25 September 2021

 
(sequência daqui) A certo ponto, Rick Rubin observa que “As canções estão tão presentes na nossa cultura que não somos capazes de pensar nelas como um conjunto de peças articuladas”. É, justamente, essa desmontagem que ambos se dispõem, então, a fazer iluminando melhor aquela prolongada harmonia coral em "Dear Prudence" (“É óptimo quando nos divertimos a testar os nossos limites”); a nota “impossível” do solo de piccolo no final de "Penny Lane" (“Está oficialmente fora da tessitura do piccolo, dissera-lhe David Mason, o trompetista da Royal Philharmonic Orchestra recrutado por £27 10s para essa sessão de estúdio) que Paul convenceu o instrumentista a tocar; o plágio involuntário de "You Can’t Catch Me", de Chuck Berry, por John Lennon, que acharam maneira de converter em "Come Together"; a guitarra sobressaturada de George Harrison em "Taxman"; o labiríntico "tape loop" de "Tomorrow Never Knows", literalmente inspirada em The Psychedelic Experience, de Timothy Leary; ou a utilização do sintetizador Moog – Robert Moog estava em Abbey Road por aqueles dias – em "Maxwell’s Silver Hammer", definitivamente a irmã ainda menos apresentável de "Ob-La-Di, Ob-La-Da". (segue para aqui)

1 comment:

Music lover said...

"As canções estão tão presentes na nossa cultura que não somos capazes de pensar nelas como um conjunto de peças articuladas."
Lembro-me do tempo em comprava um ou dois albuns e gastava a agulha a ouvi-los, conhecia os nomes das canções,as letras, os intérpretes, as capas. Depois trocava, por empréstimo, com os meus amigos e dai o estado lastimável em que ficaram. Quando aparaceu o CD, não consegui fazer o mesmo. Adquiri maiores quantidades de discos e, por vários motivos, perdi a capacidade de envolvimento que tivera com o LP. Nem sei quantos discos tenho que apenas ouvi uma vez. E, agora com o streaming, posso ouvir quase tudo e não tenho tempo.
Nostalgia à parte, perde-se umas, ganham-se outras. Não estou a lamentar-me, apenas a constatar.