Ainda não li mas, pelo que se adivinha da recensão, fiquei, instantaneamente, fã da autora, estrela fulgurante daquele universo literário luso afim dos pavores ginecológico-marsupiais * de um v. h. mãe ou da angústia-Viagens Abreu de um Peixoto
"(...) Existe uma linha de continuidade temática e estilística, substantiva e formal, numa obra vulcânica, sulfurosa, que surge caracterizada por uma cadência torrencial de palavras, aluvião semântico de frases despojadas de sentido que obrigam o leitor a reencontrar-se, mesmo que a muito esforço e sem sucesso algum, com uma textura linguística impermeável à compreensão. (...)
Menos apreensíveis, porque remetendo para um âmbito mais íntimo ainda que exposto sem pudores nem tabus, se afiguram alusões de tipo confessional, tais como: «estou peganhenta» (pág. 12), «fumei três ganzas e bebi uma garrafa de vinho tinto» (pág. 38), «fui a um bar e comi coisas verdes» (pág. 39), o assaz enigmático «e tal e tal e o caralho» (pág. 15) ou o nauseabundo «dói-me o útero / e de repente tudo cheira mal,» (pág. 19), e ainda «o meu útero, desde então, gentilmente destruído» (pág. 67), a que se poderiam acrescentar, em momentos mais dinâmicos e alvoroçados, «aquele entra e sai ritmado, gramatical,» (pág. 19), o «tirando três dedos femininos de dentro dela» (pág. 41) ou, numa aproximação mais esclarecida e penetrante, «metendo o que pode no que vai dar a umas trompas laqueadas» (pág. 41) (...).
Enquanto houver um teclado e um portátil com bateria, teremos golfadas de angústia. (...) Jurista-constitucionalista, Isabel Moreira aprofunda em Apátrida temas presentes na sua já apreciável obra, produzindo um livro que se lê num fôlego sobretudo quando está fechado (...)". (aqui)
Menos apreensíveis, porque remetendo para um âmbito mais íntimo ainda que exposto sem pudores nem tabus, se afiguram alusões de tipo confessional, tais como: «estou peganhenta» (pág. 12), «fumei três ganzas e bebi uma garrafa de vinho tinto» (pág. 38), «fui a um bar e comi coisas verdes» (pág. 39), o assaz enigmático «e tal e tal e o caralho» (pág. 15) ou o nauseabundo «dói-me o útero / e de repente tudo cheira mal,» (pág. 19), e ainda «o meu útero, desde então, gentilmente destruído» (pág. 67), a que se poderiam acrescentar, em momentos mais dinâmicos e alvoroçados, «aquele entra e sai ritmado, gramatical,» (pág. 19), o «tirando três dedos femininos de dentro dela» (pág. 41) ou, numa aproximação mais esclarecida e penetrante, «metendo o que pode no que vai dar a umas trompas laqueadas» (pág. 41) (...).
Enquanto houver um teclado e um portátil com bateria, teremos golfadas de angústia. (...) Jurista-constitucionalista, Isabel Moreira aprofunda em Apátrida temas presentes na sua já apreciável obra, produzindo um livro que se lê num fôlego sobretudo quando está fechado (...)". (aqui)
* "Marsupiais: Outras diferenças morfológicas, principalmente reprodutivas, entre elas a presença de duas vaginas na fêmea, e um pênis bifurcado nos machos, estão presentes".
5 comments:
o que eu já me ri
:)
Puro realismo fantástico luso
É muito bom, é. E ainda nem li a obra. Imagine-se quando o fizer.
minha nossa
Mais uma fã?...
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