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"Eu imagino o ar entalado do ministro dos Negócios Estrangeiros, um homem civilizado e capaz, moderado e 'diplomata', no bom sentido da palavra, ao ver o que se estava a passar, ao ver o seu primeiro-ministro a fazer de vendedor de cobertores como se estivesse numa feira manhosa, promovendo o 'verdadeiro computador ibero-americano'. Sócrates, na pele de vendedor de uma empresa privada, a JP Sá Couto, que produz em regime de monopólio um computador que o Estado português 'compra', sem concurso público, em condições mal explicadas e mal esclarecidas, deu mais um passo num processo bizarro de envolvimento do Estado português como caixeiro-viajante de uma só empresa portuguesa. Imagino o que dirão as outras empresas do mesmo ramo, esmagadas perante esta competição desigual. (...)
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Mas a história só piora cada dia. Ela está a degradar cada vez mais a nossa política externa, com momentos ridículos, pasto dos Gatos Fedorentos, tanto mais que se passam numa cimeira internacional. É penoso ver Sócrates a dar computadores, numa extensão do e-escolinhas, aos chefes de Estado ibero-americanos, perante o sorriso irónico da maioria dos chefes de Estado, que, ou aproveitavam a descontracção para ir ver o correio íntimo ou o site dos jornais da oposição dos seus países (quando ainda sobrevive a oposição), ou o puro desinteresse daqueles que não estão ali para ouvir aquelas brincadeiras um pouco inconvenientes. Sócrates nem sequer se apercebe, que, quando diz que o computador é resistente aos líquidos, pela cabeça daqueles adultos empedernidos, os líquidos que se imaginam não são propriamente nem água, nem leite, nem iogurte.
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Mais. Sócrates obviamente nunca faria uma cena daquelas num conselho europeu, e nessa diferença está a rebaixar os seus anfitriões, como se estivesse ali a fazer de sr. Oliveira da Figueira, a trocar umas contas de vidro por ouro entre os tuaregues do deserto. Sócrates falava para os 'índios'. E os 'brancos' na reunião, como Zapatero, estavam noutra. Um desses índios, explicou ele, uma criança grande chamada Chávez, uma criança descuidada e desajeitada, até tinha atirado o 'Magalhães' ao chão para lhe gabar a resistência. E nem sequer passava pelo óraculo da televisão a mensagem de 'Não tentem repetir isto em casa'. Gostava de ver as criancinhas, perante o olhar horrorizado dos pais, a atirar o 'Magalhães' contra as paredes. Experimentem e mandem a conta a Chávez e a Sócrates.
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Eu tinha vergonha de lá estar e ouvir um primeiro-ministro de Portugal a dizer que os seus assessores não precisavam de outro computador para trabalhar a não ser o 'Magalhães', concebido para as crianças do ensino básico, o que implica que devem passar o dia a soletrar a tabuada com carneirinhos e florzinhas a voar no ecrã. Deve ter sido assim que foi feito o Orçamento pelos assessores, a jogar ao 'peixinho' no 'Magalhães', até que uma 'mão invisível' saindo da sombra, certamente com um Dell ou um Sony Vayo ou um MacBook Air ou um qualquer computador muito a sério, lá escreveu a anónima alteração da lei do financiamento partidário. Essa não foi feita de certeza num 'Magalhães'. É que, se fosse verdade que os seus pobres assessores tivessem de laborar nos seus gabinetes de 'Magalhães' à frente, o que obviamente não é verdade, isso diria muito sobre o infantilismo de toda esta conversa. (...)" (José Pacheco Pereira - texto integral aqui)
(2008)
2 comments:
"Sócrates nem sequer se apercebe, que, quando diz que o computador é resistente aos líquidos, pela cabeça daqueles adultos empedernidos, os líquidos que se imaginam não são propriamente nem água, nem leite, nem iogurte."
ahahah depois dizem que o pacheco não tem sentido de humor.
Ora... estava a pensar em Coca-Cola.
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