31 May 2016
... embora tudo pareça indicar que, em elaboradíssima metáfora de cariz dylaniano, o que ela tenha dito fosse "Não é por nada, filho, mas não tarda muito que venha por aí chuva da grossa"
("CM")
LIMPAR O PÓ AOS ARQUIVOS (XXX)
(com a indispensável colaboração do R & R)
(clicar na imagem para ampliar)
Nota: é impressionante como - especialmente no primeiro parágrafo - foi possível estar tão tremendamente errado.
30 May 2016
Fiquemos, pois, eternamente gratos a quem se dá ao inglório trabalho de tentar explicar-lhe uma ou duas coisas
Edit - para os informaticamente oprimidos:
Fascismo é quando um homem quiser
"Em 2016, o panorama editorial português fica marcado pela publicação de dois best-sellers altamente tóxicos: O Pavilhão Púrpura, de José Rodrigues dos Santos, e A Minha Luta, de Adolf Hitler.
Em O Pavilhão Púrpura, Rodrigues dos Santos sustenta que o 'fascismo alemão' se chamava 'nacional-socialismo' por uma razão muito simples: o sufixo 'socialismo' significa que o nazismo é um movimento de origem marxista.
Em A Minha Luta, logo no segundo capítulo, Adolf Hitler descreve os seus tempos em Viena, e diz: 'Foi nessa altura que os meus olhos se abriram para dois perigos que eu mal conhecia e cuja assustadora importância para a existência do povo alemão eu estava longe de suspeitar: o marxismo e o judaísmo'.
Um pouco mais à frente, Hitler confessa: 'Fiz um esforço sobre mim próprio e tentei ler as produções da imprensa marxista, mas a repulsa que elas me inspiraram acabou por tornar-se tão forte que procurei conhecer melhor os que urdiam estas canalhices'. Eram os judeus, obviamente. Contudo, dos milhões de palavras proferidas por Hitler de que há registo, nenhuma indicia que se debruçou sobre os escritos teóricos do marxismo, que tenha estudado Marx ou Engels, ou Lenine (que esteve em Munique não muito antes dele), ou Trotsky (seu contemporâneo em Viena). 'Fosse em Munique ou em Viena, Hitler não lia para se cultivar ou aprender, mas para confirmar os seus preconceitos', escreve Kershaw na sua monumental biografia do líder nazi (cf. Ian Kershaw, Hitler, Vol. 1 – 1889-1936: Hubris, Londres, 1998, pág. 84).
Adolf Hitler, portanto, nem sequer leu Karl Marx antes de se proclamar anti-marxista. E José Rodrigues dos Santos, pelos vistos, nem sequer leu Adolf Hitler antes de proclamar que o nacional-socialismo tem origem no marxismo.
Quanto ao fascismo em termos mais genéricos, recomenda-se-lhe a leitura de um livro saído entre nós em 2011. Logo nas primeiras páginas de Fascistas, Michael Mann tem um capítulo chamado Para uma definição de fascismo (pp. 34ss). Aí, passa-se em revista a abundante literatura académica que tem sido produzida pelos maiores especialistas mundiais sobre o tema. Certamente por lapso ou lamentável distracção, não se menciona o nome do doutor Rodrigues dos Santos, nem os seus recentes trabalhos de filosofia política, como As Flores de Lótus e O Pavilhão Púrpura, ambos demonstrativos da tese de que o fascismo tem origem no marxismo. Mas Michael Mann cita, por exemplo, o insuspeito Ernst Nolte, que, num clássico de 1963 (Der Fascismus in seiner Epoche), identificou um 'mínimo fascista', o qual combina três 'antis' ideológicos: o antiliberalismo, o anticonservadorismo e… o antimarxismo. No esmagador History of Fascism (1995), Stanley Payne considera a definição de Nolte insuficiente, mas adere à sua ideia de que o antimarxismo constitui uma das características essenciais do fascismo. O texto de Rodrigues dos Santos publicado neste jornal representa um lamentável exemplo de como uma amálgama confusa de referências e factos históricos pode conduzir a conclusões erradas, sobretudo quando se pretende, com pontinha de imodéstia, apresentar um sound bite provocatório, estratagema promocional que, de resto, já fora usado pelo autor no lançamento de outros títulos da sua pavorosa bibliografia.
Concedendo-lhe um piedoso benefício da dúvida, podemos até pensar que o autor acredita mesmo naquilo que diz, julgando ter feito descobertas revolucionárias, assombrosas, como os heróis dos seus romances. Nesse caso, o problema será de outro foro, mais grave, surgindo geralmente diagnosticado com o epíteto de mitomania. Metendo-se por caminhos sinuosos e veredas que não conhece, o autor de O Pavilhão Púrpura julga que descobriu uma 'verdade' onde afinal só existia uma ignorância – a sua. Como se estivesse perante um júri académico ou numa sala de audiências, convoca as 'provas que apresento nos meus romances'. Infelizmente, nada apresenta de novo. O socialismo juvenil de Mussolini, por exemplo, foi minuciosamente descrito por Renzo de Felice em Mussolini il revoluzionario, 1883-1920 (Turim, 1965, pp. 1-200), por Luciano Dalla Tana em Mussolini massimalista (1964), por Emilio Gentile em Mussolini e "La Voce" (1976) ou por Gerhardo Bozetti em Mussolini direttore dell’Avanti (1979). A esta excelsa bibliografia deveremos juntar, a partir de agora, dois romances de José Rodrigues dos Santos, que, ao contrário da presunção do autor, nada acrescentam ao que já consta de publicações respeitáveis como a Wikipedia, quer sobre a influência de Sorel e de Michels, quer sobre as metamorfoses do sindicalismo revolucionário em Itália. A complexa e turbulenta evolução dos movimentos políticos italianos, aliás, passa completamente ao lado do nosso romancista de sucesso.
Não se tem presente, por exemplo, que na fundação, em 1919, na Piazza Santo Sepolcro de Milão, dos Fasci Italiani di Combatimento, é já bem notório o predomínio do sindicalismo nacionalista sobre o sindicalismo revolucionário.
Dizer que 'o fascismo tem origem no marxismo' estará correcto, num certo sentido, mas é o mesmo que dizer nada, absolutamente nada, do ponto de vista historiográfico e politológico. Como observa Ernst Nolte, é óbvio que sem o marxismo não existiriam o fascismo e o nazismo, justamente porque estes se afirmaram como anti-marxistas (e, para ser coerente, entre as 'provas' que revela nos seus romances Rodrigues dos Santos deveria ter apresentado declarações a favor do ideário marxista feitas por Mussolini na sua fase fascista pós-1920 ou por Adolf Hitler nas páginas de Mein Kampf).
Em suma, para o ponto que interessa – a classificação tipológica dos regimes políticos – qualificar o fascismo como um movimento de origem marxista é um erro, pois as supostas 'raízes marxistas' do fascio não caracterizam a essência do seu perfil. Pegando no texto de Rodrigues dos Santos, também poderemos dizer, se quisermos, que o fascismo tem origem no evolucionismo de Darwin ou que o nazismo se inspirou nas leis de Newton. Entra-se no vale-tudo, pois, de facto, isto anda mesmo tudo ligado. Com jeito e audácia, poderemos até sustentar que o Benfica foi campeão de futebol este ano porque o Beira-Mar falhou aquele penálti decisivo contra o Leixões nas semifinais da Taça de 1967. Já agora, e porque nestes últimos livros se aventurou por terras do Oriente, Rodrigues dos Santos deveria ter referido o 'fascismo japonês', de que os soviéticos começaram a falar em 1934. A esse propósito, poderia até ter citado o nome do jornalista nipónico Motoyuki Takabatake (1886-1928), antigo anarquista que traduzira O Capital em 1924 e, pouco depois, abraçava a causa nazi – mais uma prova irrefutável de que 'o fascismo tem origem no marxismo'.
À defesa, Rodrigues dos Santos vem agora dizer que o pensamento dos fascistas 'continuou a evoluir', o que é próprio dos seres humanos e doutros animais. Todavia, não esclarece os leitores que, na sua etapa plenamente fascista, Mussolini já havia rompido com o socialismo de juventude. Rodrigues dos Santos afirma, por último, que os fascistas se declararam como antimarxistas, 'o que, a partir de certo ponto, realmente aconteceu'. É nesse ponto que bate o ponto. Foi precisamente a partir daí que o fascismo se afirmou, cresceu e alcançou o poder, florescendo como um movimento que não só não era marxista como se manifestava, na teoria e na prática, como militante e combativamente antimarxista. Como nota Stanley Payne, só no Outono de 1920 o termo 'fascismo' se tornou uma expressão corrente, servindo para designar os cada vez mais violentos Fasci di Combatimento, que se afirmavam nas ruas como vanguarda agressiva e nacionalista de uma 'guerra contra o bolchevismo'. O número de filiados passou de 20.000, em finais de 1920, para 100.000, em Abril de 1921, quase duplicando esta cifra no mês seguinte. Em Novembro, os Fasci tinham já 320.000 aderentes. Eram agora um movimento de massas, com muitos membros que, sobretudo nas zonas rurais do Norte de Itália, passaram directamente da CGL socialista para o fascismo. As eleições de 1921 foram um triunfo pessoal de Mussolini, tendo os socialistas descido de 32% para 24% e o novo partido comunista obtido uns ínfimos 2,8%. A campanha eleitoral foi de enorme violência: de acordo com um relatório policial, nos primeiros quatros meses de 1921 houve, no mínimo, 206 assassinatos políticos. A violência era tanta que Mussolini foi instado a controlar as suas hostes, expulsando do movimento criminosos de delito comum e outros militantes particularmente agressivos. No dia a seguir às eleições, foram mortos 10 socialistas. Estes reagiram com igual violência, matando 18 'camisas negras' em Génova, em Julho de 1921. De vendetta em vendetta, foi impossível alcançar a paz; e Mussolini percebeu que era melhor organizar a violência a seu favor do que tentar controlá-la. Transformados os Fasci no Partito Nazionale Fascista, este configura-se como uma organização paramilitar e, em Outubro de 1922, marcha sobre Roma, sendo dispensável contar o resto da história. De há muito que os socialistas eram os alvos principais da violência dos fascistas (e vice-versa, note-se), pelo que dizer que o 'fascismo tem origem no marxismo' é não perceber nada da sequência temporal dos factos. Numa síntese arriscada, quando o fascismo verdadeiramente surge, quando emerge como autêntico fascismo, de há muito tinha abandonado as suas origens sindicalistas-revolucionárias; e, mais ainda, agora perseguia a tiro e a golpes de navalha os socialistas e os membros de outros grupos de esquerda.
De permeio, é certo, muitos dirigentes fascistas das zonas rurais gritaram 'a terra a quem a trabalha'. Talvez num próximo romance José Rodrigues dos Santos nos traga a revelação sensacional de que as ocupações no Alentejo em 1975 tiveram origem em Mussolini e nos seus adeptos. Que Deus lhe perdoe. (António Araújo)
29 May 2016
Ó Lenita, como é que alguém poderia atrever-se a achar que os padres são "reaccionários, atrasados e ignorantes" havendo tantos e tão eloquentes exemplos (como este do Capelão Magistral) que nos demonstram exactamente o contrário?
28 May 2016
O intelectual do Largo do Rato Mickey (aka Tweedledum) considera que a identidade nacional mais profunda - seja lá isso o que for - data de 1 de Janeiro de 2002
"Estamos integrados na zona euro, é um elemento constitutivo da nossa identidade nacional mais profunda" (Francisco Assis, "Expresso", edição em papel)
27 May 2016
26 May 2016
HOOKERS
Goffin & King. Leiber & Stoller. Holland-Dozier-Holland. Bacharach & David. Lerner & Loewe. Rodgers & Hammerstein. Os fabricantes de êxitos pop, actuando autonomamente ou no interior de linhas de montagem de feição industrial – Tin Pan Alley, Brill Building, Tamla Motown – estiveram sempre muito mais próximos do modelo-Vivaldi (aviando, por encomenda, 500 concertos, 40 cantatas, 22 óperas, e mais de 60 peças de música sacra) do que do artista romântico oitocentista, obcecado com a expressão individual de emoções e sentimentos. Mas teriam de passar ainda algumas décadas até que as "hit machines" atingissem o elevadíssimo grau de sofisticação produtiva actual que John Seabrook descreve em The Song Machine: Inside The Hit Factory. Produtividade é, de facto, a palavra-chave.
Katy Perry - "Californis Gurls" (prod. Max Martin)
Numa época em que os lucros da indústria discográfica encolheram até menos de metade do pico em 1999, nenhum detalhe pode ser descurado: se os programadores das rádios de Top 40 garantem que um ouvinte médio apenas concede 7 segundos de atenção a um tema antes de mudar de estação, então, é indispensável que as "playlists" se apresentem como “ruas de meninas” de Amesterdão, nas quais cada canção exibe um "hook" (motivo rítmico-melódico orelhudo) na introdução, outro antes do refrão, outro no próprio refrão e ainda outro na ponte. O objectivo é publicar material “de dimensão industrial, destinado a centros comerciais, estádios, aeroportos, casinos, ginásios e ao espectáculo do intervalo do Super Bowl”. Para isso, constituem-se equipas de produtores, “topliners, beat makers, melody people, vibe people, and just lyric people”, eventualmente reunidas em "writer camps", de cujo "brainstorming" se colhe um "hook" aqui, uma sequência de acordes ali, um "beat" acolá, que, após a montagem das peças soltas, terão de passar pelo processo de "comping" – o moroso trabalho de edição de inúmeras "takes" vocais, compasso a compasso, palavra por palavra, sílaba a sílaba, se necessário. Atenção, enfim, ao pormenor “just lyric people”: Max Martin (sueco, dínamo-exportador de sucessos para Taylor Swift, Rihanna, Kelly Clarkson, Katy Perry ou Adele), fraco falante de inglês, quando despachou "Hit me, baby, one more time" para Britney Spears, não imaginava que a canção pudesse vir a ganhar uma aura BDSM. Na verdade, supunha que aquilo que a miúda suplicava era que o namorado lhe telefonasse outra vez.
DIA DO CORPO DA DEUSA (II)
Aphrodite Kallipygos (100 aEC, Nápoles)
Giorgione - Vénus Adormecida (1505)
Bronzino - Uma Alegoria com Vénus e Cupido (c.1545)
Bronzino - Vénus e Cupido com um Sátiro (1553-55)
Bronzino - Vénus e Cupido com Dois Amoretti e a Inveja (1553-55)
Jacob van Loo - Uma Alegoria com Vénus e Cupido (1654)
E, agora, a parte mais gira: da esquerda à direita (com, aparentemente, uma única excepção*), estão todos de acordo!
*... duas...
*... duas...
DIA DO CORPO DA DEUSA (I)
William Bouguereau (1825 – 1905) - O Nascimento de Vénus
Louis-Jean-François Lagrenée (1724 – 1805) - Vénus e Marte
Louis-Jean-François Lagrenée - O Banho de Vénus e das Ninfas
Lambert Sustris (1520 - 1584) - Vénus e Cupido
25 May 2016
A luta dos trabalhadores e do povo, dirigida pela sua vanguarda que abençoa os Kims mas acha que o Zé dos bigodes foi um criminoso, impôs a reposição de um feriado da Vaticano S.A. em celebração de uma freira com as hormonas descontroladas e de uma hóstia com hemorragias
A mana Juliana, seguindo o mandamento cristão "ajoelhou, tem de rezar", anseia pelo momento em que o sinhor fará a sua aparição e ela se antecipará a Agnes-boquinha-santa (Philippe de Champaigne, 1645/50)
"Esta semana o Avante! sai à quarta-feira por uma razão que é motivo de grande regozijo: a reposição do primeiro de quatro feriados retirados pelo governo PSD/CDS, o feriado religioso de amanhã, dia 26, em consequência da luta dos trabalhadores e do povo e da firme intervenção do PCP"
LIMPAR O SÓTÃO
Segundo uma certa escola de pensamento, a possibilidade de conhecermos detalhadamente a intimidade dos criadores proporcionaria um precioso suplemento de profundidade na apreciação que fazemos da sua obra. O que, a ser levado a sério, imediatamente colocaria, por exemplo, William Shakespeare – que nem sequer sabemos exactamente quem foi – numa terrível situação de desvantagem e, a nós, deixar-nos-ia perdidos e incapazes de o entender e decifrar. Esta aparente imprescindibilidade de uma espécie de imprensa "del corazón", braço direito da hermenêutica, voltou a manifestar-se agora mesmo, por ocasião da publicação-surpresa de A Moon Shaped Pool, último álbum dos Radiohead. Estivéssemos ou não interessados em o saber, não havia como ignorar o dispensável pedaço de informação que nos dava conhecimento de que Thom Yorke, no passado Verão, pusera termo a um casamento de 23 anos e o quanto isso e a respectiva "midlife crisis" haviam sido determinantes na gestação do disco. Não se aplicará, ponto por ponto, neste caso, mas é difícil não pensar imediatamente numa dúvida de Tom Waits: “Se estamos a ver um filme muito mau e alguém nos diz 'sabias que é baseado numa história verdadeira?' será que o filme deixa de ser mau?”
E a questão torna-se ainda um bocadinho mais bizarra no instante em que nos damos conta de que cerca de metade dos temas de A Moon Shaped Pool ("Burn The Witch", "True Love Waits", "Ful Stop", "Identikit", "Desert Island Disk" e "The Numbers") já haviam sido divulgados – alguns desde há bastantes anos, isto é, bem antes do infausto desentendimento conjugal – sob diversas formas. O que, em rigor, para quem isso possa importar, transforma o disco mais numa limpeza de sótão do que num doloroso processo de catarse pública. Na realidade, como sempre deverá ser, o que conta é a música que ele contém. E, aí, de modo idêntico ao que aconteceu com as últimas edições da banda (e de Yorke), as canções tendem a empalidecer perante o "buzz" mediático que as envolveu. Se em Hail To The Thief (2003) houve um "leak" pirata, dois meses e meio antes da data prevista, In Rainbows (2007) investiu na modalidade "pay-what-you-want-download", e Tomorrow’s Modern Boxes (2014) foi colocado no BitTorrent por 4.73€, desta vez, tratou-se de um súbito apagão pré-parto de toda a presença "online" da banda. Para acabar por nos oferecer o quê? Onze peças alinhadas por ordem alfabética nas quais praticamente tudo o que existe de memorável é da responsabilidade de Jonny Greenwood e da London Contemporary Orchestra (o arranjo herrmann/reichiano de "Burn The Witch", o outro de "The Numbers" a insuflar energia no sonambulismo em piloto automático de Yorke e ainda o de "Tinker Taylor Soldier Sailor...", a salvá-la in extremis de uma penosa e lenta morte) e o resto é apenas meia dúzia de aguadas electrónicas de catálogo e embaraçosos confessionalismos tardo-adolescentes. Não valia a pena terem-se incomodado.
24 May 2016
"SOS? Credo, Jesus Maria José! Há uma coisa que eu não entendo. A nossa direita é toda descendente de lenhadores e campinos ou de guerreiros que combatiam os mouros, entroncando todos directamente no Viriato, que comia ratos e romanos vivos. Muitos ainda sentem saudades do tempo em que levavam porrada dos professores. Os filhos deles vão de férias para campos militares, onde acordam às cinco da manhã para fazer corridas e flexões, depois de rezarem o terço, porque podem ainda vir a ter de defender a pátria dos bárbaros. As crianças da esquerda é que, coitadas, é só brinquedos e chocolates e não podem apanhar correntes de ar, porque são mimadinhas. Então e agora, só porque os filhos podem ser obrigados a mudar de escola ao fim de um ciclo, ficam em pânico? Os apelos e cartazes que tenho visto, são de partir o coração. O bullying que o Estado está a fazer com os meninos parece ser pior do que se os enfiassem de cabeça para baixo num caixote do lixo. Dá vontade de pegar num dos petizes e levá-lo para casa, embrulhado num cobertor. Ora, o meu filho já andou em três escolas: do infantário para o primeiro ciclo e daqui para o segundo e lá se aguentou. Parece-me. Ou então, com tanto abanão, ainda se torna serial killer, a segunda pior coisa que lhe pode acontecer a seguir a filiar-se no CDS" (daqui via I)
"Um sujeito que foi um criminoso"???!!!... Mas, lá no PC, é assim que, hoje, se trata o Zé dos bigodes?... Cheira-me que o Marito vai ter de se autocriticar à brava na reunião de célula
Happy 75th birthday, Bob! (III)
"(...) I learned lyrics and how to write them from listening to folk songs. And I played them, and I met other people that played them, back when nobody was doing it. Sang nothing but these folk songs, and they gave me the code for everything that's fair game, that everything belongs to everyone. For three or four years, all I listened to were folk standards. I went to sleep singing folk songs. I sang them everywhere, clubs, parties, bars, coffeehouses, fields, festivals. And I met other singers along the way who did the same thing and we just learned songs from each other. I could learn one song and sing it next in an hour if I'd heard it just once. (...)
Last thing I thought of was who cared about what song I was writing. I was just writing them. I didn't think I was doing anything different. I thought I was just extending the line. Maybe a little bit unruly, but I was just elaborating on situations. Maybe hard to pin down, but so what? A lot of people are hard to pin down and you’ve just got to bear it. In a sense everything evened itself out. (...)
Ahmet Ertegun didn't think much of my songs, but Sam Phillips did. Ahmet founded Atlantic Records. He produced some great records: Ray Charles, Ruth Brown, LaVerne Baker, just to name a few. There were some great records in there, no doubt about it. But Sam Phillips, he recorded Elvis and Jerry Lee, Carl Perkins and Johnny Cash. Radical artists that shook the very essence of humanity. Revolutionaries with vision and foresight. Fearless and sensitive at the same time. Revolution in style and scope. Radical to the bone. Songs that cut you to the bone. Renegades in all degrees, doing songs that would never decay, and still resound to this day. Oh, yeah, I'd rather have Sam Phillips' blessing any day (...)" (Bob Dylan, MusiCares Person of the Year 2015 award's acceptance speech)
Happy 75th birthday, Bob! (I)
"My Back Pages" (Bob Dylan, Roger McGuinn, Tom Petty, Neil Young, Eric Clapton & George Harrison)
Toma e embrulha!
"Uma das coisas que hoje não se sabe, mas que é verdadeiro, é que o fascismo é um movimento de origem marxista. Pouquíssima gente sabe isto" (JRS - daqui)
22 May 2016
O Capelão Magistral, apavorado, enfrenta a Besta do Apocalipse mas o Salvador, fulgurantemente, aparece e tranquiliza-lhe o espírito inquieto: “Quiseram crucificar-me, mas eu ressuscitei sempre!”
21 May 2016
... ou uma variação para adultos
sobre o tema "Magalhães"
"O que se passa é que as pessoas se embasbacam com as novas tecnologias e se esquecem que elas podem ser particularmente úteis se forem combinadas com outras mais velhas tecnologias. Mas não, quer-se ser moderno e tudo para a frente! E o que se faz, é por deslumbramento e sem os cuidados necessários, e pode custar-nos muito mais do que os 30 milhões de euros" (JPP)
Assim, a probabilidade de eu deixar de fumar aumentaria seriamente (mas haveria que incluir alguns cromos locais)
20 May 2016
A propósito d'O Código da Vinci, não é impossível que o Dan Brown fosse grande, grande fã dos Jefferson Airplane:
Jefferson Airplane - "The Son Of Jesus"
19 May 2016
Mesmo que o objectivo seja amansar muçulmanos mauzinhos e domesticar islamófobos mauzões, convém não esquecer que os autocarros que fazem realmente falta são outros
18 May 2016
"(...) Mas estranho mais que D. Manuel Clemente tenha amputado a dimensão espiritual da solidariedade quando afirmou que 'solidariedade sem subsidiariedade, não o é de facto' ou, como diria qualquer laico menos erudito, 'honraria sem comedoria é gaita que não assobia'. Já tínhamos políticos defensores do liberalismo subsidiado. Temos agora um dignitário da Igreja defensor da solidariedade, desde que subsidiada. (...)" (Santana Castilho)
Tenham medo, tenham muito medo!... Aparentemente, até um pedaço de lixo de literatura de aeroporto como O Código Da Vinci, para se tornar legível por um público "young adult", precisa de ser remastigado em versão... err... simplificada
Agora, não digam que não foram avisados (XVI)... o que o Tó & CML e o ex-"sit-down comedian" querem é paz e harmonia no grande mercado da superstição religiosa
AJOELHAR
Como, pelo menos desde Cristóvão Colombo, bem sabemos, é perfeitamente possível, a partir de um ponto de vista errado, chegar a muito felizes resultados. I’ve Always Kept a Unicorn: The Acoustic Sandy Denny assenta numa ideia, no mínimo, controversa: seria em versão radicalmente a solo e acústica que as extraordinárias voz e sobrenatural capacidade interpretativa de Denny achariam o ponto ideal para delas podermos desfrutar integralmente. Apenas a relutância em deixar a voz demasiado exposta e o desejo de abrigá-la na companhia de outros músicos e timbres instrumentais a teriam impedido de aceitar a opinião dos muitos que procuraram convencê-la a dar esse passo. Assim, quase quatro décadas após a sua morte (em 1978, aos 31 anos), em I’ve Always Kept A Unicorn teríamos, finalmente, “o melhor álbum que ela nunca gravou”: reunindo registos ao vivo, de rádio e televisão, "demos" de canções posteriormente gravadas com os grupos de que fez parte (Strawbs, Fairport Convention, Fotheringay, The Bunch) ou nos álbuns a solo – todas, à excepção de três, já publicadas em diversas compilações mas aqui tematicamente agrupadas pela sua condição acústica –, os 40 temas acolhidos no duplo CD contituiriam a genuína obra-prima oculta que Sandy sempre se recusou a assinar.
Por trás deste conceito, encontra-se, claro, o persistente puritanismo estético "unplugged", segundo o qual, só totalmente despida de quaisquer adornos, uma peça musical pode revelar a sua mais profunda “verdade”. O que, no caso de Sandy Denny, nos conduziria, inevitável e estupidamente, a desvalorizar os magníficos What We Did On Our Holidays, Unhalfbricking e Liege & Lief (todos do prodigioso ano de 1969, quando, com os Fairport Convention, literalmente inventou o folk-rock britânico), o não menor Fotheringay (1970) e o mais que perfeito The North Star Grassman And The Ravens (1971), em nome individual. Na realidade, se Unicorn, obviamente, não afirma qualquer superioridade do modo acústico, o que, porém, fica é uma excepcional recolha de outros ângulos de escuta que, particularmente em "John The Gun", "She Moves Through The Fair", "North Star Grassman", "Quiet Joys Of Brotherhood" ou "Lowlands of Holland", nos obriga a ajoelhar, de novo, perante Sandy Denny.
17 May 2016
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