09 March 2008

O AMIGO SEBASTIAN



Ele não o revelou mas é bastante provável que a citação que Nick Cave, em “We Call Upon The Author”, confessa ter feito do seu amigo Sebastian Horsley seja “He said: everything is messed up round here, everything is banal and jejune, there’s a planetary conspiracy against the likes of you and me in this idiot constituency of the moon”. O tiro até poderá errar o alvo mas assentaria como uma luva ao extravagante dandy, cultor do deboche, “socialite”, alcoólico, pintor, escritor, “junky”, cronista e “performer” que se gaba repetidamente de, dos dezasseis anos aos actuais quarenta e cinco, ter “consumido” mais de 1 000 prostitutas (“das de 20 libras do Soho às de 1000, já dormi com todas as nacionalidades, em todas as posições”) e, pública e descomplexadamente, teoriza sobre o assunto: “De todas as perversões sexuais, a monogamia é a menos natural. Recordo-me bem da primeira vez que estive com uma prostituta, ainda tenho o recibo. Tanto quanto me apercebi, a rapariga estava viva. As piores coisas da vida são gratuitas. O valor exige uma etiqueta com o preço. Como poderíamos respeitar uma mulher que não se atribui um valor? Uma prostituta existe fora do ‘establishment’. Porque é rejeitada ou porque a ele se opõe. Ou ambas as coisas. É preciso coragem para pisar este risco. Merece o nosso respeito, não o nosso castigo. E, de certeza, nunca a nossa piedade ou as nossas orações. O sexo é uma das coisas mais saudáveis, maravilhosas e naturais que o dinheiro pode comprar”.


A crucificação de Sebastian Horsley

Oscar Wilde-de-sarjeta filho de milionário mas não menos citável que o modelo original, Cave conheceu-o em 1995, quando julgou aperceber-se que a sua namorada da altura se encontrava com ele: “Fui a casa dele com a ideia de lhe cortar os dedos ou coisa parecida. Toquei à campaínha e um homem de fato de veludo côr-de-rosa pálido abriu a porta. Nessa altura, compreendi que as minhas preocupações não tinham fundamento. Convidou-me a entrar, conversámos sobre arte e literatura e rapidamente se tornou claro que partilhávamos outros interesses que não a minha namorada”. Em Agosto de 2000, o ateu Horsley viajou até às Filipinas para se fazer crucificar, como método expedito de inspiração para uma série de quadros sobre a Paixão de Cristo. Já com os pregos de 10 cm cravados (sem anestesia) nas mãos, o apoio dos pés soltou-se e Sebastian só por pouco não teve o fatal destino do seu hipotético antecedente histórico… mas sem o bónus três dias depois. Em Setembro do ano passado, publicou a autobiografia Dandy In The Underworld - título tomado de empréstimo à obra do seu único deus, Marc Bolan - recebida com críticas, previsivelmente, divididas e extremadas. (2008)

4 comments:

Anonymous said...

“De todas as perversões sexuais, a monogamia é a menos natural." lol!

Já o Oscar Wilde dizia que a fidelidade nas relações amorosas é como o imobilismo de conceitos no pensamento...

menina alice said...

É grande frase. :D

Estive a ver o vídeo todo e o apoio de pés manteve-se firme e hirto...

(sim, sim, queria sangue! e é lindo o pormenor de guardar o óculozito de sol antes de ser crucificado)

João Lisboa said...

"Estive a ver o vídeo todo e o apoio de pés manteve-se firme e hirto..."

Não foi filmado até ao fim. Mas, se googlares "Sebastian Horsley", descobres descrições detalhadas do evento.

Anonymous said...

alberto pimenta na língua.