07 February 2008

A COLÓNIA DE INSECTOS



Silje Nes - Ames Room

O filão dos “originais escandinavos” não dá o menor sinal de se esgotar tão cedo. E, seja qual for a valorização que se atribua a cada publicação, será quase sempre muito difícil enquadrá-las em qualquer dos diversos rebanhos estéticos (e muito menos no dos copistas ao serviço da indústria da “remake”) que pastam ronceiramente nos amarelecidos prados da pop. Por comodidade e idêntica origem geográfica, seria tentador associar Silje Nes a Hanne Hukkelberg: ambas norueguesas em deriva por Berlim e, tanto uma como outra, praticando um tipo de pop electro-acústica, feita de minuciosas construções sonoras laboratorialmente intrincadas. Escutando com maior atenção, no entanto, pouco mais do que isso terão em comum. Se Hukkelberg prefere optar por algo que se poderia designar como instantâneos de alta-definição, Silje Nes parece trabalhar com a lente de um microscópio dirigido sobre uma colónia de insectos musicalmente activos e disciplinadamente organizados em ensembles de câmara que, para ela em exclusivo, actuam no canto mais escondido de uma caixa de brinquedos. Só lhe devemos ficar gratos por, secretamente, os ter registado para nós. (2008)

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