INVERSÃO DE SENTIDO
Beck - Modern Guilt
Após os óptimos Midnite Vultures e Sea Change (mas, agora, Beck faz questão de afirmar que “não se sente especialmente orgulhoso” de várias canções de Vultures e não interpreta um único tema desse álbum em palco), a trajectória de Beck iniciou um notório plano inclinado, com níveis sucessivamente inferiores em Guero e The Information. Se fôssemos a tomar essas duas gravações como termo de comparação para os rituais ocultistas em que se decide a atribuição de estrelas, Modern Guilt, provavelmente, mereceria três. Demonstremos, no entanto, um pouco mais de respeito por quem, sem dúvida, o merece, e, perante o melhor da sua obra, fiquemo-nos pelas duas.
Estes breves trinta e três minutos de música – co-produzida por Danger Mouse aka Brian Burton – invertem, é verdade, o sentido da curva recorrendo ao cruzamento da psicadélia sessentista com sintetizadores atmosféricos, beatboxes virtuosas, colagens e tapeçarias de loops, Beck elocubra eloquentemente sobre teorias da conspiração, invectiva Deus ("If I wake up and see my maker coming with all of his crimson and his iron desire, we'll drag the streets with the baggage of longing, to be loved or destroyed, from a void to a grain of sand in your hand") e desenha círculos de perplexidade existencial mas não são ainda material “vintage” do autor de Odelay.
(2008)
12 August 2008
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
«Odelay», «Sea change» e «Midnite vultures» é o que merece ficar na memória. Em dias sim, consigo gostar do «The information». Deste, nem por isso. Mas como dizia o outro, cada um com a sua mania...
Post a Comment