15 March 2016

"Revisão atrás de revisão, qualquer análise honesta não pode concluir outra coisa a não ser que a homeopatia funciona tão bem como comprimidos de açúcar, porque… bem, são comprimidos de açúcar. Ora, segundo um decreto-lei publicado em Outubro para regular a publicidade em saúde, 'apenas devem ser utilizadas informações aceites pela comunidade técnica ou científica'. O que não é claramente o caso da publicidade às mezinhas homeopáticas. Até quando continuará impune?" (DM)

8 comments:

alexandra g. said...

Desde que te leio, e surgiu muito posteriormente, uma única questão nos divide (no meu entender) e é esta. Já conheci muita gente com um pé no abismo, segurando-se pela homeopatia ou outras formas de sobrevivência. A alternativa seria, em alguns dos casos, a psiquiatria, o encharcar-se em Prozac e afins, tornados zombies. Trata-se de gente de quem muito gostei, gosto, com valor humano, profissional.

Lembro-me daquela pequena guerra por causa do Paulo Varela Gomes. Lembras-te?

Creio que se trata, acima de tudo, de conceder às pessoas em situação limite uma alternativa que sejam elas, diante das possíveis, a poder escolher.

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Um exemplo (não aconteceu, mas nada me garante que não aconteça, um dia): fumo, em regra,, um maço de cigarros por dia. Se algum dia acontecer um cancro do pulmão, posso garantir-te desde já que ninguém me enfiará em quimios ou radios (terapias). Ou existirá cirurgia, ou preferirei morrer. Não escolherei a homeopatia, mas respeito quem a escolhe.

O David Marçal respira 'saúde' e esperança demais...

João Lisboa said...

1) A homeopatia não é "alternativa" médica nenhuma. Zero. É tão "alternativa" como a senhora de Fátima, o Karamba ou... a água e o açúcar. Que é, unicamente, aquilo que os "medicamentos" homeopáticos contêm. É uma (im)puríssima fraude anti-científica e uma muito lucrativa indústria. Só isso. O que é suficientemente mau.

2) Se, em situações limite de desespero, há quem vá a Fátima, ao Karamba ou à treta homeopática, compreende-se (e respeita-se) facilmente. Mas não é atenuante nenhuma para os tratantes que investem nesses repugnantes ramos de negócio.

3) A psiquiatria - disciplina médica científica, ainda há demasiado pouco tempo científica, não mais de 30 anos - não é sinónimo de encharcar-se em Prozacs e afins. Ainda gatinha e tacteia muito mas está no caminho certo, após um século de patranhas freudianas (noutro campo, um irmão gémeo do Samuel Hahnemann, da homeopatia).

4) O David Marçal poderá respirar 'saúde' e esperança demais. Mas está coberto de razão.

C'est comme ça. :-)

alexandra g. said...

1) ora merda.

2) ora merda, outra vez.

3) dizes tu (trabalhei - em estudante-trabalhadora - durante 2 anos com um expert...)

4) que a vida o cubra de gajas boas... :)

C'est beaucoup plus, parfois beacoup moins... le désespoir. Serve? (quando eu admito que não recorreria a, mesmo admirando quem o fez?)

João Lisboa said...

"dizes tu (trabalhei - em estudante-trabalhadora - durante 2 anos com um expert...)"

Acredita que sei do que falo.

Anonymous said...

a Psiquiatria não é sinonimo de encharcar ninguem em comprimidos,seja para acordar ou para dormir,alias a insonia é para muitos um sofrimento atroz.O que fazer? deixar as pessoas a sofrer,engana-los com religiões/homeopatia e dizer que serão recompensados...no céu? para mim,nem pensar,não se trata de criar zombies,bem pelo contrario,trata-se sim de tirar as pessoas do buraco(se necessario,o famoso xanax,então,e não se trata de tomar sempre,ou nunca tomar,afinal os anti-bioticos,não se tomam sempre,apenas quando necessario). joão lopes

alexandra g. said...

o que eu queria dizer é que a Psiquiatria comete os seus exageros (diz o João Lisboa que, enquanto especialidade, ainda gatinha), pois estragou para sempre a cabeça de alguns amigos, iniciados e mantidos ao longo de quase 20 anos precisamente com o Prozac, sem qualquer tentativa de desmame ou de outras terapias; ao exagero acrescentaria a incompetência, que não existe lei que determine que um especialista não é, em simultâneo, um incompetente.

depois, sabe-se que quem recorre a especialistas, quer medicamentos, o que deverá querer dizer que o médico acertou na mouche e, logo, aquela medicação está correcta. de resto, quantos são os benefícios que a classe médica retira das prescrições (ou de muitas delas)? e a indústria farmacêutica, em geral? e quanta banha da cobra venderão, pelo meio?

quando falei de psiquiatras fi-lo propositadamente, por conta dos estados depressivos e dos casos próximos (amigos, sempre) que conheci; poderia ter recorrido a outras especialidades mas esta é particularmente assustadora.

a homeopatia não me diz nada, mas suponho que alguém que vê esvair-se o horizonte com tudo o que ele tem de presente e a quem não restam quaisquer outras esperanças, acabe por recorrer a ela. só isso. por muito charlatão que pulule por essas esquinas, apregoando a banha da cobra, acredito que no meio deles exista algum consciente daquilo que faz.

a minha mãe é católica praticante, eu sou ateia e só me aborreço com ela quando tenta evangelizar-me (ainda hoje!).

as escolhas são, por muita influência externa que exista, individuais, e obedecem a imperativos por vezes demasiado pessoais, nos quais não deveremos mexer sob pena de sofrermos idêntica retaliação.

por último: apraz-me ler o Paulo Varela Gomes e apraz-me ler o David Marçal...

João Lisboa said...

Não há curandeiros, astrólogos, cartomantes nem homeopatas "sérios".
Há cardiologistas, pneumologistas, dermatologistas e psiquiatras incompetentes.

Os psiquiatras cometem (se calhar) exageros equivalentes aos exageros das dosagens de estrogénios no início das pílulas anticoncepcionais. À medida que o conhecimento se aprofunda e a farmacologia o acompanha, tudo tenderá a tornar-se mais preciso e - dizem alguns sábios da coisa - quase personalizado.

Leva tempo, é uma chatice.

alexandra g. said...

In the meantime, será que me assiste o direito de colocar uns e outros, de ambos os lados, de mãozinhas dadas, assim em ensinando aquilo que nunca admiti que ensinassem às minhas filhas, lá na creche:

- onde é que a galinha põe o ovo?
(e as criancinhas, em silêncio, apontando com um indicadorzinho a palminha da outra mão, em concha...)