14 February 2014

"O PS propôs que se criasse um tribunal especial para investidores vindos do estrangeiro e, a seguir, também para investidores portugueses (presumo que grandes). A ideia é inovadora e audaciosa. Primeiro, passa um atestado quase oficial de incompetência ou parcialidade à justiça indígena. Depois, proclama a sua absoluta falta de confiança nos tribunais que por aí andam e confirma as piores suspeitas da pouca gente que hoje ainda pensa meter um tostão em Portugal. O sr. Seguro não podia fazer melhor em tão pouco tempo. Agora, o cidadão comum fica em franca e óbvia desvantagem perante os ricos, lá de fora ou cá de dentro, e só lhe resta uma solução razoável: fugir depressa do país, como era, aliás, costume no século XVII (digo bem, XVII), quando havia fogueiras no Terreiro do Trigo.


Não por acaso, evidentemente, em 1654 Portugal assinou o tratado de Westminster, que concedia à Inglaterra o direito de ter em Lisboa um juiz conservador da Nação Britânica, encarregado de julgar os súbditos do sacratíssimo Reino Unido e qualquer questão em que por qualquer motivo eles se vissem envolvidos. Também a França, a Espanha, a Holanda, a cidade livre de Hamburgo, ou seja, a Europa inteira, acabaram por conseguir o mesmo privilégio. Com uma extraordinária visão do futuro, o sr. Seguro reviveu estas boas práticas do século XVII, mas por enquanto não se lembrou de convidar juízes da 'Europa', da América, do Brasil e de Angola para facilitar os trabalhos da justiça; e de exigir a construção de uma cadeia moderna com boa cozinha e ar condicionado para um eventual cavalheiro obrigado a cumprir uns dias de prisão (...)". (VPV)

1 comment:

Lourdes Féria said...

O Seguro é o maior Totó que já apareceu neste país. Ainda não conseguiu dizer nada que tivesse sentido. Só nos calham duques.