Atenção
jovens músicos e bandas em início de carreira! Se, após um primeiro
concerto ou publicação de primeiro disco, acerca de vós disserem ou
escreverem que a vossa obra — tão suadamente arrancada às mais
insondáveis profundezas da alma — não vale a ponta de um chavelho, e,
muito especialmente, se isso for desgraçadamente verdade, nunca
abandoneis a esperança! Pode muito bem acontecer (quer dizer, talvez
possa acontecer...) que, um dia mais tarde, ainda o vosso nome venha a
constar entre os mais ilustres autores de música do novo século. E
afirmo-o porque, perante os meus olhos (e depois de dolorosa passagem
pelos meus tímpanos), se encontra o "lost album" só agora finalmente
editado da primeira banda de Aimee Mann, The Young Snakes.
Não
adianta poupar palavras, ser caridoso ou puxar o lustro aos eufemismos:
é mau, muito, muito mau, andou mais do que merecidamente "lost" durante
vinte e quatro anos e o mundo nada teria perdido se assim permanecesse
por toda a eternidade. Aimee Mann e os seus dois companheiros da altura
(que, generosamente, não nomearei) dedicavam-se a um plágio muito
rasteirinho do que, à época, Siouxsie & The Banshees+Nina
Hagen+The Slits inventavam e não apenas rastejavam como o faziam
bastante desajeitadamente. Pois bem, de tal ovo tão mal enjorcado,
sairia (primeiro, via 'Til Tuesday, depois, a solo) uma das mais
brilhantes "songwriters" actuais que nos ofereceria álbuns a roçar a
perfeição. Importa, então, esquecer este objecto rapidamente, escrever
aí pelo meio patinho-feio-e-coisa-e-tal (por acaso, de corte de cabelo
punk, Aimee até não ficava nada mal...) e passar ao capítulo seguinte.
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