. Tanto assim foi que, após 13 anos e sete álbuns, optaram por declarar-se em “extreme hiatus” e ir cada um à sua vida.
Do que, a avaliar pelas consequências, não terá resultado nenhuma irreparável perda: o baixista Peter Matthew Bauer publicou Liberation!, o teclista Walter Martin decidiu-se por um álbum de canções infantis, We’re All Young Together (com Matt Berninger, dos National e gente dos Yeah Yeah Yeahs, Clap Your Hands Say Yeah ou dos próprios Walkmen), e, para o que, agora, interessa, Hamilton Leithauser, confessadamente inspirado por In The Wee Small Hours e September Of My Years, de Frank Sinatra, propõe Black Hours. Deverá, entretanto, dizer-se que o factor-Sinatra apenas actuou, de forma magnífica, nas sumptuosamente orquestrais "5 AM", "The Silent Orchestra", "St. Mary’s County" e ‘Self Pity’. Porque, no momento em que Rostam Batmanglij, dos Vampire Weekend, na qualidade de co-compositor e produtor informal, entrou em cena, juntamente com Amber Coffman (Dirty Projectors), Morgan Henderson (Fleet Foxes), Paul Maroon (Walkmen) e Richard Swift (The Shins), reconfigurou o plano original, convertendo Black Hours numa gloriosa e vibrantemente detalhada celebração de pop/rock que, sem abdicar de tiradas "à la" Casablanca – “I retired from my fight, I retired from my war, no one knows what I was fighting for”, de "I Retired", por exemplo –, terá sido, porventura, aquilo que os Walkmen, afinal, sempre perseguiram. Prémio de consolação para olisiponenses militantes: "The Smallest Splinter", primeira canção a ser composta para o álbum, nasceu ainda em Lisboa.
15 July 2014
14 July 2014
VINTAGE (CCXIX)
David Bowie - "Lady Grinning Soul"
She'll come, she'll go
She'll lay belief on you
Skin sweet with musky odour
The lady from another grinning soul
Cologne she'll wear
Silver and Americard
She'll drive a Beetle car
And beat you down at cool Canasta
And when the clothes are strewn
Don't be afrai-ai-aid of the room
Touch the fullness of her breast
Feel the love of her caress
She will be your living end
She'll come, she'll go
She'll lay belief on you
But she won't stake her life on you
How can life become her point of view?
And when the clothes are strewn
Don't be afrai-ai-aid of the room
Touch the fullness of her breast
Feel the love of her caress
She will be your living end...
13 July 2014
Convém, então, identificar rapidamente
os 72,3 * que andam por cá, à solta
* 2% de 3619 padres (2661 diocesanos + 958 religiosos) = 72,3
"O país não tem nenhuma reserva do ponto de vista substancial à entrada da Guiné Equatorial na CPLP", disse ao Expresso o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação (e do Supositório)
12 July 2014
"Da autoria do Arq.º Porfírio Pardal Monteiro, esta construção singular foi o primeiro edifício moderno da principal avenida de Lisboa e a primeira obra arquitectónica a ser projectada de raiz para um jornal, entre nós" (Classificado como IIP - Imóvel de Interesse Público - Direcção Geral do Património Cultural)
"(...) Gostava de conhecer, indivíduo a indivíduo *, quem andou metido na longa e perversa relação do Banco Espírito Santo e do Grupo Espírito Santo (e dos seus representantes) com o Estado, que o puseram na presente miséria. Não é pedir muito. É só pedir que a longa irresponsabilidade em que se viveu durante mais de 30 anos seja exposta e punidos os seus principais promotores. Os portugueses gostariam com certeza de saber as linhas com que os coseram (e bem) e deitar a mão à gola de quem andou a mandar neles sem sombra de legitimidade ou vergonha. Calculo as dificuldades desse trabalho. Mas, difícil ou não, não devemos continuar sem ele. (...)" (VPV)
* um bom ponto de partida
11 July 2014
"ÉRAMOS UMA BELA BANDA"
Do lado de lá da linha, Graham Nash saúda-me silabando meticulosamente o meu nome e, antes sequer de me deixar formular a primeira pergunta, faz questão de me informar que, no final dos anos 60 – estava ele ainda nos Hollies –, tinha passado férias em Albufeira, no Algarve. Por compaixão, não lhe explico que o lugar que conheceu tem pouco a ver com o campo de concentração para matilhas de turistas que, hoje, é, até porque não era essa a razão da conversa: o pretexto era, sim, a publicação de Crosby, Stills, Nash & Young Live 1974, um "box-set" com todas as mordomias habituais (3 CD, DVD, Blue Ray, "booklet", vinil) que documenta o famigerado “Doom Tour” que, após quatro anos de separação e vasta acrimónia, voltou a reunir o quarteto. Como adiante se verá, por motivos vários e, por vezes, opostos.
Numa entrevista à “Rolling Stone”, confessou que este tinha sido o projecto mais difícil de toda a sua vida...
Sem a menor dúvida. Por diversas razões. Em primeiro lugar, porque é muito difícil pôr quatro pessoas de acordo sobre alguns assuntos. Depois, do ponto de vista técnico, era uma tarefa muito complexa. Por exemplo, imagine que uma das duas vozes que cantavam para um mesmo microfone, estava ligeiramente desafinada. É impossível corrigi-la sem que isso afecte a outra. Para além disso, lidar com oito concertos, em oito salas diferentes, com dimensões e acústicas também muito variáveis e pretender que tudo soe como se se tratasse de um único concerto não é brincadeira.
E imagino que a obsessão de Neil Young pela altíssima fidelidade também deve ter sido outro grande problema?
Sim, sim, e abençoado seja. Só se satisfaz com o melhor. A atitude dele está completamente certa. Eu já tinha feito a mistura de, pelo menos, dez das canções quando o Neil entendeu que deveríamos optar pela máxima resolução possível. Tivemos de deitar fora essas dez e começar tudo de novo.
Concluído o processo, parece-lhe que o álbum apresenta uma versão bastante fiel de como os CSNY soavam, na altura?
Eu tinha ouvido um "bootleg" do concerto de Wembley e, francamente, não foi um grande concerto. Estávamos todos demasiado excitados, tínhamos consumido drogas a mais, não tinha sido grande coisa. Não queria que os nossos fãs pensassem que tinha sido sempre assim, noite após noite.
Não consumiam drogas todas as noites...
Consumíamos, sim (risos). Mas houve concertos melhores do que outros. O que eu fiz foi recolher a melhor interpretação de cada uma das canções a dei-as a ouvir ao Neil, ao David e ao Stephen que aprovaram a ideia.
Afirmou também, algures, que através deste registo, se poderá confirmar que os CSNY eram “a very, very decent rock band”. É nessa categoria que gostariam de ser recordados?
Exacto. Levávamos a música muito a sério. Acredito que a nossa música irá durar muito mais do que os nossos corpos físicos. Daqui a 50 ou 100 anos, ela continuará a ser escutada e quem o fizer aperceber-se-á de que éramos uma bela banda.
No entanto, em 1974, as relações entre vós estavam longe de ser as melhores. O próprio Stephen Stills terá dito que tinham feito uma tournée anterior por causa da música, outra por causa das miúdas mas que esta tinha sido só pelo dinheiro...
Era a opinião dele, não a minha. Não me interprete mal: é muito bom quando nos pagam uma pipa de dinheiro, não tenho nada contra. Mas não foi esse o motivo por que nos decidimos a tocar. Fizemo-lo porque tínhamos as canções, éramos quatro cantores e músicos fortíssimos e constituíamos uma das melhores bandas do mundo na altura.
Quarenta anos depois, em que medida lhe parece que a música dos CSNY poderá continuar a ser relevante?
Julgo que não poderia ser mais. Onde, antes, se falava acerca da guerra do Vietname, poderá falar-se, agora, das do Iraque ou do Afeganistão. O nosso absoluto ódio pela administração de Nixon é idêntico ao que sentimos pela de George W. Bush. Parece que a humanidade não aprende com a História. Muita gente qualificou-nos como uma banda política mas, na realidade, éramos apenas um grupo bastante humano. Quando se assassina a tiro quatro estudantes por exercerem o legítimo direito de protestar contra aquilo que o governo, em seu nome, faz, como aconteceu na Universidade de Kent State, no Ohio, em 1970, trata-se de política? Não, é uma história humana. Quando Robert Kennedy foi assassinado e David Crosby escreveu "Long Time Gone", é uma canção política? Não, é uma canção humana. Quando escrevi "Chicago", a propósito de a Convenção Democrática ter sido interrompida pelos protestos dos yippies e do nosso desejo de os apoiar e angariar fundos para a sua defesa, isso faz dela uma canção política? Não me parece, penso que se trata de uma canção humanista.
Já consegue ter um entendimento preciso daquilo que cada um de vós, individualmente, trouxe à banda?
Sim, sim. O David Crosby é um dos músicos mais singulares que conheci. Não escreve como eu ou o Neil ou o Stephen. Incorporou na música da banda, acordes e afinações diferentes que, não sendo jazzísticas, são muito particulares. Na minha opinião, o Stephen Stills é um génio: toca piano, guitarra acústica e eléctrica, baixo, escreve arranjos. O Neil Young transportou uma atmosfera mais negra e cortante para a nossa música. Quanto a mim, sempre quis assegurar que o trabalho aparecia feito. Sou inglês e, como sabe, durante a Segunda Guerra, a Inglaterra foi destruída pelos bombardeamentos. Isso desenvolveu em nós uma urgência de fazer o que tem de ser feito porque, amanhã, podemos já não estar cá. Musicalmente (na minha banda anterior, os Hollies, tivemos 17 singles no top 10), sei como escrever uma canção cuja melodia, uma vez escutada, não sai do ouvido. Por outro lado, quando a minha voz e as do David e do Stephen cantavam em harmonia, mais ninguém no mundo soava como nós.
Sente que, na música que se faz actualmente, existe alguma descendência vossa?
Nós fomos apenas um elo da longuíssima cadeia que começou algures quando, numa caverna alguém percutiu um tronco, e, daí prosseguiu até aos Weavers, Pete Seeger, Bob Dylan, Peter Paul & Mary, Phil Ochs... e, hoje, por exemplo, os Fleet Foxes ou os Mumford & Sons em quem escutamos – e, com isso, nos sentimos lisonjeados – ecos da nossa música.
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