NÓS CEGOS
The Fiery Furnaces - I’m Going Away
Estrofe-refrão-estrofe. Sim, há disso em I’m Going Away e não costumava ser prática habitual nos frankensteinianos puzzles de música e texto dos irmãos Friedberger. O que – prolongando o que já se anunciava em Widow City (2007) – se, aparentemente, faz escorregar este seu oitavo álbum para o lado daquilo que se poderia caracterizar como “de menos difícil acesso”, provavelmente, acaba por acentuar ainda mais a bizarra fricção entre a superfície (só a superfície) musical supostamente “normalizada” e os nós cegos de palavras que, código cifrado atrás de labirinto, Eleanor dispara.
No degrau inferior da cena psicótica, escuta-se “The end is near, the time has come, there ain’t no way, there’s nothing will save us now”. Dois ou três acima, em pleno esplendor de descontrolo bipolar, suspende-se a respiração perante “Ray Bouvier made me shoot the shoe, took us out drinking after he won the local lottery, we put a barricade down the middle of the bed, but the smoke never cleared from the room, not at all, well I thought I was thinking but apparently not”. No topo da escadaria, é mesmo muito recomendável não tentar sequer pensar.
(2009)
10 August 2009
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4 comments:
Acho que falta descrever um pouco mais o som do disco em comparação com os anteriores. Mais rock? Pop? Vaudeville?
Provedor?...
Não é preciso ir tão longe. :-p
Fico já aqui.
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