NOVA IORQUE, NOVA IORQUE
(David Berman)
Estão a construir uma segunda Nova Iorque
um pouco a ocidente da antiga.
Outra porquê, ninguém pergunta,
construam-na, e eles controem-na.
A cidade ainda está fechada a todos
à excepção dos trabalhadores
que afirmam ser a exacta duplicação dela.
Em boa verdade, cada homem trabalha na réplica
do apartamento em que vive,
acrescentando-lhe pormenores,
perfumadores, jardins de rocha,
e puxadores de hotel de cinco estrelas.
Melhoramentos, aqui e ali, em segredo,
às escondidas. Nenhum inspector repara
ou se importa. Todos estão felizes,
divertem-se ou passeiam sobre as ruas paralisadas
que o único repórter autorizado descreveu como
"aliviadas dos despojos do complicado passado da velha cidade,
mas libertando um pouco do perfume azul dos primeiros anos na terra".
Os homens começam a gostar da cidade em paz.
Começa a ser mais difícil voltar para casa à noite,
o que volta a preocupar as esposas.
As sopas amarelas arrefecem, os pôres do sol apressam-se.
Os homens fazem longos descansos sobre as bocas de fogo,
e acenam através dos espaços imóveis aos outros trabalhadores
que meditam nos seus resguardos.
Até um dia...
(in Actual Air, ed. Open City Books, 1999; trad. J. Lisboa)
(2008)
8 comments:
Porquê "duplificação"?
Porque eu sou imbecil.
Thanx.
foste imbecil? e eu não vi, ó que grande aborrecimento.
era «Oh» e não «ó»
GTBOA
;)***
"foste imbecil? e eu não vi, ó que grande aborrecimento"
Tens toda a razão. Falhar um momento raro desses é imperdoável.
Alicinha, quando li GTBOA, por momentos, imaginei que me mandasses uma daquelas fotos catitas que, de vez em quando, postas no teu coiso.
Das miúdas todas muito simpáticas? :D
Sei lá... por exemplo.
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