RUA AL BERTO (NAS OLAIAS)
Um momento alto de poesia! A polícia dá folga à ordem e à autoridade. No dia mundial da mulher, mulheres ciganas e negras envolvem-se à pancadaria nas barbas das forças da ordem, sabe-se lá se com a sua, destes, aprovação. Tudo se passou na Rua Al Berto, sita no bairro das Olaias, que a esta hora ainda se encontra sitiada e sob tiroteio...
"a dor de todas as ruas vazias.
sinto-me capaz de caminhar na língua aguçada deste
silêncio. e na sua simplicidade, na sua clareza, no seu abis-
mo.
sinto-me capaz de acabar com esse vácuo, e de aca-
bar comigo mesmo.
a dor de todas as ruas vazias.
mas gosto da noite e do riso de cinzas. gosto do
deserto, e do acaso da vida. gosto dos enganos, da sorte e
dos encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu cora-
ção, ou onde o medo tem a precaridade doutro corpo.
a dor de todas as ruas vazias.
pois bem, mário - o paraíso sabe-se que chega a lis-
boa na fragata do alfeite. basta pôr uma lua nervosa no
cimo do mastro, e mandar arrear o velame.
é isto que é preciso dizer: daqui ninguém sai sem
cadastro.
a dor de todas as ruas vazias"
(Al Berto)
(2009)
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8 comments:
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Ciganada e pretos juntos não é boa ideia.
"Ciganada e pretos juntos não é boa ideia"
É verdade, pode dar sempre origem a comentários imbecis.
Ou a esperteza aos molhos, como o alecrim, de quem vive na TV. Os lusos só são capazes de grandes ditos e coisas - não há luso que não saiba - e como canta a Floribella "yes we can".
Os táxis antes chamavam-se fogareiros. Modernizados, passaram a ser microondas, quer chova ou faça sol
A generalização - "os lusos", "os pretos", "os ciganos", "os árabes" - é sempre um sintoma de obstipação mental. E a retenção dos produtos do catabolismo tende a acabar mal.
Esqueceste-te dos «mouros», carago!
Onde é que eu tinha a cabeça?...
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