29 July 2009

O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (XX)

Laurinda Alves




O universo num grão de areia, a eternidade num segundo e a humanidade inteira numa plataforma do metro. Laurinda actualiza e amplia a visão de Blake e, apelando sempre ao que de melhor em nós existe (até porque, em Portugal, não há essas modernices americanas dos psicopatas e serial-killers), sugere que mergulhemos nos olhos uns dos outros. Por isso, se, entre Saldanha e Picoas, reparar numa gótica cujos olhos se dissolvem apaixonadamente nos de um revisor oficial de contas, isso é o efeito-Laurinda. (aqui)

(2009)

4 comments:

Anonymous said...

"Ando de metro todos os dias e fascina-me o movimento perpétuo daquele imenso laboratório social onde há de tudo: dos mais góticos aos mais betinhos, dos mais gordos aos mais magros, dos mais convencionais aos mais bizarros, dos mais escuros aos mais claros, dos mais boémios aos mais certinhos, e por aí adiante. A infinita mistura de gente, de estilos e atitudes transforma as plataformas em palcos muito criativos e enche as carruagens de enredos e filmes acelerados, mais ou menos improváveis."

"This latter is one of the principal thoroughfares of the city, and had been very much crowded during the whole day. But, as the darkness came on, the throng momently increased; and, by the time the lamps were well lighted, two dense and continuous tides of population were rushing past the door. At this particular period of the evening I had never before been in a similar situation, and the tumultuous sea of human heads filled me, therefore, with a delicious novelty of emotion. I gave up, at length, all care of things within the hotel, and became absorbed in contemplation of the scene without.

At first my observations took an abstract and generalizing turn. I looked at the passengers in masses, and thought of them in their aggregate relations. Soon, however, I descended to details, and regarded with minute interest the innumerable varieties of detail, dress, air, gait, visage, and expression of countenance."

http://etext.virginia.edu/etcbin/toccer-new2?id=PoeCrow.sgm&images=images/modeng&data=/texts/english/modeng/parsed&tag=public&part=1&division=div1

João Lisboa said...

That's Laurinda's mighty word for you.

Ana said...

Quando passei na Fnac há uns dias não resisti: peguei no livro "Coisas da Vida". E fiquei-me só pelo prefácio, assinado por um Tiago Forjaz. Lá li sobre a Laurinda (tirei um papelinho e apontei): «Reflexo de anjo detido no presente, e antes de mais criança com consciência de todo o passado. Frágil, logo forte, é mulher amada e rapariga apaixonada» e «Movimento perpétuo da substância da vida, Laurinda é a religião do amor, é a vida dos outros para os outros». Tudo isto merece um itálico...

João Lisboa said...

"Reflexo de anjo detido no presente"

Dos anjos:

http://lishbuna.blogspot.com/2009/07/das-oscilacoes-da-simpatia-da.html