OLD, WEIRD KAREN
Karen Dalton - Green Rocky Road
Quase quarenta anos depois de se ter voluntariamente removido da cena musical e década e meia após, sem-abrigo, toxicodependente e seropositiva, ter sido encontrada morta nas ruas de Nova Iorque, Karen Dalton transformou-se num mito-folk equivalente aos de Billie Holiday, no jazz, ou de Nico, no pop/rock. A corte de admiradores – da seita “freak folk” a gente mais respeitável como Nick Cave ou Bob Dylan – não cessa de lhe ornamentar a lenda (episódio mais recentemente exumado: “Katie’s Been Gone”, das Basement Tapes da Band com Dylan, ter-lhe-ia sido dedicada por Richard Manuel) e a obra gravada vai regressando à superfície.
Karen Dalton - "Blues Jumped The Rabbitt"
Na sequência da reedição dos dois álbuns “oficiais” (It’s So Hard To Tell Who’s Going To Love You The Best, 1969, e In My Own Time, 1971), no ano passado, foi a vez da gravação ao vivo, Cotton Eyed Joe, e, agora, deste registo de gravações domésticas (de 1962 e 1963), apenas acompanhada à guitarra de doze cordas e banjo. Não acontece demasiadas vezes mas, neste caso, é obrigatório reconhecer que, ao culto, não faltam justificações: a voz áspera e ensopada de vida muito pouco fácil de Karen Dalton, num punhado de temas tradicionais, é mil vezes mais “old weird America” do que todos os pastiches actuais.
(2008)
01 January 2009
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3 comments:
Bem, que a Band lhe tinha dedicado a música sabia...agora, especificamente que teria sido o Ricardo Manuel, isso já não.
Por falar nisso, são estilo almas gémeas os dois, o Manuel e a Karen, não?
Love them both.
gosto muito. [nostalgic mode] esta descoberta devo-a a um tal blind boy grunt, do velho citas.[/nostalgic mode]
Lamento imenso não ter conhecido esta senhora há mais tempo. A sua tristeza teria contribuído, certamente, para a minha felicidade. Pus um link no meu blog.
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