10 October 2009

A CAMPANHA PELA IMORTALIDADE DO CORPO
TOMA RAPIDAMENTE A FORMA DAS CAMPANHAS
PELA IMORTALIDADE DA ALMA

(raccord com este post)



"(...) O fanatismo contra o tabaco - o único sentimento (não merece sequer o nome de "ideia") que os políticos do Ocidente conseguiram este século, pouco a pouco, incutir na populaça - chegou a um extremo inquietante. Em Nova Iorque, por exemplo, uma das cidades mais poluídas do mundo, o inominável sr. Bloomberg (o do "canal"), candidato à presidência da câmara, incluiu no seu programa a proibição absoluta de fumar na rua. (...) A campanha pela imortalidade do corpo toma rapidamente a forma das campanhas pela imortalidade da alma. No liberal e democrático Ocidente, nenhuma dissidência é tolerada, nem (por sensata que seja) ouvida qualquer razão de ordem médica, económica ou política. Se o deixassem, o sr. Bloomberg queimava os fumadores na praça pública. Como Sócrates, que, sempre atrás de Zapatero, se propõe agora "endurecer" as leis contra o tabaco, que acha demasiado permissivas. Impotente para acabar com o desemprego, aumentar a produtividade ou reformar a justiça, Sócrates ficou, pelo menos, com uma "causa" aparentemente justa - e a consoladora faculdade de proibir. O zelo religioso contra o fumo, julga ele, compensará o óbvio fracasso do país. Punir os maus (ainda por cima para seu próprio benefício) é um método provado para exibir a virtude de quem manda. E, de caminho, esconder a realidade". (Vasco Pulido Valente - texto integral aqui)

(porque a memória é curta, espreitar aqui)

(2009)

2 comments:

Lola said...

Eu acho que o próximo ataque vai ser ao consumo de gorduras e açucar.

Mas poderemos tomar todos os tipos de calmantes, estimulantes, energéticos e drogas que nos turvem a individualidade e a opinião divergente.
Quando virarmos animais amestrados e obedientes, a utopia do politicamente correto se instalará. Como prêmio, iremos para grandes casas de repouso e poderemos cultivar a senilidade por toda a eternidade.

João Lisboa said...

"Como prêmio, iremos para grandes casas de repouso e poderemos cultivar a senilidade por toda a eternidade"

Ou o admirável mundo velho.