MIL-FOLHAS
Eric Matthews - The Imagination Stage
Maldição ou carimbo de qualidade, o estatuto de músico “de culto” tanto pode servir de guarda-chuva para inomináveis bizarrias como para aqueles autores que, sem se dedicarem à prática de géneros hermeticamente impenetráveis, por alguma insondável razão, nunca lograram cair nas graças do (geralmente muito pouco) respeitável público. Eric Matthews – como Paddy McAloon com o qual a sua matriz estética não partilha pouco terreno –, criador de verdadeiras preciosidades de pop requintada como It’s Heavy In Here (1995) ou The Lateness Of The Hour (1997), tem praticamente tudo o que os manuais aconselham para o livre acesso à condição de Bacharach (Brian Wilson também não lhe assentaria mal) do novo século: formação académica, gosto recomendavelmente eclético (do barroco, à pop e ao jazz), intuição melódica, “a way with words”, um modo pessoal de compôr canções-mil-folhas. Já o sabíamos das gravações anteriores e The Imagination Stage confirma-o em absoluto. Dificilmente surgirá tão cedo um álbum de pop mais ricamente trabalhada. Mas só duvidosamente Matthews, através dele, conquistará o reconhecimento que merece.
(2008)
28 March 2008
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2 comments:
Antes que alguém diga, digo eu: a capa é um susto. Entrada directa para o top-5 das piores de sempre.
Fraquinha, sim...
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