08 March 2011

RECORDAR É VIVER (XXXI)



"A gota de água foi a 17 de Abril de 1969. Durante a inauguração do edifício da matemática da Academia de Coimbra, Alberto Martins [actual ministro da Justiça], presidente da AAC (Associação Académica de Coimbra) pede a palavra ao presidente Américo Tomás, que tinha comparecido para fazer a inauguração. Alberto Martins deseja falar pelos alunos, mas o seu pedido é negado, e a cerimónia de inauguração é abruptamente encerrada". (daqui)

... sim, as circunstâncias não são exactamente iguais, mas também não são absurdamente diferentes.

(2011)

11 comments:

fallorca said...

Granda documento! Não terás acesso também ao do Celso Cruzeiro?

João Lisboa said...

... assim de repente... alguma sugestão?

Anonymous said...

"sim, as circunstâncias não são exactamente iguais, mas também não são absurdamente diferentes."

1º um foi eleito democraticamente, o outro não;
2º uma era uma cerimónia de Estado, a outra não;
3º num interrompeu-se de forma abrupta o discurso de outrém, no outro pediu-se a palavra.

... mas há, de facto, uma semelhança indesmentível: os dois visavam pessoa(s) que o autor deste blog não gosta e cuja deposição/demissão deseja urgente e ardentemente.

Anonymous said...

não gosta/gostava, deseja/desejava

João Lisboa said...

"1º um foi eleito democraticamente, o outro não;
2º uma era uma cerimónia de Estado, a outra não;
3º num interrompeu-se de forma abrupta o discurso de outrém, no outro pediu-se a palavra"

As duas primeiras são irrelevantes. A terceira: eles tentaram pedir a palavra; a "estrela da revolução líbia" - para o retrato - até tentou apelar à tolerância das hostes; mas ou a "estrela" já nem nos seguranças do PS manda ou foi mesmo para o retrato porque o desfecho foi o que se conhece.

"os dois visavam pessoa(s) que o autor deste blog não gosta e cuja deposição/demissão deseja urgente e ardentemente"

Uma certa: "os dois visavam pessoa(s) que o autor deste blog não gosta". Sem dúvida nenhuma.

Uma errada: "cuja deposição/demissão deseja urgente e ardentemente" - 1) parece-me que já não é necessário demitir o Tomás; 2) não desejo ardentemente demitir a "estrela" porque sei muito bem quem a irá substituir. Mas também a permanência dela não me traz felicidade alguma.

Irene Flunser Pimentel said...

João Lisboa, cheguei hoje ao teu blog. Lembro-me de ti.
estou de acordo: «as circunstâncias não são exactamente iguais»
Diria mais, são essencialmente (de essência) diferentes:, em 1969, vivia-se em ditadura. No dia seguinte, Alberto Martins foi preso pela PIDE.
Já agora, a chamada "crise de 1969" em Coimbra não terminou aí

fallorca said...

«a chamada "crise de 1969" em Coimbra não terminou aí»; é bem verdade, Irene

Irene Flunser Pimentel said...

wishfull thinking

João Lisboa said...

Viva!

Como imaginas, não ignoro que, em 69, se vivia em ditadura e, hoje, não. Mas as "circunstâncias" a que me refiro são as de, numa reunião pública perante governantes, alguém desejar usar da palavra e isso ser-lhe negado.

E há, aqui, algo de mais perversamente hipócrita: enquanto, em 69, as coisas se resolviam "à bruta", agora, por entre sorrisos, piadolas, apelos à "tolerância" e "convites para jantar", os manifestantes foram varridos para fora da sala sem cerimónias. Verdadeiramente patético é que tudo se pode testemunhar, sem lugar para ambiguidades.

E, depois, há coisas "de pele": ver/ouvir a estrela da revolução líbia a justificar-se com aquele facies onde só um cego de nascença não identifica a mentira em cada esgar é... pornografia pura.

Claro que a crise de 69 não terminou ali: no próprio link que está no post poderás ver que o texto continua.

Anonymous said...

"As duas primeiras são irrelevantes"
Tratava-se de uma reunião partidária. Eram filiados ou associados (não sei a palavra certa) do PS? Eram convidados?

O que eu vi foi alguém a interromper um discurso com um megafone. Pedir a palavra?! É para rir!

"parece-me que já não é necessário demitir o Tomás"
O João Lisboa leu o post seguinte?
(não sei que idade teria em 1969, mas se preferir, leia "deseja/desejaria")

João Lisboa said...

"Tratava-se de uma reunião partidária. Eram filiados ou associados (não sei a palavra certa) do PS? Eram convidados?"

Uma reunião partidária do partido do governo onde se encontrava o primeiro-ministro. Provavelmente, seria preciso convite, sim. Mas outro primeiro-ministro que não a estrela da revolução líbia não teria tido a inteligência (já só falo de inteligência, no caso, mera inteligência táctica) de lhes dar a palavra e até compor de uma forma menos repulsivamente hipócrita (os sorrisinhos, as graçolas, os inuendos) a sua imagem de arrogância obstinada?

(quando escrevi não reparei no seu comentário intermédio de correcção dos tempos verbais)