13 February 2011

O DELÍRIO DEMOCRÁTICO



"Não percebo por que razão * os políticos divagam e os jornais se entusiasmam. Não chegou o delírio democrático depois da queda do muro e do colapso da URSS, para perceber que uma insurreição popular não leva forçosamente a uma democracia? (...) Os manifestantes da praça Tahrir, um conjunto heterogéneo de descontentes, conseguiram de facto correr com Mubarak. Mas porque o Exército (nestas coisas, a Força Aérea e a Marinha não contam), que era o árbitro desde o primeiro momento, o abandonou. Foi o Exército que uniu a oposição e que, em última análise, tinha os meios de agir. Por muito que doa ao idealismo adolescente em moda, civis sem armas não derrubam ditaduras. (...)

O Ocidente continua a persistir que a democracia (a 'liberdade') é uma fórmula política. O pior é que não é - é uma forma de civilização, que mesmo na Europa levou dois séculos de conflitos, interno e externo, para se impor e que exige a existência prévia de uma cultura 'iluminista' (de qualquer espécie: francesa, inglesa ou alemã...) e de um Estado decididamente secular".
(Vasco Pulido Valente no "Público" de hoje)

* é aborrecido admiti-lo mas a razão é esta.

(2011)

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