02 November 2025

 
(sequência daqui) Bastante menos positivo é que, na posse de imenso e riquíssimo material de arquivo, o realizador Chris Smith pareça ter-se debatido com tal abundância que, pelo meio da estrutura inerentemente desordenada de algo que tenha a ver com os Devo, não tenha sido capaz de lhe achar um rumo melhor definido. Visualmente, o filme é um banquete: antigas atuações em concerto, participações televisivas, estranhos filmes curtos e gráficos animados que combinam com a estética caótica dos Devo. Parece um documentário editado por alguém preso numa máquina de jogos, o que. no caso, é até precisamente o ambiente adequado. Com menos de duas horas, poderá, ainda assim, ser necessário algum repouso após a sobrecarga sensorial. Mas não fica espaço para dúvidas acerca da influência que exerceram sobre gerações de músicos e artistas visuais, bem como a persistência da sua crítica ao consumismo e à conformidade. Mais do que um documentário musical, Devo capta a essência daquela arte que se encara como forma de resistência, oferecendo uma celebração da criatividade da banda e um alerta acerca dos tempos turbulentos que os moldaram.

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