25 January 2009

DÉCIMO SEXTO COMUNICADO DO C.A.L.A.
(Comité de Apoio a Laurinda Alves)



Diva - real. Jean-Jacques Beineix, 1981

Mas por que motivo nunca ninguém se terá lembrado de pôr isto no cinema?...

"Se fosse cinema, as imagens da multidão a entrar e a sair do Metro seriam filmadas com a luz certa, no tempo certo. O desfile incessante de gente que sobe e desce escadas a correr, que se acotovela nas plataformas para chegar às portas, que olha sem ver, que ouve uma música que é só sua, que passa distraída sem se deter com nada nem ninguém porque tudo ali é feito de pressa, é incrivelmente cinematográfico.

Há uma urgência subterrânea que empurra e puxa as pessoas, que abre e fecha portas, que faz avançar os comboios na escuridão dos túneis onde o ronco metálico é mais ou menos acelerado conforme a proximidade das estações. O Metro tem um cheiro próprio e um embalo vertiginoso que arrasta as imagens das luzes reflectidas nos vidros. Luzes encarnadas, néons verdes e azuis de fora, mais o branco-gelo sempre aceso no interior, que risca ao comprido as janelas onde se vê o negativo das caras e dos ombros dos que vão sentados. Tudo isto faz outro filme dentro deste filme de multidões". (aqui)

(nota: recomendamos vivamente a leitura integral do post - não por uma mera questão de militância que poderia ser, legitimamente, atribuída ao C.A.L.A. mas em virtude da superior densidade do pensamento laurindiano que merece ser partilhado por todos)

(2009)

4 comments:

Anonymous said...

Sem querer ser repetitivo, volto a dizer que, no blog da Laurinda, o que me dá verdadeiro gozo são os comentários lá deixados.
Afinal o mundo está repleto de pessoas boas e com imenso amor para oferecer. Todos tão bonzinhos... o problema são os outros. Os outros é que é uma chatice que nem um olá ao motorista do autocarro dão. Sem os outros o mundo seria um local perfeito.

João Lisboa said...

Mas, caro/a instorm, não pode ignorar que, se esses comentários aparecem, é porque a candidata Laurinda tratou de criar as condições favoráveis para que isso acontecesse.

Devemos-lhe isso e muito mais.

Anonymous said...

Sem dúvida nenhuma.
A revista Xis era/foi/é a bíblia.
Eu é que me divirto mais com as palavras dos seus apóstolos. Fazem-me lembrar filmes de domingo à tarde, daqueles sempre com 'happy endings'. No entanto, imagino-os sempre com uma banda-sonora de filme de terror.

fallorca said...

Seu - dela, Lau-Lau - eterno devedor me reconheço