14 March 2010

O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (XL)

António Rego




Existem, sem dúvida, os escolhidos e os predestinados. Aqueles que, por algum motivo, exibem um sinal de diferença que os separa dos restantes. No próprio nome, por exemplo: António Rego não poderia ser mais contemporaneamente católico, mais explicitamente envolvido nas turbulências do século que confrontam esse rego acolhedor e profundo da fé (fulgurantemente evidente no sorriso das crianças, nunca como agora tão frequentemente tocadas pelo amor do Senhor) com a impiedade do mundo. E, simultaneamente, capaz de traduzir essa angústia para uma sublime reflexão filosófica:

"Estaremos marcados pela náusea de Sartre, o niilismo de Nietzsche, o desespero de Hamlet, a fúria de Herodes e a loucura de Hitler, ou a depressão e ansiedade dum pós modernismo insano?"

Não!... responde Rego. E contrapõe-lhe a "teoria de Jesus", aplicável a todo o humano sofredor: para agricultores e floricultores, "o desprendimento dos 'lírios do campo'"; para profissionais de cabeleireiro e seus clientes, "a providência sobre 'os cabelos da vossa cabeça'”; para os beneficiários de crédito bancário, "a certeza de que 'nada do que pedimos é em vão'"; enfim, para todos nós, consumidores de papos-secos, baguettes e vianinhas, "a confiança 'no pão que nos concede' em vez do escorpião". O "escorpião" é só para rimar com "pão". (aqui)

(2010)

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