ALINHAR OS CHAKRAS
Jonathan Wilson - Gentle Spirit
Vão desculpar-me mas, a sério, “The raven who flies through the desert sky is wiser than you or me... the desert raven, he has poetry” é coisa possível de ser cantada e escutada sem que ninguém se ria? E isso, aninhado num fofinho casulo filosófico que adverte "Natural world she needs our energy" (notar o emprego do género feminino para “natural world” – estamos em plena cena "new age" da “deusa-mãe” primordial e diáfanos panteísmos afins uma vez mais reciclados), sintoniza “vibrations in the air” e remata o assunto com aquele tipo de proclamação – "A hundred blowin' up in the headlines, we've seen it all before, the powers are killing the paupers, for some idea of God, or whatever" – que cai sempre bem à hora do chá, coloca-nos, então, onde?
Exactamente: Laurel Canyon, Los Angeles, final dos anos 60, início dos 70, jardim do paraíso da aristocracia folk-rock bem pensante, cenário transbordante de amor, paz e dólares no qual James Taylor, Joni Mitchell, Jackson Browne, CSN&Y e diversos outros apóstolos da boa nova ensinavam que, se déssemos as mãos, alinhássemos os chakras, consumíssemos as drogas certas, e, ocasionalmente, saíssemos da toca para participar numa ou outra manifestação contra as guerras mazinhas, Marx e Cristo dansariam a valsa, Hitler e Buda trocariam afectuosos ósculos no além e, de um modo geral, tudo correria muito bem. Jonathan Wilson, residente actual do Canyon e criatura de prestígio enquanto músico e produtor junto de gente como Elvis Costello, Robbie Robertson ou Erykah Badu, acredita piamente que o tempo se imobilizou há quarenta anos e, com desmedido "savoir-faire" musical, para quem não teve oportunidade de estar presente na altura certa, recria, ao detalhe, a cena original de Laurel Canyon. Que Shiva e Shakti o façam muito feliz.
(2011)
Exactamente: Laurel Canyon, Los Angeles, final dos anos 60, início dos 70, jardim do paraíso da aristocracia folk-rock bem pensante, cenário transbordante de amor, paz e dólares no qual James Taylor, Joni Mitchell, Jackson Browne, CSN&Y e diversos outros apóstolos da boa nova ensinavam que, se déssemos as mãos, alinhássemos os chakras, consumíssemos as drogas certas, e, ocasionalmente, saíssemos da toca para participar numa ou outra manifestação contra as guerras mazinhas, Marx e Cristo dansariam a valsa, Hitler e Buda trocariam afectuosos ósculos no além e, de um modo geral, tudo correria muito bem. Jonathan Wilson, residente actual do Canyon e criatura de prestígio enquanto músico e produtor junto de gente como Elvis Costello, Robbie Robertson ou Erykah Badu, acredita piamente que o tempo se imobilizou há quarenta anos e, com desmedido "savoir-faire" musical, para quem não teve oportunidade de estar presente na altura certa, recria, ao detalhe, a cena original de Laurel Canyon. Que Shiva e Shakti o façam muito feliz.
(2011)
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