02 July 2016

"É pelo 'negócio' que se chega à salvação. É pela vulgata da linguagem dos 'business plans' que se encontra o caminho para a 'luz' ou seja, para o 'sucesso'. O neo-PSD dos nossos dias pensa assim, ou seja, não pensa, tem uma fé. Na prática, quase tudo o que faz é de outra natureza, muito mais antiquada, a gestão de cunhas e acordos, de controlos e influências, mas precisa de 'espírito', de uma espécie de religião barata e que não dê muito trabalho e vai procurá-lo aqui" (JPP)

14 comments:

Anonymous said...

Pacheco Pereira continua a sua cruzada inquisitorial contra o PSD da actualidade, desvirtuado, segundo o mesmo, das características que o levaram a aderir ao partido, nos anos das maiorias absolutas de Cavaco Silva.´

Quem o via na AR nos anos noventa, a perorar sempre em favor das ideias de um partido que foi o de Sá Carneiro mas também o de Balsemão ou de Cavaco Silva nem acredita na figura hirsuta de hoje, a desbastar o suposto liberalismo de um partido que nunca deixou de se chamar social-democrata e cujo ideário político nunca se afastou do que sempre foi, apesar dos protestos dos pachecos.

João Lisboa said...

Ele sempre foi hirsuto e nunca deixou de perorar...

Anonymous said...

Sim. Não deixa de ser verdade.

Pegando na imagem de um opúsculo do grupo parlamentar do PSD da actualidade Pacheco encontra-lhe tantos significados que tudo o reconduz a uma ideia simples: o PSD actual é composto de "homens da Regisconta", ou seja de homens com pasta de executivo na mão e ideias curtas sobre gestão "de baixa qualidade". A ideia extrapola-se ainda para o "jovem executivo", o "profissional de marketing" reconduzido ao "diligente jota".
O resumo da brilhante ideia de Pacheco encontra-se no achado vituperador: "Quem deve estar a rabiar naquele título e por baixo do "homem da Regisconta" é a palavra "social-democrata".

João Lisboa said...

Ele sempre vituperou sobre opúsculos...

Anonymous said...

No outro dia, Pacheco explicava ao leitor o que era a sua ideia particular de social-democracia muito chegada à doutrina social da igreja e à falta de melhor referência para contrastar com o famigerado Regisconta tecnocrático que aborrece o historiador Pacheco.

A medida do anacronismo pachecal encontra-se logo na referência à Regisconta, uma empresa portuguesa que inventou o slogan em 1972 com a "prata da casa".

A ideia básica é estranha a Pacheco Pereira porque em 1972 era um dos doentes infantis do comunismo que via na Regisconta o inimigo de classe a abater, com panfletos maoistas distribuídos nas soleiras de portas esconsas da cidade do Porto.

A Regisconta era "aquela máquina", um slogan publicitário que calou fundo no imaginário obscuro dos pachecos que pululavam então como pulgas esquerdistas no lombo do capitalismo que isto representava em estado puro.
Este e outros slogans publicitários, fabulosos de inventividade, ndos anos sententa, só encontram eco mediático nos pachecos et al quando são atribuídos aos O´Neill ou génios assim porque se forem de anónimos da escrita são apenas do tempo do fassismo e nada mais...

João Lisboa said...

Intervalo para publicidade no Canal História.

Anonymous said...

Tudo isto são conceitos estranhos às figuras pachecais que só entranharam algumas ideias do capitalismo nacional quando tal lhes fazia jeito no exercício do poder de mando. De resto sempre social-democrata, tipo doutrina social de uma igreja qualquer, mesmo da esquerda que nunca esqueceram. As contradições nunca incomodaram as pachecais figuras porque são o seu caldo de cultura.

No início dos anos setenta do século que passou, em Portugal, havia muitas "regiscontas" com o conceito certo que agora os pachecos repristinam para fustigar ideias adversas.

Resumindo e concluindo: O que é triste nestas pachecais figuras é a sua "gestão de baixa qualidade" dos conceitos que continuam a esportular como se fossem actuais ou tivessem ainda significado relevante.
Estas anacrónicas figuras são tidas como intelectuais de referência por outros que se lhes assemelham no estilo, ideologia e métodos. Todos esquerdistas...e são eles, essa gente que nos tem desgraçado ao longo de décadas. Em nome da Cultura...

( Agradeço o contraditório e a ironia fina ao Sr. João Lisboa, bloguer que prezo, apesar da ideologia radical.)

João Lisboa said...

"apesar da ideologia radical"

Não vejo onde está o radicalismo: devolver a alegria ao p.o.v.o. através de grandes festas à volta de uma guilhotina erguida no Terreiro do Paço parece-me até uma modesta e sensata ambição.

Anonymous said...

"
Não vejo onde está o radicalismo: devolver a alegria ao p.o.v.o. através de grandes festas à volta de uma guilhotina erguida no Terreiro do Paço parece-me até uma modesta e sensata ambição."

Mas isso não seria 'a mesma coisa' que um espectáculo...de ludopédio?
(para utilizar expressão escarnecida sua...)

João Lisboa said...

Não. Era mais no género Piquenicão. Mas em bom.

Anonymous said...

O JPP naqueles anos todos que nos andou a "interpretar" cá e em Bruxelas tinha como subalterno o Passos.O tal que aparecia de 4 em 4 anos nas vésperas de eleições a prometer à "juventude" menos meses de SMO.Nessa altura o JPP nunca se indignou...nem agora se indigna com o "contrário" do que ajudou a fazer: a descolonização...

Saul

João Lisboa said...

Bom dia 3 de Julho de 2016.

Anonymous said...

O Pacheco Pereira é um lunático, sobre isso não hajam dúvidas. Mas a verdade é que não há maneira de o modo de produção capitalista escapar à queda tendencial da taxa de lucro, que é um defeito estrutural inerente ao mesmo.

Após o fim dos Trinta Gloriosos (circa 1975), o modo de produção capitalista nunca mais conseguiu regressar às elevadas taxas de lucro, as crises cíclicas repetem-se com cada vez maior frequência (já dizem que vem aí uma nova a caminho e ainda nem saímos da actual...) e têm uma durabilidade cada vez maior, algo que Marx previu correctamente.

Por sua vez o poder de compra das pessoas não pára de baixar, pelo simples motivo de que os lucros da burguesia também não param de cair, o que significa que a burguesia vai ter necessidade de reduzir os custos de produção e isto reproduz-se sempre na forma de mais cortes de salários, mais despedimentos, mais desemprego e em consequência directa de tudo isto, um menor poder de compra, o que conduz a uma ainda maior redução dos lucros da burguesia...

Não há forma de se escapar a este ciclo vicioso mortífero inerente ao modo de produção capitalista e até hoje os economistas apenas desenvolveram medidas que não passam de cuidados paliativos.

Gilberto da Putrificação Smith

João Lisboa said...

"sobre isso não hajam dúvidas"

Não "hajam", não.

"Não há forma de se escapar a este ciclo vicioso mortífero"

Mortífero, é a palavra certa. Com sanguinho a correr pelas ruas e tal, possivelmente.

Gilberto da Putrificação Smith é um "petit nom" adequado.