20 March 2013

LER TUDO, SFF
 
Norman Rockwell - "Freedom Of Speech"

"(...) Pode ser porque eu dou valor às palavras - uma sinistra manifestação da condição suspeita de intelectual - que me repugna, enoja, irrita, indigna, encanita, faz-me passar do sério, a sua sistemática violação pelo governo. Violação, exactamente como as outras violações. Devia haver uma lei não escrita para punir a violência feita com as palavras e pelas palavras, como há com a violência doméstica, a violência contra os mais fracos, o abuso do poder. Devia haver uma lei não escrita para punir o envenenamento das palavras pela desfaçatez lampeira, a esperteza saloia. 

De novo, pela pecha de ser intelectual, - um estado miserável nos dias de hoje, 'treinador de bancada', 'comentador', 'opinador', 'achista', 'inútil', 'velho do restelo', 'negativista', ou qualquer outra variante das palavras com que hoje o poder e os seus serviçais entendem diabolizar o debate público que não lhes convém - é que me repugna, enoja, irrita, indigna, encanita, faz-me passar do sério, a sistemática tentativa de nos enganar, de nos tomar por parvos, de nos despachar com um qualquer truque verbal destinado a dizer que uma coisa é diferente do que o que é, porque convém que não se perceba o que é (...)". (aqui)

4 comments:

alexandra g. said...

"Está tudo nas palavras" não é inteiramente verdade, mas no poema está númen, o que já quase ninguém diz (ou sabe o que é).


Concordo (sem cordas).

Táxi Pluvioso said...

Há sempre uma forma de o povo não ser tomado por parvo é, nestas eleições, votar em massa, com unanimidade, em Seara e Menezes (e nos outros mais pequenos) para mostrar a sua solidariedade para com o Parlamento, pelo seu bom trabalho em leis e na fiscalização dos Governos, se não fosse a Assembleia, hoje, estaríamos na bancarrota como os gregos.

Rita said...

Vou levar para as redes sociais :)

João Lisboa said...

Mosquiteiros?