19 February 2010

DEAD ON ARRIVAL



Nada garante que a criatura-Rangel não seja, como praticamente todos os outros, farinha do mesmo saco. Mas, em entrevista ao "i", atreveu-se a tocar em duas ou três absolutas evidências acerca de educação:

- "houve um modelo de educação baseado no facilitismo e na ideia de que o aluno é o centro da educação";
- "O que é fundamental na escola é exigência e rigor no ensino";
- "Uma escola pública facilitista é a que mais favorece a estratificação social";
- "temos quase uma escola classista que, cada vez mais, aumenta o fosso entre as classes privilegiadas e as menos privilegiadas";
- "O que é que é preferível? É termos uma pessoa com 17 anos no 9º ano ou a fazer o 9º ano pela quarta vez ou uma que até aprendeu umas coisas de uma língua estrangeira, de história, de matemática, de português e que sabe ser um bom electricista aos 16 ou 17 anos? Ou um bom canalizador? O que é que é preferível do ponto de vista social? O que é que vai trazer maior mobilidade social? O que é que é melhor como valor colectivo?";

e sugere outras realmente decisivas:

- "se nós introduzirmos, por exemplo, um sistema de exames nacionais, temos uma forma automática da avaliação dos professores e de avaliação externa";
- "a melhor avaliação é sempre uma avaliação externa. A avaliação feita dentro de um corpo é sempre uma avaliação muito parcial, que ou prejudica ou beneficia";

Pelo meio, baralha-se, mete os pés pelas mãos, e, muito pior, esquece-se do essencial: a grande burla da "formação" de professores nas ESEs, Piagets e afins. Mas, repare-se bem, quem lhe cai em cima? A intocável coligação das sacrossantas famílias, dos bonzos das "ciências" da educação & os notórios e arrepiantes teórico-práticos das "novas oportunidades".

Mesmo em registo "light" e sem ter ferido a besta onde dói mais, é mais do que óbvio que as corporações já lhe fizeram a folha.

(2010)

2 comments:

Ana said...

A respeito das ESEs e afins, deixa-me contar-te uma coisa. Eu licenciei-me na Nova (LLM - Estudos Portugueses) e cheguei a ter discussões sérias com colegas que diziam que o curso era "muito teórico" (sic); eles argumentavam que queriam "apenas ensinar Português". A dada altura, eu deixei de discutir e alguns desses colegas foram para a ESE de Lisboa...

João Lisboa said...

Estás a ver?... não devias ter deixado de discutir.

:-)