E, depois da Nelly Furtado, um pouco mais de promiscuidade
30 April 2014
29 April 2014
Duccio - "A Anunciação" (1308/1311 - noutra versão aqui)
Assim, não há condições para se trabalhar, pá! Uns a quererem criar bom ambiente, outros a darem cabo de tudo...
HEREGES & SANTOS
“Somos todas Pussy Riot!”, foi o grito de guerra de Kathleen Hanna, em Agosto de 2012, na véspera da decisão final do julgamento que condenaria Nadia Tolokonnikova, Maria Alyokhina e Katia Samutsevich a 2 anos de prisão por terem desafiado publicamente Vladimir Putin com a "Punk Prayer" urrada na catedral de Cristo Redentor, de Moscovo. Mas seria igualmente verdade se Nadia, Maria e Katia tivessem declarado “Somos todas Bikini Kill!”. Fizeram-no, aliás, pouco antes da performance que lhes traria notoriedade mundial: “O que temos em comum é a insolência, as letras politicamente carregadas, a importância do discurso feminista e uma imagem feminina não convencional. A diferença é que as Bikini Kill actuavam em salas de concerto e nós em lugares proibidos. O movimento riot grrrl estava intimamente associado à cultura ocidental cujo equivalente não existe na Rússia”.
The Punk Singer, de Sini Anderson, um dos mais vibrantes documentários que serão exibidos no IndieLisboa 2014, conta a história de Kathleen Hanna (e, por arrasto, das Bikini e demais riot grrrls, jovens feministas punk radicais norte-americanas, da década de 90), ex-stripper que, tendo-se dedicado, inicialmente, ao "spoken word", optou pela modalidade “feminism and punk rock in the same sentence” após uma conversa com Kathy Acker. A atitude era violentamente confrontacional (“I have a fucking right to be hostile and I’m not gonna sit around and be peace and love with somebody’s fucking boot on my neck”), os fanzines e manifestos encarregavam-se da agit-prop (“I believe with my wholeheartmindbody that girls constitute a revolutionary soul force that can, and will change the world for real”) e, em conjunto com as Huggy Bear, Sleater-Kinney ou Bratmobile, sob a aprovação de figuras tutelares como Kim Gordon, dos Sonic Youth, e Joan Jett – todas depondo para o doc –, das Bikini para The Julie Ruin e Le Tigre (“a feminist party band”), aprofundaram aquela via que as Slits, Au Pairs, Patti Smith, Raincoats, Lydia Lunch e outras pioneiras haviam desbravado.
Outro padroeiro da história punk, Alan Vega (Suicide), surge também numa espécie de "extended videoclip" – Just a Million Dreams, de Marie Losier –, num registo doméstico algo deprimente, no qual o quase octogenário Vega, acompanhado do filho pré-adolescente e da esposa formato-MILF, faz esgares para a câmara, posa lendo uma biografia dos Suicide por entre maquinas de lavar roupa, vagamente ensaia na sala para um concerto (?) de que apenas enxergamos os segundos finais, debita frases do estilo “It’s so hard to be an artist, very hard to be revolutionary” e dependura um boneco de Elvis na árvore de Natal.
Já claramente no domínio da hagiografia, Springsteen & I, de Baillie Walsh, é uma colagem de testemunhos e confissões "homemade" de fãs de Bruce que abre com o próprio, em palco, em jeito de "preacher man", interrogando as massas “Can you feel the spirit?” e prossegue, em regime de acumulação: “Quando ele canta, percebe-se o esforço pelas veias inchadas do pescoço” diz uma miúda de 10 anos, recitando os santos valores da ética do trabalho; uma mãe confessa que mostrava ao filho as imagens sagradas de Bruce e lhe dizia que eram fotos do pai; outros exibem relíquias e memorabilia e aqueles que lhe viram o branco dos olhos ou, suprema beatitude!..., chegaram a tocá-lo, contam as suas histórias coroadas por acessos de pranto convulsivo; há quem revele que perdeu a virgindade ao som da Sua música, e tudo se resume – matéria de fé – em “You believe in Bruce, Bruce believes in you”. Springsteen é demasiado grande para precisar disto.
(Programação IndieMusic do IndieLisboa 2014)
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my father
was a truly amazing man
he pretended to be
rich
even though we lived on beans and mush and weenies
when we sat down to eat, he said,
“not everybody can eat like this”
and because he wanted to be rich or because he actually
thought he was rich
he always voted Republican
and he voted for Hoover against Roosevelt
and he lost
and then he voted for Alf Landon against Roosevelt
and he lost again
saying, “I don’t know what this world is coming to,
now we’ve got that god damned Red in there again
and the Russians will be in our backyard next!”
I think it was my father who made me decide to
become a bum.
I decided that if a man like that wants to be rich
then I want to be poor.
and I became a bum.
I lived on nickles and dimes and
in cheap rooms and on park benches.
I thought maybe the bums knew something.
but I found out that most of the bums wanted to be
rich too.
they had just failed at that.
so caught between my father and the bums
I had no place to go
and I went there fast and slow.
never voted Republican
never voted.
buried him
like an oddity of the earth
like a hundred thousand oddities
like millions of other oddities,
wasted.
Charles Bukowski, in Septuagenarian Stew, 1994 (daqui)
28 April 2014
"Com cerca de 20 minutos de avanço em relação à hora prevista" e mais ou menos 3 anos de atraso em relação ao desejável, o aeroporto de Beja regressou à vida durante apenas meia hora. "Depois voltaram a encerrar-se as portas e o silêncio tomou conta de um equipamento que custou 33 milhões de euros e para o qual a ANA-Aeroportos de Portugal não vislumbra movimentos dignos de nota". Mas, "a partir de 2017/2018" é que vai ser!!! (momento em que o visionário director, Pedro Beja Neves, ex-orientador de pós-graduações em Concepção e Gestão Aeroportuária, no ISEC, após 7 anos de indispensável aquecimento, gritará, por fim, "Heathrow, kiss my ass!")
27 April 2014
Procurando sempre enriquecer o vocabulário, acrescentem-se estes novos contributos de procedência oriental
Sob a aprovação do grande líder para o turismo da ONU, o Santo Chiquinho, na Cimeira dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, não deu tréguas no combate às contrafacções do "merchandising" da Vaticano S.A. e confirmou que "em todas as épocas, o Espírito Santo preservou a empresa do erro do magistério supremo". Impõe-se, por tudo isso (e não só), a reposição integral do "label" Kinky Wojtyla
DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO (IX)
The church has only one
commandment, and it is: "Thou shalt not procreate".
This means NO BREEDING!
Procreation is grounds for immediate excommunication.
Some related guidelines for good living follow:
The Four Pillars:
Suicide (suicide is optional, but encouraged);
Abortion (abortion may be required to avoid procreation);
Cannibalism (cannibalism is mandatory if you insist on eating flesh);
Sodomy (sodomy is optional, but strongly encouraged).
26 April 2014
Como chamar-lhe? The scene that celebrates itself? Os quatro cavaleiros do Apocalipse? Os 4 Ps do marketing? (convém, no entanto, ter cuidado porque, a um deles, pode dar-lhe para os milagres em directo)
Benjamin West - “Death on a Pale Horse” (1796)
É concentradamente foleiro na variante "kitsch folclórico-industrial" (embora não deva ter sacado tanto ao orçamento de Estado como o colega Tony Carreira)
25 April 2014
24 April 2014
... e foi assim que, após uma tumultuosa história durante a qual o Sagrado Prepúcio se aconchegou entre as cabeças de Pedro e Paulo, tendo ido parar a Calcata - "maybe the grooviest village in Italy, home to a wacky community of about 100 artists, bohemians, aging hippies and New Age types" -, não é de excluir a hipótese de que tenha sido fumado, proporcionando deleitosos êxtases de potência, quiçá, comparável aos da irmãzinha Agnes-boquinha-santa ou da Teresinha-do-dardo-com-a-ponta-em-fogo
"Maaan... wanna get high on JayCee's sweet dong?...."
Para que não restem dúvidas de que Kinky Wojtyla era mesmo, mesmo, santo
A graça do Sinhor, por intercessão de Kinky Wojtyla, cai sobre os seus filhinhos
"Uma hora antes de os outrora desavindos Presidentes voltarem a sentar-se à mesma mesa, aconteceu 'um momento sublime de reconciliação', assim descrito por Eduardo Lourenço. O tema era O Marcelismo e a Transição para a Democracia e juntava, na mesma mesa, embora em cadeiras afastadas, Ana Maria Caetano, psicóloga, que retratou Marcello enquanto 'pai, cidadão e professor' e Otelo Saraiva Carvalho. (...) Otelo, no fim, decidiu cumprimentar Ana Maria Caetano. Ela estendeu-lhe a mão. Ele a cara. Beijaram-se" (aqui)
Não percamos o fio à maravilhosa história do Sagrado Prepúcio e aprendamos o que, em De Praeputio Domini Nostri Jesu Christi Diatriba, o sapientíssimo Leo Allatius, bibliotecário da Vaticano S. A. no sec. XVII, sobre ele, descobriu
(visionamento da imagem autorizado apenas a maiores de 18 anos)
23 April 2014
BURROUGHS
Steely Dan. Nova Mob. Thin White Rope. “Interzone”. The Soft Machine. Matching
Mole. Heavy Metal. 23 Skidoo. The Soft Boys. Bandas, géneros, canções, nomeados a
partir de textos de William Burroughs. Tzara e os dadaístas já tinham criado poemas a
partir de palavras retiradas, ao acaso, de um chapéu. Os surrealistas celebraram os
“encontros fortuitos” e os “cadavres exquis” e Jean Cocteau encomendava, a George
Auric, música para sequências específicas dos seus filmes e, depois, distribuía-a,
aleatoriamente, jogando com aquilo a que chamava “sincronia acidental”. Mas foi no nº
9 da Rue Gît-le-Coeur, em Paris, o decrépito “Beat Hotel” onde, entre 1957 e 1963,
pararam também Gregory Corso e Allen Ginsberg, que Brion Gysin e Burroughs, por
descuido – ao cortar folhas de papel de desenho, Gysin fatiou também algumas páginas
de jornal cujos recortes recompôs ignorando os originais –, tropeçaram no "cut-up" (e, a
seguir, no "fold-in", no "inching", no "drop-in"), menos técnicas literárias do que telescópios
mentais ("When you cut into the present the future leaks out") e estratégia de guerrilha
contracultural, dedicada, "à la" Rimbaud, tanto a desregular os sentidos como a sabotar as
“máquinas de controlo” (“Smash the control images. Smash the control machine”).
A
cultura pop, ávida de infracção e experimentalismo, acolheu de braços abertos o "upper
class junkie", de fato completo, gravata e chapéu, homossexual, literato, homicida por
acidente, autor de Naked Lunch e The Nova Trilogy, proto-inventor do "sampling":
Debbie Harry, Patti Smith, Joe Strummer, Lou Reed, foram ao beija mão, em Nova
Iorque, nos anos da "no wave"; Tom Waits co-escreveu com ele a ópera The Black
Rider; Hal Willner, em Dead City Radio, convocou John Cale, Sonic Youth, Donald
Fagen e outros para lhe encenarem os textos; R.E.M, Cobain, Laurie Anderson,
Disposable Heroes of Hiphoprisy gravaram com ele; Bowie, em "Sweet Thing", de Diamond Dogs,
recorreu ao "cut-up" e, Paul McCartney fez questão que Burroughs figurasse na capa de Sgt. Pepper, inclinando a cabeça sobre Marylin. Morto em 1997, completaria, em
2014, 100 anos. Em Burroughs100, está o calendário completo das
comemorações internacionais. Em 2012, foi a vez do centenário de John Cage.
Celebramos, como é justo, os génios do século XX. Mas convinha irmos também
começando a detectar os do século XXI.
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Milo Manara
E, porque vem sempre a propósito, a história do bico divino de Agnes Blannbekin: "The Austrian nun Agnes Blannbekin joined the Third Order of Saint Francis in Vienna in 1260 and for the rest of her life refused to eat meat, claiming the body of Christ was enough meat for her. She wasn’t joking!
She claimed to taste Christ while eating the Eucharist and described drinking a 'refreshing spiritual drink' from the spear wound of Jesus. She would have orgasms whenever Jesus appeared to her.
She was obsessed with the Holy Prepuce and claimed to have felt the foreskin of Jesus in her mouth.
Her visions were transcribed by a Franciscan monk and he records: “Crying and with compassion, she began to think about the foreskin of Christ, where it may be located [after the Resurrection].
And behold, soon she felt with the greatest sweetness on her tongue a little piece of skin alike the skin in an egg, which she swallowed.
After she had swallowed it, she again felt the little skin on her tongue with sweetness as before, and again she swallowed it.
And this happened to her about a hundred times. And when she felt it so frequently, she was tempted to touch it with her finger.
And when she wanted to do so, that little skin went down her throat on its own. And it was told to her that the foreskin was resurrected with the Lord on the day of resurrection.
And so great was the sweetness of tasting that little skin that she felt in all [her] limbs and parts of the limbs a sweet transformation”.
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22 April 2014
Vá... como diz a minha Maria, não se zanguem, sejam amiguinhos, toca a dar um beijinho e um abraço...
21 April 2014
DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO (VIII)
O Reino dos Céus ou o Culto do Bule de Chá de
Ariffin Mohamed (aliás, Jesus, Buda, Shiva e Maomé)
A esquerda unir-se = PS reciclar-se = PSD mudar de líder?
(o tipo droga-se?... *)
Freitas pede novo partido ("ou a esquerda se une, ou o PS se recicla ou o PSD muda de líder. Se nada disso acontecer, então o povo português vai ter que ser capaz de criar um novo partido que ajude a refazer o sistema partidário português")
* a verdade é que foi ele quem descobriu vikings na Finlândia...
... e a ex-mandatária de Sócrates para a Juventude & as Cerejas continua a revelar traços surpreendentes da sua personalidade
Sem ir ler no interior (dog forbid), para além do já registado, primeira página até foi só uma
("JN")
... mas ainda houve outra alusãozinha bíblica:
... e (agora, na "imprensa de referência") ainda...
20 April 2014
Uma aposta que, amanhã, mui imaginativamente, os títulos de jornais esgotarão todas as hipóteses combinatórias possíveis de "Jesus", "ressurreição" e "Páscoa"?
Edit:... aliás, já começou...
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