08 November 2008

UMA MODESTA PROPOSTA PARA PREVENIR  QUE, EM PORTUGAL, AS CRIANÇAS DOS POBRES SEJAM UM FARDO PARA OS PAIS OU PARA O PAÍS, E PARA AS TORNAR BENÉFICAS PARA A REPÚBLICA (ou o problema da Educação) *



1 - Encerramento imediato de todas as Escolas Superiores de Educação e Piagets afins e impedimento de exercício da actividade durante 20 anos aos elementos dos respectivos corpos docentes;

2 - Regresso da formação de professores às Universidades;

3 - Extinção tendencial (avaliada caso a caso) nos curricula universitários de todas as cadeiras de "ciências" da Educação;

4 - Reciclagem obrigatória, durante dois anos, nas Universidades, de todos os professores licenciados nos últimos quinze anos por ESEs e Piagets, para aquisição dos conhecimentos nas suas áreas de docência que, no período de "formação", lhes foram sonegados (naturalmente, uma vez que a responsabilidade da sua deficiente preparação é imputável ao Estado, deverão manter os respectivos salários e regalias);

5 - Provas nacionais de avaliação de conhecimentos nas respectivas áreas de docência para TODOS os professores, concebidas e realizadas nas Universidades: os resultados inferiores a 14 valores implicam reciclagem compulsiva nas Universidades ou (opção do professor) aposentação imediata.

* (título inspirado em Jonathan Swift; mas, nesta versão, com toda e qualquer partícula de ironia cirurgicamente extraída: é mesmo a sério)

(2008)

15 comments:

Anonymous said...

"os resultados inferiores a 14 valores implicam reciclagem compulsiva nas Universidades ou (opção do professor) aposentação imediata"
Aposentação imediata? à conta de quem?

João Lisboa said...

"Aposentação imediata? à conta de quem?"

Observação pertinente. Tópico a estudar melhor. Considerar a hipótese de despedimento com justa causa.

Táxi Pluvioso said...

O Alice Cooper tinha melhor proposta School's Out.

Anonymous said...

Subscrevo tudo, acrescentaria mais duas:

6 - Condições excepcionais e ideais (turmas mais pequenas, horário lectivo mais reduzido, mais horas semanais no caso de disciplinas nucleares...) para aqueles professores que precisamente, na linha dos itens anteriores, demonstrassem merecê-lo - e já agora também àqueles que têm pela frente as disciplinas mais ciclópicas - continua a ser questão tabu e ideologicamente probitiva nas escolas a aceitação, que depois se reflectisse em qualquer distinção efectiva e estrutural, de que um professor de português, matemática, ciências ou ingês, por exemplo, não tem ou terá a mesma 'carga' de trabalho, nem nas aulas nem, sobretudo, fora delas, do que um de educação física, tecnológica ou visual...

7 - Deslocação de TODAS, mas mesmo todas as tarefas burocráticas, administrativas e funcionais a que os porofessores se vêm submetidos, em particular nas direcções de turma, para secções próprias e capazes nas secretarias.

João Lisboa said...

Pontos 6 e 7 aceites.

João Lisboa said...

"O Alice Cooper tinha melhor proposta School's Out"

É idêntica à dos Floyd. E coincide, basicamente com as do ministério: dar cabo da escola.

Anonymous said...

"É idêntica à dos Floyd. E coincide, basicamente com as do ministério: dar cabo da escola."

Touché!

Táxi Pluvioso said...

Alice Cooper é anterior e superior. Os Floyd são uns chatos só consumidos por quem frequentou a escola.

Anonymous said...

"a que os professores se vêm submetidos"

"vêm"?! O sotôr David não leve a mal mas tb está a precisar de uma reciclagenzita na Faculdade de Letras...

João Lisboa said...

""vêm"?! O sotôr David não leve a mal mas tb está a precisar de uma reciclagenzita na Faculdade de Letras..."

Gralha, erro ou lapso, caríssimo/a anónimo/a, parecem-lhe desnecessárias as "reciclagens"?

João Lisboa said...

"Alice Cooper é anterior e superior. Os Floyd são uns chatos só consumidos por quem frequentou a escola"

Não é a questão estética que está em causa. É o ponto de vista sobre "a escola". In a nutshell: "we don't need no education".

Claro que "quem não frequentou a escola", no contexto, até pode passar por visionário.

Anonymous said...

Ops, tem toda a razão o anónimo; escapou outro 'e' - de resto inglês também saiu 'ingês'. E não levo a mal. Esta - a diferença da conjugação plural entre 'ver' e 'vir' - por acaso até sabia; mas não julgue o anónimo que o 'sotôr' david, lá por ser sotôr, sabe tudo. Não, de todo. Aliás, nem sequer acha que os sotores têm que saber tudo - já seria muito bom que soubessem muito; e, de resto, não apenas das suas áreas de ensino.
Muito obrigado pela correcção, de qualquer modo. E obrigado ao João Lisboa pela generosa defesa.

João Lisboa said...

"e, de resto, não apenas das suas áreas de ensino"

Sim, sim, sim e sim. E acrescento: nas suas áreas de ensino, deverão saber muito, mas muito mais do que aquilo que ensinam.

Aliás, pobre do médico que só sabe de medicina (e é bom que saiba muito de medicina) ou do advogado que só conhece o direito (e ai dele que não domine a(s) lei(s)).

Anonymous said...

ensino e educação. diferença e repetição.

menagerie said...

Caro João - obrigada pelas ideias e pela referência ao Swift - pelo menos já teve alguma utilidade esta minha carolice. Abraço Helena