11 January 2012

EXOSQUELETO



"Conheço três maçons, arraia-miúda, mas bem instalados na vida. Um é, conforme calha, ora assessor, ora adjunto, anda nisto há que tempos, nunca passou a chefe de gabinete, muito menos a secretário de estado, desconfio, por isso, ser de competência miserável, nem a maçonaria o consegue puxar para cima. Outro, advogado de televisão, é metódico, inteligente, calculista, passo a passo fará o seu caminho, chegará a deputado da nação ou coisa que o valha. O outro não sei bem o que é, só sei que está em Valência, onde é presidente de uma instituição importante. Tem muito tempo livre que ocupa a tirar cursos de gastronomia: já aprendeu a confeccionar arroz à valenciana e semi-frio de torrão de Alicante.

São, sem excepção, de um aborrecimento constrangedor, espécie de insectos protegidos por um exosqueleto que lhes confere segurança e impunidade. Acreditam genuinamente no seu valor e isso, mais do que o resto, é que me causa estranheza. Em contrapartida, para compensar a monotonia de tal gente, conheço vagamente uma lésbica paquidérmica que, durante uma excursão às ilhas gregas, andou a papar a mulher do chefe de uma grande loja maçónica. É história que merece ser contada, com um ou outro pormenor da minha imaginação, que não sou capaz de a contar de outra maneira". (continua aqui)

(2012)

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