17 April 2009

A GRAVATA (PARTE II)



"Uma gravata bem escolhida irradia por todo o traje como um perfume exótico; ela está para o vestir como a trufa está para um jantar. (...) Efectivamente, considerando todas as partes do traje, a gravata é a única que é pertença do homem, a única em que se cumpre a sua individualidade. O mérito do chapéu, da roupa, das botas pertence ao chapeleiro, ao alfaiate, ao sapateiro, que os entregaram em todo o seu esplendor; quanto à gravata, não tendes auxílio nem amparo; fostes confiados à vossa mercê; é em vós que tendes de encontrar todos os expedientes. A lavadeira entrega-vos um retalho de cambraia engomado; de acordo com o que souberdes fazer, assim tirareis partido dele: é a diferença entre colocar um bloco de mármore nas mãos de Fídias ou de um entalhador de pedras. O valor do homem corresponde ao valor da sua gravata. Em abono da verdade, a gravata é o homem; é através dela que este se revela e se dá a conhecer". (Do Vestir e do Comer - Algumas Notas, Honoré de Balzac)

nota 1 - reafirmo que não possuo um único exemplar do adereço em questão;
nota 2 - questões afins já passaram por aqui e deambularam pela caixa de comentários daqui.

(à suivre)

(2009)

4 comments:

Anonymous said...

Dúvida metafísica: o que é que o autor deste blog tem usado em casamentos e baptizados? Fato e laço? Fato e camisa (tipo modelo CK)? Fato e tee-shirt (tipo desportista)? Ou "traje informal"? Eu apostaria neste último...

João Lisboa said...

O autor deste blog não participa em cerimónias de casamentos e - nunca por nunca! - de baptizados (o próprio conceito de "baptizado" lhe é incompreensível)!

Mas, caso participasse (hipótese meramente académica), o que usaria iria sempre depender apenas e exclusivamente da época do ano e da respectiva temperatura.

Uma única excepção, aquando desta "missão":

http://lishbuna.blogspot.com/2007/02/assim-na-terra-como-no-cu-off-topic-i.html

Porque lhe era explicitamente imposto um dress code para a entrada no "tabernáculo" ("dress smartly") e porque encarou a "missão" como uma acção "undercover", pediu uma gravata emprestada a um amigo generoso, a qual foi prontamente devolvida assim que a expedição se concluiu. Diga-se, a propósito, que as opiniões foram unânimes: de gravatinha, o autor deste blog estava um pitéu. Mas, nem assim, ele foi persuadido a mudar de hábitos.

Anonymous said...

"O autor deste blog não participa em cerimónias de casamentos"
É verdade que teoricamente é possível, mas em Portugal nunca conheci ninguém que conseguisse realizar tal proeza

"Uma única excepção, aquando desta "missão""
O sacrifício, pelo menos, recompensou os leitores. Os dois artigos estão muito muito bons.

Anonymous said...

"O autor deste blog não participa em cerimónias de casamentos"
É verdade que teoricamente é possível, mas em Portugal nunca conheci ninguém que conseguisse realizar tal proeza

"Uma única excepção, aquando desta "missão""
O sacrifício, pelo menos, recompensou os leitores. Os dois artigos estão muito muito bons.