11 May 2021

 
(sequência daqui) Após três álbuns em edição de autor, seria em 2013, com Pushin' Against a Stone (“Sinto que durante toda a minha vida, tenho andado a empurrar uma pedra. E todos os empregos que tive – em cafés, limpezas, como cozinheira, passeadora de cães, a ajudar o meu pai – contribuiram para compreender como se sentiam os artistas que admirava e que, ao fim de um dia de trabalho pesado, voltavam a casa e se sentavam no alpendre a tocar até serem horas de se deitarem”), que o mundo começaria a reparar nela. Mas as portas apenas lhe seriam verdadeiramente escancaradas quando, em 2017, publicou The Order Of Time, um dos álbuns desse ano para a “Rolling Stone” e, mais importante do que todo o resto, para Bob Dylan, que, numa entrevista, a mencionaria enquanto alguém que admirava e respeitava. “A minha maior qualidade, penso, é escrever canções. Ter a divindade do 'songwriting' a confessar que ouvia a minha música foi incrível. Não frequentei a universidade mas ouvi-lo, naquele dia, a referir o meu nome foi como concluir uma licenciatura”. Uma das suas várias actividades anteriores – como empregada da ervanária de Memphis, “Maggie’s Pharm” – talvez fosse já um prenúncio, mas quando a essa medalha de honra se somaram outras como as comparações com o Van Morrison de Astral Weeks – ele que canibalizara blues, jazz, soul e folk era, agora, devorado com proveito e elevação –, adivinhava-se que feitos maiores haveriam ainda de acontecer. (segue para aqui)

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