POUPINHA NEO-ROMÂNTICA
Fanfarlo - Rooms Filled With Light
Se os Fanfarlo do inicial Reservoir (2010) se apresentavam como uma versão convenientemente aparada da pop descabeladamente barroca dos Arcade Fire, bem acompanhada, à época, pelos Mumford & Sons e Noah & The Whale, não se pode, de todo, dizer que os dois posteriores anos de crescimento lhes tenham sido benignos – tal como, já agora, não foram para os Noah, os que mediaram entre o óptimo The First Days Of Spring (2009) e Last Night On Earth (2011), peça inexplicavelmente insonsinha. Não há-de restar muita gente que ainda se deixe embalar pela velha cantilena do “difícil segundo álbum”: as “dificuldades” podem surgir em qualquer etapa e a história está repleta de excelentes segundos álbuns facilmente concretizados.
Porque, se algum problema existe, ele reside apenas nas decisões estéticas que se toma e as que passaram pelas cabeças de Simon Balthazar e cúmplices estiveram bastante longe de ser acertadas. Isto é, tentar converter a matriz anterior numa sua versão oitentamente recauchutada – pinceladas de sintetizador, polimento lustroso à la Roxy Music-modelo-lounge, acenos pouco decorosos aos Dexys Midnight Runners tal como as playlists os indexaram (aquela e só aquela banda que gravou "Come On Eileen"), ou, nos momentos mais embaraçosos, enlevos melódicos de poupinha neo-romântica – é o género de ideia que nunca deveria ter ocorrido a uma banda que retirou o seu nome de uma novela de Baudelaire. Não que o resultado seja insultuosamente vil (nos melhores trechos, aproxima-se de uma infusão descafeínada dos Divine Comedy) ou que, se apanhados, por acidente, no rádio, obriguem a saltar, em pânico, para o zapping. Mas apetecia outra coisa que não dissesse apenas bem com os cortinados.
Porque, se algum problema existe, ele reside apenas nas decisões estéticas que se toma e as que passaram pelas cabeças de Simon Balthazar e cúmplices estiveram bastante longe de ser acertadas. Isto é, tentar converter a matriz anterior numa sua versão oitentamente recauchutada – pinceladas de sintetizador, polimento lustroso à la Roxy Music-modelo-lounge, acenos pouco decorosos aos Dexys Midnight Runners tal como as playlists os indexaram (aquela e só aquela banda que gravou "Come On Eileen"), ou, nos momentos mais embaraçosos, enlevos melódicos de poupinha neo-romântica – é o género de ideia que nunca deveria ter ocorrido a uma banda que retirou o seu nome de uma novela de Baudelaire. Não que o resultado seja insultuosamente vil (nos melhores trechos, aproxima-se de uma infusão descafeínada dos Divine Comedy) ou que, se apanhados, por acidente, no rádio, obriguem a saltar, em pânico, para o zapping. Mas apetecia outra coisa que não dissesse apenas bem com os cortinados.
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