04 July 2007

NÃO É BEM POR AÍ...



Rose Kemp - A Hand Full Of Hurricanes

Uma das pequenas coisas mais agradáveis é vermos uma ideia preconcebida (mesmo das mais inocentes) voar em estilhaços à nossa frente. Por exemplo, Rose Kemp: quando somos informados que se trata da descendência de Maddy Prior e Rick Kemp – essas duas veneráveis figuras dos Steeleye Span e mil outras aventuras da folk/rock britânica –, a máquina de mentalmente muito associar desenha-lhe imediatamente um perfil hipotético. Trinta segundos de A Hand Full Of Hurricanes e várias rajadas de electricidade pura depois, dessa silhueta virtual pouco ou nada resta: mais rapidamente pensaríamos numa irmã (bastante) mais nova de PJ Harvey ou numa discípula dotada de Frank Black.



Preconceitos, outra vez... porque nem por aí se esgota este óptimo álbum que se aventura por cenários de voz e labirintos electrónicos dissolvendo-se em gotejar de glockenspiel (“Skin’s Suite”) ou por rupestres fanfarras waitsianas (“Sing Our Last Goodbye”). Num único momento – “Sister Sleep” – nos apercebemos de que, muito provavelmente, por alguma curva mais apertada no percurso das Silly Sisters, June Tabor poderá ter feito “baby-sitting” para a infanta Rose, a pedido de Maddy. Aquele “a cappella” traz a marca de origem. (2007)

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