06 October 2018

"Uma questão interessante de discutir em democracia é a de saber que critérios devem existir para pagar salários mais elevados e se um dos fundamentais não é a dificuldade no exercício da profissão. Se um homem do lixo, que faz um trabalho que ninguém quer, se um mineiro, que tem um trabalho duríssimo, não deveriam ganhar muito mais do que um burocrata ou mesmo um trabalhador qualificado ou um gerente bancário ou um técnico de informática? E carregar sacos e caixas de cerveja, ou passar o dia a abrir valas debaixo de um sol impiedoso nas ruas da cidade? A resposta habitual é que as qualificações significam 'valor' e produtividade, e é verdade. Mas devem esses ser os critérios principais na atribuição de um 'valor' no salário? O 'valor' económico deve sobrepor-se à 'justiça' social?" (JPP)

5 comments:

alexandra g. said...

ah, e tu é que andas a pagar um balúrdio à Securitas?

nessa linha de pensamento (e factos), vou já a correr, qual gazela, exigir uma indemnização ao JPP e a ti (claro!), pois isto mesmo que citaste já eu o afirmo há décadas (2, pelo menos).

ai o caneco! terei eu que frequentar e concluir com louvores + permanecer em programas de tv + escrever partout (podem ser paredes?) para que me escutem?

:P

João Lisboa said...

"escrever partout (podem ser paredes?)"

Podem. Depois fazes umas fotos e boto-as aqui.

Daniel Ferreira said...

"A resposta habitual é que as qualificações significam 'valor' e produtividade, e é verdade."

O senhor professor doutor Pacheco Pereira não percebe lá muito do mundo real (não é novidade). Parece não se ter apercebido da triste figura que uma boa parte -- pela minha experiência, a maior parte -- dos licenciados faz ao longo da sua vida profissional. E que os empregos de baixas qualificações não deixam de permitir aos trabalhadores aprender muita coisa que não vem nos livros. Sorte -- muita sorte -- tive eu em poder trabalhar com essas pessoas em várias empresas e aprender (muito) com elas, porque a universidade não me fechou o cérebro.

Quanto à justiça social... mas de que é que ele está a falar? Se um soldador ganha uma pipa de massa fora de Portugal e aqui tem de trabalhar, muitas vezes, pelo salário mínimo, é porque vivemos no país das caganças académicas, dos empresários reles e dos engenheiros de aviário. Bem fazem os que emigram, desfalcando o país de recursos humanos e conhecimento que não se aprende na escola.

João Lisboa said...

Mas isso não contradiz o que o PP escreveu.

Daniel Ferreira said...

A conclusão é a mesma, claro, mas chegamos lá por vias diferentes, como expus acima.

Dito de outra forma: gostei daquele graffito que publicou por aqui, comparando porcos e banqueiros, e que me parece uma excelente resposta à questão de JPP: «O “valor” económico deve sobrepor-se à “justiça” social?». De facto, se determinássemos os ordenados pelo valor económico de certas pessoas, a justiça social viria por arrastão.