21 October 2015

"Se nos mantivermos calados em relação a Luaty Beirão, se com a nossa língua nada dissermos em defesa das injustiças por que passam os que a falam, discutir a lusofonia corre o risco de tornar-se num obsceno entretenimento de colonizadores e seus cúmplices. (...) Luaty Beirão não pode morrer. O seu heroísmo, decerto involuntário, desmascara a nossa cobardia" (Dulce Maria Cardoso)

6 comments:

alexandra g. said...

Não é só o Luaty, João, ele próprio, e recentemente, alertou para o colectivo. Magoa-me (é a palavra, dele, que eu sinto) que só o escutem/vejam a ele, como um símbolo de nada num país podre, tão necessitado de mais gente como ele, e há mais gente como ele, mas poucos se lhe referem, que o Luaty é demasiado bonito para que se olhem os outros.

Ele sabe, obviamente, magoa-o, que não pretendeu nunca ser símbolo de merda nenhuma, são mais, os símbolos. Chamam-se resistência.

(raramente assino petições, mas assinei ontem uma, pelo colectivo)

João Lisboa said...

Claro.

E "não pretendeu nunca ser símbolo de merda nenhuma" mas, irremediavelmente, é-o. O que, se devidamente entendido, nem tem mal nenhum.

alexandra g. said...

Não é nada irremediável, mas comporta muito mal...ou teremos que relativizar a resistência à beleza física, o que nos ficará, a todos, a preço de Isabelinha, a da cadeia de hipermercados 'futuros'.

Embora contratar agências de imagem?...

João Lisboa said...

Mas ele não se tornou "um símbolo" por ser bonito, isso já era antes. Tornou-se por ter iniciado a greve de fome com todas as consequências que isso implica.

João Lisboa said...

Já agora: o texto da DMC era mais sobre linguagem e identidade do que acerca do LB.

alexandra g. said...

Ainda não li o texto da DMC, por uma razão estúpida e concreta: o meu portátil é de uma lentidão exasperante. Tenciono lê-lo, claro, pelo enorme respeito que ela me merece (e, se há coisa que já sabes de mim, pelo que vou debitando, é que não é um desacordo que me faz perder o, e repito, enorme respeito que sinto por alguém).

Voltando ao que escrevi ontem, lembrei-me do Varoufakis, com o qual já 'brinquei' muitas vezes (um post com qq coisa como "I'm in love with a Greek Finance Minister", etc., etc., etc., outros posts, enfim). Mantendo a minha opinião de que se trata de um homem com um magnetismo sexual muito poderoso, aquilo que nele continua a ser (muito) mais magnético são as ideias e a coerência: viu-se cedo que se marimbou (aqui, colocaria um alerta para o cuidado com que devemos ler palavras menos, como dizê-lo?, ortodoxas) para o cargo de Ministro, mas que causou mossa(s), causou, e também por isso. Mais, manteve uma integridade enorme até quando declarou que, dos diversos interlocutores no EG, etc., o Schauble (não irei à cata da ortografia correcta, que eu quero mesmo é que ele vá dar banho ao cão) foi dos seus preferidos, que nunca lhe escondeu as intenções. Com o Luaty temos aquilo a que chamaria de necessidade colectiva de um herói, coisa nojenta, no meu entender, a tal da necessidade colectiva. Nem um nem outro o querem ser, mesmo tratando-se de pessoas distintas em situações com alguns (...) pontos de contacto. Não li ainda o texto da DMC, mas aquilo do "involuntário" soa-me estranho. Fico-me por aqui, tenho que ler o artigo.