23 September 2014

B(R)AND 


Foi um grande momento de sinergia empresarial o que, terça-feira, 9 de Setembro, teve lugar, em Cupertino, na Califórnia: uma "brand" (a Apple) e uma "band" que também é uma "brand" (os U2) subiram ao palco onde a primeira procedia ao lançamento dos seus novos electrodomésticos e os dois respectivos CEO encenaram uma divertida rábula. Após a interpretação de uma canção – "The Miracle (Of Joey Ramone)" – pela "b(r)and" irlandesa, Tim Cook, vocalista da Apple, entoou: “Não foi o single mais incrível que, alguma vez escutaram?...” Teria sido bastante fácil responder-lhe negativamente com 10 000 exemplos de apoio mas ele não deu tempo para isso, acrescentando “Íamos adorar um álbum inteiro assim”. Instantaneamente, no modo pro bono que o caracteriza, Bono interrogou-se: “O problema é por que forma conseguir fazê-lo chegar ao máximo número de pessoas, como sempre foi timbre da nossa banda... Suponho que vocês têm 500 milhões de subscritores no iTunes... seriam capazes de levar o álbum até eles?” Cook, magistralmente, hesitou mas acabou por responder “Se o oferecermos de graça...” 


E, activando magicamente o correcto alinhamento de planetas, cinco segundos depois, a totalidade de Songs Of Innocence era depositada em todas as contas de iTunes e 100 milhões de dólares (miminho da Apple, segundo o “Wall Street Journal”) escorregavam para o baú do quarteto de Dublin no qual, a partir de 13 de Outubro, quando o CD físico estiver nas lojas, deverá cair mais alguma pecúnia jeitosa. Coisa para deixar feliz até Michael Noonan, ministro das finanças da República da Irlanda, não se desse o caso de os beneméritos U2 – tal como 19 dos 20 grupos económicos do luso PSI-20 – terem domicílio fiscal na "tax friendly" Holanda. Tudo isto parece ter muito pouco a ver com, como dizer?... música? Nada disso! Como Bono fez questão de sublinhar, “Não acredito em música gratuita. A música é um sacramento”. Ou, talvez, um $acram€nto. Porque a verdade é que, para quem viu as vendas dos três últimos álbuns descer de 4,4 milhões para 1,1 milhões, ter, de repente, à disposição 500 milhões, só pode reforçar a fé. Pelo menos, o suficiente para escolherem a sede da segunda maior multinacional de tecnologia informática como chão... err... sagrado para o lançamento do “álbum mais pessoal de sempre”, com título inspirado em William Blake e tudo. 

3 comments:

alexandra g. said...

Oh, mas são tão cheios de causa$ e angariadores de bondades§, como é possível redigir tamanhas difamações (porra, eu é que tb falo disto há uma década, caralho, e ninguém me ouve, nem sou uma melómana, uma crítica musical e até te beijaria o traseiro sem segundas intenções :)

João Lisboa said...

:-)))))))))))))))))))))

Táxi Pluvioso said...

Bono bem que podia pedir para que perdoem a luso-dívida já que o dr. Passos não sabe que fazer (e o 2.º resgate será pior que um disco dos Udois).