10 June 2022

"everything perfect is already here"
 
(sequência daqui) A grande diferença entre ambos é que, enquanto Waits, então, confessava o desejo de “fracturar as canções para não lidar com elas tal como são, tornar mais abstractos os territórios familiares para oferecer-lhes algo como um contexto cubista, não lhes colocar um espelho à frente, dar-lhes antes uma martelada”, a matéria-prima sobre a qual Rousay trabalha são já os estilhaços sonoros do mundo – isqueiros, máquinas de escrever, passos, o piar de pássaros, farrapos de diálogos, o vento – capturados em "field recordings" de percurso aleatório e fluidamente articulados com os violinos de Alex Cunningham e Mari Maurice, a harpa de Marilu Donovan e o piano de Theodore Cale Schafer. Num espaço entre a "musique concrète" e o ilusório silêncio de Cage, Everything Perfect Is Already Here, enquanto projecto de arquitectura sonora virtual, leva-nos a escutar aquilo que o ouvido filtra.

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