25 May 2007



Skeletons And The Kings Of All Cities - Lucas

A traquitana sonora de Tom Waits ampliada para formato sinfónico/big-band de jazz free-form (qualquer coisa entre Sun Ra, a Flat Earth Society e o Art Ensemble of Chicago inicial), contaminada pelo psicadelismo refrigerante dos Animal Collective, a iconoclastia surreal da Ipecac e imaginariamente processada pela electrónica artesanal de Louis e Bebe Barron, conduzida por uma voz andrógina não muito distante da de Sufjan Stevens – cujo espírito, aliás, também paira algures por aqui.



Isto é, uma trupe de uma dúzia de músicos de Brooklyn liderados por Matt Mehlan que, pelo meio de novelos de poliritmia, “action painting” de sopros e secções de cordas em “travellings” imponderáveis, engendram um daqueles álbuns radicalmente singulares que, tal como os dos Homelife ou Super Numeri, nos baralham irremediavelmente os códigos de decifração e obrigam a escutar literalmente com ouvidos novos. Ou, de acordo com a descrição do próprio Mehlan, apenas “hair, water, labor, multitasking, body holes, Yellow Brick Road, disease, hope, piles of cash, 99 cent store, beepers and pagers, coffin boat television, boobs, drugs and the Garden of Eden”. Era isso mesmo que eu queria dizer. (2007)

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