06 December 2012

... já está tão difícil sair à rua sem passar por vergonhas, quanto mais ter ainda de lidar com a fronda de Moimenta vs. Travanca... 


Edit 1: ... voilá!

Edit 2: ... pois...

5 comments:

alexandra g. said...

As juntas de freguesia e as refregas entre freguesias mais não são que incubadoras mini de reprodução dos tiques de poder. Este estado neolítico da coisa teria um fim à vista se os rapazolas da rádio, por exemplo, mudassem de armas e bagagens para estas terras, enchendo-as de lufadas de descontração.

A mim, apetece-me tanto pregar um estalo no presidente da junta de nhónhó e na esposa (que, quando aparecem, se identificam de imediato pelo cargo; ele, enchendo o peito, de onde sobressai a gravata modernaça com um estampado de automóveis e de bigode eriçado, ela no alto dos sapatinhos de verniz e debaixo da franja de eterna catequista casta) como nesta equipa humorada de aeroporto à porta.



João Lisboa said...

Quer dizer que os munícipes de nhónhó sozinhos não chegam lá e precisam de um movimento migratório do povo das rádios, da capital do império em direcção a nhónhó, para passarem do Neolítico à Idade do Cobre?

alexandra g. said...

Não. Quero dizer que a ausência de interesse dos munícipes de lhulhu, fomfom, poimpoim e mesmo brrbrr ajudou a chegar a este estado das coisas em nhónhó, cujos habitantes não passam de objecto que fornece matéria para a paródia.

Promover pequenos fluxos (e não enxurradas, ou hordas) de migração para o interior do país (e dizer interior tb é matéria hilariante num país tão pequeno como este) é um trabalho que deveria já ter sido iniciado com a máxima seriedade.

Não calcula a tristeza de algumas festas por essas aldeias daí: um barraco montado com balcão para a cerveja e o vinho, onde aterram homens dos 20 aos 40 anos, uma pança descomunal e o rosto já malhado por elaborados sistemas radiculares de alcool. Do outro lado do barraco, as mulheres, naquela pose de espera ansiosa, enchendo-se de filhós e pão com chouriço, algumas ousando um decote farto, deixando que sob as blusas de viscose apertada se soltem as barrigas que sobraram da última gravidez. Pó, Tony Carreira, balões do Noddy, os filhos pequenos dançando por entre os bancos improvisados com tábuas de pinho verde.

A par de tudo isto, a diferença quando chegam, para viver por cá, pessoas de outros lugares e os reflexos muito positivos dessa chegada nos comportamentos das pessoas da terra.

E o acolhimento de outras, o que dificilmente acontece na capital do império :P

João Lisboa said...

"Não calcula a tristeza de algumas festas por essas aldeias daí"

Calculo, sim.

"Promover pequenos fluxos (e não enxurradas, ou hordas) de migração para o interior do país (e dizer interior tb é matéria hilariante num país tão pequeno como este) é um trabalho que deveria já ter sido iniciado com a máxima seriedade"

Mas esses pequenos fluxos só podem ser promovidos pelos responsáveis de nhónhó, lhulhu, fomfom, poimpoim e mesmo brrbrr... que sejam capazes de criar polos de atracção locais capazes de seduzir os urbanos empedernidos que não vão lá só por "militância" ou para fugir aos "horrores das grandes metrópoles" (que eu aprecio particularmente: uma semana sem snifar tubos de escape e entro em ressaca).

alexandra g. said...

Os polos de atracção já foram criados: um fórum por cidade, ou dois por dia, escoando gentes pelas melhores vias rodoviárias de acesso da Europa entretanto construídas.

Mas compreendo os tubos de escape, que não sou exclusivamente do 'campo' ou da 'cidade'.