SETE PASSOS
Procissão pagã que representa a encomendação das almas (cerimónia característica em diversas localidades transmontanas), de origem medieval e que sobreviveu até aos nossos dias, passando de geração em geração. É um ritual inédito praticando-se apenas em Freixo de Espada à Cinta nos moldes que se passam a descrever.
Realiza-se nas sete sextas-feiras que vão do Carnaval à Páscoa (Quaresma), a partir da meia noite com a total ausência de luz eléctrica nas ruas. A encenação tem início na Praça Jorge Álvares em frente á Igreja Matriz, e segue um percurso em jeito de procissão pelas ruas da vila.
Inicialmente, dois homens irreconhecíveis porque encapuchados de negro, ao soar da meia noite lançam com força nas lajes da granito umas lares (diversos ferros unidos a uma corrente) arrastando-os em seguida a compasso certo sete vezes, provocando desta forma um barulho estridente e medonho.
De seguida um outro igualmente vestido de preto e também irreconhecível caminha muito lentamente vergado sobre si mesmo, é a chamada «Velhinha». Numa mão transporta uma lamparina acesa e na outra uma vara em que se apoia, trazendo também consigo uma bota de vinho que serve para dar de beber aos populares que se ajoelhem perante ele e solicitem respeitosamente o sangue de Cristo.
Por último em todos os cruzeiros da vila, um grupo de cantadores entoa cânticos em latim e português alusivos à morte de Cristo onde algumas vozes mais graves rasgam a noite e unidas à fria escuridão completam um cenário de cólera deveras bizarro e sombrio, característico dos ambientes medievais que provavelmente se viviam em Freixo de Espada à Cinta em tempos idos. (aqui)
(2009)
14 April 2009
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1 comment:
Os portugueses não perdem uma oportunidade de vestir saias.
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