Dry Cleaning - "Oblivion" (Grimes)
(sequência daqui) Mas o que era, na verdade, aquilo a que se convencionou chamar “o som 4AD”, o qual, mesmo antes de comprarmos um álbum, podíamos, de certa maneira, antecipar? “Não me parece que a 4AD fosse assim tão diferente de outras como a Mute, a Factory, Rough Trade ou Cherry Red. Isso valia apenas para alguma música. A maior banda da 4AD, os Pixies, não se encaixava nessa matriz sonora em que temos tendência para pensar. É um grande tema de reflexão que não cabe numa peça jornalística mas penso que a 4AD era muito mais variada do que se supõe. Quando se afirma que a editora, nos anos 80, tinha uma sonoridade muito própria, é apenas verdade até certo ponto, não na totalidade. Isso resulta do modo como tendemos a encarar o passado: mesmo quando essa percepção não corresponde à realidade, a memória que dele construimos substitui a realidade”. No entanto, ainda que os Cocteau Twins não fossem os Pixies e os Dead Can Dance nada tivessem a ver com as Breeders, poder-se-ia, ainda assim, desenhar um retrato-robot da típica banda 4AD? “Nessa percepção da editora, eu diria que a clássica banda-4AD foram, realmente, os Cocteau Twins. Os Dead Can Dance também, por aquela sensação de alargamento do horizonte, de assombro... É assim que a maioria das pessoas continua a ver a 4AD. Porque, nos anos 90, falavam dela mas, na verdade, não a conheciam. Apenas identificavam a estética das capas e os Cocteau Twins. Passa-se o mesmo com a Factory: sobreviveu a música dos Joy Division e a ideia de tratar-se de um bando de gente infeliz de Manchester mas esqueceram-se as toneladas de lixo que publicaram. As pessoas gostam de olhar para as memórias do passado e acreditar que tiveram um significado importante. E de imaginar um passado que foi muito melhor do que o presente”. (segue para aqui)
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