(sequência daqui) Para Neil Young, porém, tudo fora simples e confortável. As canções que, a 19 de Janeiro de 1971, apresentara, a solo, no Massey Hall, de Toronto, justificando-se – “Escrevi tantas canções novas que não tenho outro remédio senão começar a canta-las” –, sob a orientação de Glazer e do co-produtor Jack Nitzsche, acharam o melhor caminho sem a ocorrência de quaisquer sobressaltos: “Harvest foi muito fácil. Tudo aconteceu muito rapidamente. Como se se tratasse de uma coisa acidental. Não andava à procura do som de Nashville, aqueles eram apenas os músicos que estavam ali à mão. Pegaram nas minhas canções e tocaram-nas. Chegaram, gravaram e foram-se embora. Como se faz em Nashville”.
Registado entre Janeiro e Setembro de 1971 no celeiro do Broken Arrow Ranch – Barn, publicado no início do ano passado, voltaria a ter lugar num celeiro de Telluride, no Colorado, recuperado por Young –, nos Quadraphonic Sound Studios, de Nashville, no Royce Hall da UCLA, em Los Angeles, e, em Londres, com a London Symphony Orchestra dirigida por Jack Nitzsche, Harvest era também uma demonstração de como as relações entre os quatro Crosby Stills Nash & Young – um ano após a separação do grupo – não se encontravam ainda irremediavelmente comprometidas: David Crosby cantaria em "Are You Ready For The Country?" e "Alabama", Stephen Stills em "Alabama" e "Words" e Graham Nash em "Words" e "Are You Ready For The Country?", aos quais se juntariam James Taylor e Linda Ronstadt em "Heart Of Gold" e "Old Man". Mesmo as contrariedades mais indesejáveis, Neil Young parecia posuir poderes para as fazer jogar a seu favor. Tal como a poliomielite que contraíra em criança lhe condicionara a mobilidade do braço esquerdo, oferecendo-lhe, contudo, a possibilidade de se transformar num incandescente guitarrista eléctrico mas – abençoadamente! – incapaz de malabarismos circenses, durante a criação de Harvest, debatera-se com problemas na coluna vertebral que o obrigaram a intervenção cirúrgica e ao uso de uma cinta ortopédica. Como mais tarde explicaria à “Rolling Stone”, “Gravei praticamente todo o álbum com a cinta. Foi uma das razões para aquela sonoridade mais suave. Fisicamente, não conseguia pegar numa guitarra eléctrica”.
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