"Desejos que pareciam repugnantes como a expulsão daquele que é estranho ao nosso clã sobem do cérebro reptiliano até à fronte e ali inscrevem novamente uma brutalidade primitiva que, confessemos, preservou o género humano: o egoísmo da sobrevivência. Pois é a vida, a física e do espírito, o que está a correr um grande risco aqui.
A ironia da História é que podemos fazer tudo o que sempre desejámos, manifestar, falar, votar e debater, respeitar o diferente, instituir os cuidados gratuitos, isto é, ser cidadão num Estado de confiança e representação. Festejámos demais, dançámos muito, os que estavam na classe dos criados passaram num abuso para os salões?
Dizem que fomos nós, os preguiçosos, os gulosos do Sul, quem fez gorar o projecto da coisa. Por mim, pequena portuguesa, dou o exemplo: vou buscar o esfregão e a vassoura, antes que algum refugiado mos cobice" (Hélia Correia)
Pieter Bruegel, o Jovem (1564 - 1638)
8 comments:
Excelente escritora, mas esquerdalha até mais não.
O problema desta senhora, como de tantas outras, é nunca terem estado, por exemplo, em Cabo Verde, ou na Guiné Bissau, para referir estes dois exemplos que nos são próximos.
Compreenderia que, numa estadia no mínimo de duas semanas, na volta desses Países, sentiria que somos um país rico.
E essa prosápia esquerdalha, cairia logo por terra, à vista de tamanha miséria, tamanho desprogresso, tamanha destruição, 40 anos após o bem intencionado 25 de Abril.
E o problema de muito caboverdeano e guineense actual é nunca ter trabalhado numa mina de carvão do Yorkshire, no século XIX. Iam logo sentir-se privilegiados.
"Festejámos demais, dançámos muito, os que estavam na classe dos criados passaram num abuso para os salões? Dizem que fomos nós, os preguiçosos, os gulosos do Sul, quem fez gorar o projecto da coisa."
"Gorar o projecto da coisa" não foram só os preguiçosos, os gulosos do Sul.
Foram também aqueles que à pala da democracia, encheram os bolsos de todas as maneiras e feitios.
Mas, tão ou mais importante para o desastre do 25 de Abril, foi a introdução de uma mentalidade que, por obra e graça do PCP e seus derivados, implantou na sociedade o conceito que antes de trabalhar, já devemos estar a distribuir dividendos, que antes de merecer já demos usufruir, que o Inferno são os outros e não nós.
Reduzir à gulodice e escarnecer com a esfregona e os refugiados, é típico, por melhor que saiba escrever ou falar, de poucas andanças no mundo.
Saul
"é típico, por melhor que saiba escrever ou falar, de poucas andanças no mundo"
Nem imagina quão errado está.
"que antes de trabalhar, já devemos estar a distribuir dividendos, que antes de merecer já demos usufruir"
E, claro, ninguém trabalha, é tudo uma cambada de calões, putas e vinho verde...
De vez em quando, costuma usar o cérebro ou só repete aquilo que ouve?
Tomemos, por exemplo, o caso da Educação, área a que João Lisboa se encontra ligado.
Desde muito cedo impera o ninho e o facilitismo.
As crianças são educadas para a família. Não para um dia serem autónomas e independentes. Mas, para um dia dependerem.
Do patrão. Do Estado. Da Segurança Social. Do emprego que não existe.
A Escola privilegia a passagem de ano. Não o esforço e o estudo.
É toda uma cultura de Esquerda que temos que 'mandar à vida'.
"As crianças são educadas para a família. Não para um dia serem autónomas e independentes. Mas, para um dia dependerem. Do patrão. Do Estado. Da Segurança Social. Do emprego que não existe. A Escola privilegia a passagem de ano. Não o esforço e o estudo"
Que extraordinária salada russa! Por acaso, até há umas criaturas empreendedoríssimas http://www.epis.pt/homepage que aparecem, regularmente, pelas escolas a levar a "boa nova" aos infantes. Sem grande sucesso, mas isso é lá com "os empresários pela inclusão social".
É toda uma Cultura que repousa na propriedade dos direitos adquiridos.
Ou seja, o País pode até entrar na bancarrota, mas como os direitos já estão adquiridos, tudo o mais não interessa.
Esta é a postura do Engano da esquerda comunista do PCP e seus derivados.
Não importa se o barco está a afundar-se ou se o vento não sopra nas velas, os direitos estão adquiridos.
É claro que se chegassem ao Poder, outra discurso cantaria.
Então, está bem.
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