01 February 2011

GLORIOSO, DENSO PUZZLE


The Phantom Band - The Wants

Há dois anos, Checkmate Savage, o álbum de estreia da Phantom Band, bem pode ter cumprido todos os mínimos (e alguns máximos) para merecer ser integrado na lista dos melhores de 2009, que, nem por isso – à excepção da benção publicamente oferecida por Peter Buck, dos R.E.M. – o mapa pop se deslocou um milímetro. Agora, The Wants parece (pelo menos, em território nacional) condenado a destino semelhante: publicado no último trimestre de 2010, só neste momento desembarca por estas paragens. O que deveria estimular o surgimento de uma vaga de fundo exigindo, por razões óbvias, a sua integração obrigatória – sim, ainda é cedo, mas há coisas que, de imediato, não deixam dúvidas – nos eleitos de Dezembro futuro. Como aconteceu com o anterior, o derrame crítico de louvores foi intenso mas algo parece continuar a interpor-se entre a óptima música da banda de Glasgow e o seu reconhecimento suficientemente alargado, para além da micro-tribo de devotos que a identifica como objecto a manter sob os radares.



E, contudo, apesar de não imediata e trogloditamente acessível, nada há de impenetravelmente hermético nesta soberba colisão de percussões motorikas aspiradas do universo "kraut" com adereços tímbricos menos correntes (balaphon, dulcimer, vibrafones, glockenspiel, banjo), ressonâncias dos primeiros Pink Floyd e arrebatamentos "à la" Bunnymen, elevações corais e, de um modo geral, uma espécie de glorioso e denso puzzle organizado por uma mente colectiva tão psicótica quanto regrada. Eles chamam-lhe “the soundtrack to our own personal apocalypse” mas esperemos que tenha melhor desfecho. Afinal, os National (apenas como recurso a um exemplo relativamente recente) também tiveram de ver passar despercebidas uma ou duas obras-primas até que o mundo se dignasse encará-los com alguma atenção...

1 comment:

soso said...

Morreu o John Barry. O resto é conversa!