SEREMOS IRRELEVANTES?
U2 - No Line On The Horizon
Do modo mais cientificamente correcto, é aquilo a que só se pode chamar “uma óptima oportunidade para ter ficado calado”. Ou, mais exactamente, várias. Na primeira, Bono anunciou que “ou deixamos de tocar rock ou o rock terá de se tornar mais duro; seja como for, não continuaremos a ser como éramos”. À segunda (estavam os U2 a gravar em Marrocos), prometeu “influências trance” e a colaboração de músicos Gnawa locais. A última foi… como dizer?... a mais embaraçosa: com a data de edição de No Line On The Horizon sujeita a sucessivos adiamentos, numa daquelas manifestações de subtileza que o celebrizaram, proclamou ao universo que “se este não for o nosso melhor álbum de sempre, seremos irrelevantes!”. Oops… e agora? É que nem deixaram de tocar rock nem ele ganhou músculo (isto é, ficaram precisamente como estavam), do trance há, sejamos benévolos, uns vestígios de segundos em “Fez – Being Born” e – aqui a coisa agrava-se seriamente – não só este não é o melhor álbum de sempre dos U2 como é bem capaz de ser um dos piorzinhos.
Serão, então, hoje, irrelevantes? Depende do ponto de vista: vendas de milhões? Claro que sim, sejam os “milhões” aquilo que forem no actual estado comatoso da indústria discográfica. Relevância musical? Bem, aí, convém nem pensar em fazer comparações com Boy, Achtung Baby, Zooropa ou mesmo com o imerecidamente mal amado Pop. Porque, após cinco anos de uma gestação que passou das mãos de Rick Rubin para as do triunvirato Eno/Lanois/Lillywhite e de meses dos habituais teatrinhos das audições “secretas” sob juramento de sangue nas instalações do patronato (coroados, pouco antes da data oficial de edição, com a fuga para o filesharing ilegal, cortesia de um lapso da… loja online da Universal australiana!), No Line On The Horizon faz inteiramente juz ao título. “Magnificent” já se chamou “Where The Streets Have No Name”, “Moment Of Surrender” é a cara da mãe – “Tryin’ To Throw Your Arms Around The World” –, “No Line...” passava muito bem por “The Fly”, “I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight” roubou a password a “I Still Haven’t Found...” e por aí fora. Duas interessantes experiências falhadas onde se sente o dedo de Eno (“Fez” e “Cedars Of Lebanon”) e uma, só uma, canção, “Unknown Caller”. Bono voltou a abrir a boca e, para o final do ano, prevê um novo álbum “mais meditativo sobre o tema da peregrinação”. Ai, ai, ai…
(2009)
4 comments:
influências trance é uma gralha do Blitz, na verdade eles disseram transe, não tem nada a ver com o género músical
Não li sequer o Blitz. Isso está aí, por todo o lado, na net.
Só conheço a canção que passa na TV, não penso ouvir o albúm todo, e é, de facto, uma grande porcaria. Depois culpam o Pirate Bay e o download ilegal pela baixa nos lucros.
O Udois, representante do pimba irlandês, talvez o primeiro albúm e segundo, do Bono malVox de melenas, tivesse algum interesse, de resto eles fazerm parte dessa linha subterrânea de grupos onde canta uma ovelha.
«Não li sequer o Blitz»
Também não se perde grande coisa...
Post a Comment